Electrophone
O Electrophone foi um sistema de distribuição de áudio que funcionou no Reino Unido, principalmente em Londres, entre 1895 e 1925. Utilizando-se das linhas telefônicas convencionais, retransmitia apresentações teatrais e musicais ao vivo, além de serviços religiosos dominicais à audiência, que se utilizava de fones de ouvido especiais. O sistema acabou quando da ascensão da radiodifusão no início da década de 1920.
História
[editar | editar código-fonte]O Electrophone foi precedido por um sistema similar, denominado Théâtrophone, em Paris, França, cujas operações foram iniciadas em 1890. Em 1894, H. S. J. Booth formou a Electrophone Company, Ltd. com capital inicial de £ 20.000[2] e o serviço começou suas operações em Londres no ano seguinte, com Booth atuando como diretor-geral. Inicialmente, a companhia operou sob licença da National Telephone Company.
Para captar o conteúdo a ser difundido, vários microfones de carbono foram colocados nas luzes da ribalta dos teatros. Nas igrejas, os microfones eram disfarçados para se assemelharem a bíblias. Os assinantes residenciais recebiam fones de ouvido que eram conectados às linhas telefônicas convencionais. A cobrança anual era de £5, o que restringia a acessibilidade do serviço aos ricos. A rainha Vitória do Reino Unido estava entre os assinantes.[4] Em 1897 foram instalados telefones públicos em hotéis, que permitiam o acesso a alguns minutos de música por 6 pence.[5] Algumas linhas foram instaladas, gratuitamente, para uso de pacientes convalescentes em hospitais.[3]
Uma mesa telefônica manual, localizada na sede do serviço Electrophone em Londres, possuía ligações com os estabelecimentos que forneciam entretenimento e as igrejas que realizavam os serviços religiosos retransmitidos. Os assinantes ligavam para os operadores do Electrophone para terem suas linhas conectadas ao serviço desejado. Assinantes com duas linhas podiam usar a segunda linha para requisitar a mudança do tipo de programação ao longo da noite. Um anúncio de 1906 declarava que os assinantes podiam escolher entre 14 teatros — Aldwych, Alhambra, Apollo, Daly's, Drury Lane, Empire, Gaiety, Lyric, Palace, Pavilion, Prince of Wales's, Savoy, Shaftesbury e Tivoli — além de concertos no Queen's Hall e no Royal Albert Hall, e aos domingos, estavam disponíveis as transmissões dos serviços de 15 igrejas.[6]
Em 1912, as operações telefônicas foram transferidas para o controle do General Post Office. O sistema Electrophone pagava ao responsável geral uma taxa anual de £25 mais u royalty de meia-coroa (equivalente a 1/8 da libra esterlina pré-decimalização) por assinante. Em 1920, o serviço recebeu £11868 dos assinantes, com custos operacionais de £5866, já inclusos os royalties de £496. Os teatros recebiam 10 xelins (equivalentes a 1/2 libra) anuais por assinante conectado.[7]
Ainda que tenha durado razoavelmente, o Electrophone jamais foi além de uma audiência limitada. Em 1896 havia apenas 50 assinantes, que chegaram a 1.000 por volta de 1919 e a pouco mais de 2.000 no pico em 1923. No entanto, a competição com a radiodifusão causou um rápido declínio, caindo a 1.000 em novembro de 1924. No início de 1923, um diretor do sistema Electrophone foi citado: "levará muito tempo até que a radiodifusão por meios sem fio atinja o grau de perfeição já alcançado pelo Electrophone." No entanto, tal previsão mostrou-se exageradamente otimista, e, em 30 de junho de 1925 o Electrophone de Londres encerrou suas operações.[8] A menção ao termo "sem fio" se faz necessária para contrapor a radiodifusão ao sistema de transmissão pelos fios telefônicos empregado pelo Electrophone.
Um segundo sistema, muito menor, foi estabelecido em Bournemouth em 1903, mas o número máximo de assinantes chegou a apenas 62 em 1924. Esse sistema foi descontinuado em 1938, após ser verificado que no ano anterior havia apenas dois assinantes.[9]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ THOMPSON, Henry. "Telephone London" by Henry Thompson, in: London Living: Vol. III, edição por George R. Sims, 1903, p. 115.
- ↑ BRIGGS, Asa. "The Pleasure Telephone" In: The Social Impact of the Telephone, Ithiel de Sola, Editor, 1997, p. 41.
- ↑ a b "British Wounded Hear London's Musical Favorites", Musical America, 9 de junho 1917, p. 17.
- ↑ "The Queen and the Electrophone", The Electrician, 26 de maio 1899, p. 144.
- ↑ WRIGHT, J. "The Electrophone", The Electrical Engineer, 10 de setembro de 1897, p. 344.
- ↑ PARSONS, Denys. "Cable Radio — Victorian Style" New Scientist, 30 de dezembro de 1982, p. 794.
- ↑ Parsons (1982), pp. 795-796.
- ↑ "Entertainment by Wireless: The Future of the Electrophone", The Times, 10 de janeiro de 1923, p. 8.
- ↑ Parsons (1982), p. 796.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- "Cable Radio — Victorian Style" by Denys Parsons, New Scientist, 30 December 1982, pages 794-797.
- News and Entertainment by Telephone
- BBC - The 19th Century iPhone
- "The Pleasure Telephone" - BBC radio documentary