Jean Baudrillard

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Jean Baudrillard
Jean Baudrillard
Nascimento 27 de julho de 1929
Reims, França
Morte 6 de março de 2007 (77 anos)
Paris, França
Sepultamento Cemitério do Montparnasse
Nacionalidade Francês
Cidadania França
Cônjuge Lucile Baudrillard, Marine Dupuis
Alma mater
Ocupação acadêmico, escritor, fotógrafo
Empregador(a) European Graduate School
Obras destacadas Sistema de Objetos
Principais interesses Estudos culturais, Sociologia, Antropologia, Política, Comunicação,Fotografia, Literatura
Movimento estético pós-estruturalismo, decrescimento

Jean Baudrillard (Reims, 27 de julho de 1929Paris, 6 de março de 2007) foi um sociólogo e filósofo francês.[1]

Vida[editar | editar código-fonte]

Jean Baudrillard nasceu em Reims, nordeste da França, em 27 de julho de 1929. Segundo declarou em entrevistas, seus avós eram camponeses, e seus pais eram funcionários públicos. Durante os seus estudos do ensino médio no Lycée Reims, ele entrou em contato com a patafísica (através do professor de filosofia Emmanuel Peillet), que é considerada crucial para a compreensão do pensamento posterior de Baudrillard.[2] Ele se tornou o primeiro de sua família a cursar uma universidade quando se mudou para Paris e ingressou na Sorbonne.

Enfrentou uma época bastante conturbada em seu país, durante a depressão da década de 1930. Sua biografia é de difícil acesso, tanto pela inexistência de documentos sobre ele, quanto por sua personalidade reservada, pois resguardava exageradamente sua privacidade.[3]

Sociólogo, poeta e fotógrafo, este personagem polêmico desenvolve uma série de teorias que remetem ao estudo dos impactos da comunicação e das mídias na sociedade e na cultura contemporânea.[3] Partindo do princípio de uma realidade construída (hiper-realidade), o autor discute a estrutura do processo em que a cultura de massa produz esta realidade virtual.

Suas teorias contradizem o discurso da "verdade absoluta" e contribuem para o questionamento da situação de dominação imposta pelos complexos e contemporâneos sistemas de signos. Os impactos do desenvolvimento da tecnologia e a abstração das representações dos discursos são outros fenômenos que servem de objecto para os seus estudos.[1] Sua postura profética e apocalíptica é fundamentada através de teorias irônicas que têm como objectivo o desenvolvimento de hipóteses e polêmicas sobre questões actuais e que refletem sobre a definição do papel que o homem ocupa neste ambiente.

Para Baudrillard, o sistema tecnológico desenvolvido deve estar inserido num plano capaz de suportar esta expansão contínua. Ressalta que as redes geram uma quantidade de informações que ultrapassam limites a ponto de influenciar na definição da massa crítica. Todo o ambiente está contaminado pela intoxicação midiática que sustenta este sistema. A dependência deste "feudalismo tecnológico" faz-se necessária para que a relação com dinheiro, os produtos e as ideias se estabeleça de forma plena. Esta é a servidão voluntária resultante de um sistema que se movimenta num processo espiral contínuo de auto-sustentação.[3]

A interactividade permite a integração de elementos que antes se encontravam separados. Este fenómeno cria distúrbios na percepção da distância e na definição de um juízo de valor. As partes envolvidas encontram-se tão ligadas que inibem a representação das diferenças transmitida por elas. A máquina representa o homem que se torna um elemento virtual deste sistema. As representações são simuladas num ambiente de redes que fornecem uma ilusão de informações e descobertas. Tudo é previamente estabelecido: "O sistema gira deste modo, sem fim e sem finalidade", diz o autor. Devido à sociedade tecnocrática e ao poder dominador dos meios de comunicação, a vida humana acaba se tornando uma "realidade virtual".

Como poeta e fotógrafo, desenvolveu, em paralelo ao seu trabalho teórico, intensa atividade artística, com inúmeras exposições pela França e pelo mundo.

