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Pós-estruturalismo: diferenças entre revisões

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* J. Derrida, ''Gramatologia'' 1967.
* J. Derrida, ''Gramatologia'' 1967.
* J. Derrida, ''A escritura e a diferença'' 1967.
* J. Derrida, ''A escritura e a diferença'' 1967.
* M. Foucault, A história da sexualidade vol.I - A vontade saber 1976.


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Revisão das 21h33min de 5 de novembro de 2016

O Pós-estruturalismo refere-se a uma tendência à radicalização e à superação da perspectiva estruturalista nas mais diversas áreas do conhecimento, sua emergência está relacionada, sobretudo, aos eventos contestatórios que marcaram a primeira metade do ano de 1968, em especial na França. No campo propriamente filosófico seus principais representantes são: Michel Foucault, Jacques Derrida, Gilles Deleuze, Jean-François Lyotard.

Também podem ser considerados pós-estruturalistas ou próximos às teses pós-estruturalistas Giorgio Agamben, Jean Baudrillard, Judith Butler, Félix Guattari, Julia Kristeva, Sarah Kofman, Philippe Lacoue-Labarthe e Jean-Luc Nancy.

O prefixo pós não é, todavia, interpretado como sinal de contraposição ao estruturalismo. De fato, esses pensadores levaram às últimas consequências os conceitos e desenvolvimentos do estruturalismo, até dissolvê-los no desconstrutivismo, construtivismo ou no relativismo e no pós-modernismo. O movimento pós-estruturalista está intimamente ligado ao pós-modernismo - embora os dois conceitos, conforme mencionou Michael Peters (2000), não sejam sinônimos. Nas palavras de Peters (2000, p. 12): "o Pós-estruturalismo tem sido, muito frequentemente, confundido com o termo afim, Pós-modernismo. Na verdade, alguns críticos chegam a argumentar que o conceito de Pós-estruturalismo deve ser subordinado ao de Pós-modernismo".[1] Para o autor, o Pós-modernismo, apesar de ter uma acepção histórica e filosófica, no geral, está relacionado aos movimentos artísticos do século XIX; já o Pós-estruturalismo, "é, decididamente, interdisciplinar, apresentando-se por meio de muitas e diferentes correntes[1]" (PETERS, 2000, p. 29).

O pós-estruturalismo instaura uma teoria da desconstrução na análise literária, liberando o texto para uma pluralidade de sentidos. A realidade é considerada como uma construção social e subjetiva, em perpétuo devir. A abordagem é mais aberta no que diz respeito à diversidade de métodos, neste sentido, "o Pós-estruturalismo não pode ser simplesmente reduzido a um conjunto de pressupostos compartilhados, a um método, a uma teoria ou até mesmo a uma escola. É melhor referir-se a ele como um movimento de pensamento - uma complexa rede de pensamento - que corporifica diferentes de prática crítica"[1] (PETERS, 2000, p. 29). Em contraste com o estruturalismo, que não afirma a independência e superioridade do significante em relação ao significado, para eles os dois são inseparáveis, os pós-estruturalistas não veem o significante e o significado como inseparáveis e sim como separáveis.

Não se trata exatamente de um movimento, e poucos desses pensadores aceitam o rótulo de 'pós-estruturalista' - criado por outros para designar genericamente um conjunto de diferentes reações ao estruturalismo. Consequentemente, nenhum dos ditos pós-estruturalistas se sentiu na obrigação de elaborar um "manifesto" do pós-estruturalismo.[2]

Como corrente filosófica, embora não constituindo propriamente uma "escola", o pós-estruturalismo carateriza-se pela recusa em atribuir ao cogito cartesiano, ao sujeito ou ao homem, qualquer privilégio gnoseológico ou axiológico, privilegiando, em vez disso, uma análise das formas simbólicas, da linguagem, mais como constituintes da subjetividade do que como constituídas por esta.

São típicas da abordagem pós-estruturalista a retomada dos temas nietzschianos, como a crítica da consciência e do negativo (por Deleuze) ou o projeto genealógico (por Foucault), a radicalização e a superação da valorização ontológica da linguagem heideggeriana e uma perspectiva anti-dogmática e anti-positivista. De modo geral, os pós-estruturalistas rejeitam definições que encerrem verdades absolutas sobre o mundo,[3] pois a verdade dependeria do contexto histórico de cada indivíduo.

Como mencionado, o conceito de pós-estruturalismo "pode" ser, ou não, interligado ao de pós-modernismo (verificando que pós-modernismo é referido a movimentos culturais, não políticos e sociais), aos quais, os últimos, retrata a ruptura com os grandes esquemas metanarrativos que pretendem explicar ou significar o mundo social, mas, em sua grande pretensão, não explicam nada (retoricamente vazio). Assim, é possível dizer que o pós-estruturalismo não condiz com o positivismo, já, que o mesmo, se utiliza de metateorias para embasar esquemas teóricos de pré-conceituação de uma certa visão de mundo que retrata o social como coisa.

Em relação a abordagem nietzschiana, exitem dúvidas, pois, a crítica da consciência não significa eliminá-la, ao contrário, mas, transformá-la, considerando o fator sócio-histórico em que a problemática esta inserida ao discernir um determinado assunto. Ao contrário da genealogia de Foucault, que incide em desconstruir justamente os grandes esquemas metanarrativos, pondo um "ponto" no significante e libertando a pluralidade de significados. Assim, pode haver alguma intersecção entre pós-estruturalismo e modernidade, ou não, se, se considerado o inverso da penúltima afirmação do referido texto, pois, as duas vertentes consideram exatamente o contrário, não pretendem "rejeitar definições que encerrem verdades absolutas sobre o mundo", mas, sim, rejeitam definições que pretendem ser verdades absolutas sobre o mundo, já, que se trata exatamente da diferença entre estruturalismo X pós-estruturalismo e modernidade X pós-modernidade.

Referências

  1. a b c Peters, Michael (2000). Pós-estruturalismo e filosofia da diferença. Belo Horizonte: Autêntica. 29 páginas 
  2. Harrison, Paul; 20016; "Post-structuralist Theories"; pp122-135 in Aitken, S. and Valentine, G. (eds); 2006; Approaches to Human Geography; Sage, London; Johannes Angermuller : Why There Is No Poststructuralism in France. The Making of An Intellectual Generation. London: Bloomsbury, 2015.
  3. Derrida, Jacques; 1983; "Letter to a Japanese Friend"; pp271-276 in Derrida, Jacques; Kamuf, Peggy (ed.); 1991; A Derrida Reader: Between the Blinds; Harverster Wheatsheaf; Hemel Hempstead; ISBN 0-7450-0991-3

  • R. Barthes, S/Z 1970.
  • R. Barthes, A morte do autor
  • H. K. Bhabha, O local da cultura 1994
  • G. Deleuze, Nietzsche e a filosofia 1962.
  • G. Deleuze, Diferença e repetição 1968.
  • G. Deleuze e F. Guattari, O anti-Édipo (vol.I de "Capitalismo e esquizofrenia") 1972.
  • G. Deleuze e F. Guattari, Mil platôs (vol. II de "Capitalismo e esquizofrenia") 1980.
  • G. Deleuze e F. Guattari, O que é a filosofia? 1991.
  • J. Derrida, Gramatologia 1967.
  • J. Derrida, A escritura e a diferença 1967.
  • M. Foucault, A história da sexualidade vol.I - A vontade saber 1976.

Ver também

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