Baudrillard consolidou a fama em 1991, com a provocação de que a Guerra do Golfo "não ocorreu", argumentando que nenhum lado poderia cantar vitória e que o conflito não alterou nada no Iraque.[3] Dez anos depois, no ensaio "O Espírito do Terrorismo", voltou a causar controvérsia, ao descrever os ataques de 11 de Setembro de 2001 nos E.U.A. como expressão da "globalização triunfante combatendo a si mesma". Sobre o episódio, escreveu no ano seguinte Réquiem para as Torres Gémeas.[1]

A imagem fotográfica afasta ou atrai a população da realidade? A questão foi levantada por Baudrillard em São Paulo, em 2000, num seminário sobre imagem e violência.

Baudrillard foi uma fonte de inspiração das irmãs Wachowski na trilogia de Matrix. O personagem hacker Neo (Keanu Reeves) guardava seus programas de paraísos artificiais no fundo falso do livro Simulacros e Simulação, de Baudrillard. O filósofo dizia não gostar do filme, considerando Matrix como uma leitura ingênua da relação entre ilusão e realidade. "Os diretores se basearam em meu livro, mas não o entenderam", disse o filósofo certa vez.[1]

Faleceu em 2007, aos 77 anos de idade.[1]

Principais obras[editar | editar código-fonte]

  • O sistema dos objetos. (1968).
  • A Sociedade de Consumo. Lisboa, Edições 70 (1970).
  • Espelho da Produção. (1973)
  • O efeito Beaubourg: implosão e dissuasão (1977)
  • A L'Ombre des majorités silencieuses ou la fin du social; L' extase du socialisme. Éditions Denöel/Gonthier, (1978). Em português: À sombra das maiorias silenciosas, o fim do social e o surgimento das massas. São Paulo, Brasiliense, (1985).
  • Simulacres et simulation. Paris, Éditions Galilée (1981). Em português: Simulacros e Simulação. Lisboa, Relógio d'Água, (1991).
  • Les Stratégies Fatales. Paris, Grasset & Fasquelle, (1983). Em Português: As Estratégias Fatais. Lisboa, Estampa, (1990). Edição no Brasil, Rio de Janeiro, Rocco, (1996).
  • Esquecer Foucault. Rio de Janeiro, Rocco, (1984).
  • Partidos Comunistas: paraísos artificiais da política. Rio de Janeiro, Rocco, (1985).
  • América. Rio de Janeiro, Rocco, (1985).
  • A Transparência do Mal: Ensaio sobre os fenômenos Extremos. Campinas, Papirus, (1990).
  • Da Sedução. Campinas, Papirus, (1991).
  • Cool Memories. Rio de Janeiro, Espaço e Tempo (1992)
  • Para uma crítica da economia política do signo. Lisboa, Edições 70, (1995).
  • Cool Memories II. São Paulo, Estação Liberdade, (1995).
  • Tela Total: mito-ironias do virtual e da imagem, Porto Alegre, Sulina, (1997).
  • O Paroxista indiferente. Rio de Janeiro, Pazulin, (1999).
  • A troca impossível (1999)
  • O lúdico e o policial (2000)
  • Cool Memories III. São Paulo, Estação Liberdade, (2000).
  • A Ilusão vital. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, (2001).
  • Power Inferno ; Requiem pour les Twins Towers ; Hypothèse sur le terrorisme ; La violence du Mondial, éditions Galilée, (2002) - Em português: Power Inferno; Réquiem para as Twins Towers ; Hipóteses sobre o terrorismo ; A violência do global Porto Alegre, Sulina, (2003).
  • De um Fragmento ao Outro, São Paulo, Zouk, (2003).
  • L’Ange de Stuc - O anjo de estuque; poesia e fotografia Edição bilíngue - Porto Alegre, Sulina, (2004).

Entrevistas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e «Morre o filósofo Jean Baudrillard». O Globo. Globo.com. Consultado em 27 de julho de 2012 
  2. Francois L'Yvonnet, ed., Cahiers de l'Herne special volume on Baudrillard, Editions de l'Herne, 2004, p.317
  3. a b c d «Jean Baudrillard - Biografia». UOL - Educação. Consultado em 27 de julho de 2012 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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