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Gruta da Lagoa Azul, conhecida também como Gruta dos Fósseis, é uma cavidade natural localizada em área privada no município de [[Cocalinho]], porção leste do Mato Grosso, na qual há no seu interior um [[lençol freático]] que sugestivamente ocupa a maior parte de seus ductos. Sua singularidade se dá pois ela é a única das oito cavernas na região que, além desta característica, apresenta materiais arqueológicos submersos e em superfície, logo no seu [[pórtico]], ou seja, na sua região de entrada<ref name=":0">HARDT, Rubens (2005). [http://www.bibliotecadigital.gpme.org.br/bd/consideracoes-geomorfologicas-sobre-o-carste-de-cocalinho-mt/ Considerações geomorfológicas sobre o Carste de Cocalinho - MT.] ''Anais do XXVIII Congresso Brasileiro de Espeleologia'': 66-76.</ref>.
[[Ficheiro:MatoGrosso Municip Cocalinho.svg|miniaturadaimagem|Mapa do Mato Grosso com destaque para o município de Cocalinho. Área onde está presente a Gruta dos Fósseis.]]
A região de Cocalinho está presente na Serra do Calcário, é limitada a oeste pelo Rio das Mortes e à leste pelo [[Rio Araguaia]]. Isso significa que o município situa-se em na [[Bacia Araguaia-Tocantins|bacia]] do Médio Araguaia, onde há coberturas dobradas do [[Proterozoico|Proterozóico]] com granitoides associados e, ao seu redor, encontram-se morros calcários cobertos por sedimentos [[Aluvião|aluviais]] com níveis de cascalho cujas datas remetem a formações também [[Quaternário|quaternárias]]<ref name=":0" />.

Estudos recentes na região, coordenados pelo Laboratório de Arqueologia e Antropologia Ambiental e Evolutiva (LAAAE) do [[Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo|Instituto de Biociências]] da [[Universidade de São Paulo]] (IB-USP), evidenciaram sepultamentos humanos com materiais líticos, cerâmicos e faunísticos a 7 metros de profundidade, dos 350 metros quadrados mapeados pela equipe de mergulho Global Underwater Explorers (GUE). Há também na cavidade, na porção externa à área lacustre, diversos remanescentes humanos e cerâmicos, sendo alguns deles amostrados na campanha realizada em setembro de 2021.

Dos trabalhos a serem desenvolvidos pelo LAAAE, tem-se sobretudo o registro da Gruta como um [[sítio arqueológico]], de onde pretende-se realizar estudos paleoambientais que buscam compreender as [[Mudança do clima|mudanças climáticas]] na região central do Brasil e, além disso, estudos cerâmicos os quais pretendem enquadrar o contexto local às tradições de produção cerâmica do Mato Grosso.

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Revisão das 02h36min de 29 de julho de 2022

Contextualização

Tradições cerâmicas do Mato Grosso

Pesquisas recentes discutem a ocupação do Brasil Central através do paralelo entre diversas áreas do conhecimento, tais como história, etnoarqueologia estudos linguísticos e até mesmo aqueogenética. Nesse sentido, rotas de dispersão pelo continente são reconstruídas partindo da região amazônica em torno do século VI d.C.; local de onde teriam saído também influências às tradições da região, principalmente a do uso de antiplásticos de origem animal, comuns à Tradição Inciso-Ponteada, para a feitura dos vasos cerâmicos[1].

Mapa do Brasil com destaque às áreas falantes do tronco Macro-jê

A via de entrada, embora incerta, sugere que os grupos humanos que estiveram há milhares de anos no Mato Grosso hoje compartilham um ancestral comum com os grupos falantes de tronco linguístico Macro-jê[2]. Entre os estudos, há o consenso de que a existência da mata tropical na região tenha oferecido condições favoráveis ao desenvolvimento de duas sociedades agrícolas durante o Holoceno Tardio[1]. Uma à porção oriental do Mato Grosso, caracterizada pela Tradição Aratu, que sumariamente produzia vasilhames cônicos ou globulares, utilizados como urnas funerárias e sem decoração, cujas técnicas de produção se valiam de minerais e vegetais como aditivos incorporados à pasta da cerâmica[3]. E outra à região ocidental do estado, associada à Tradição Uru, que moldava tigelas rasas, as vezes com tintura vermelha e antiplástico fibroso[4].

Ficheiro:Os conjuntos cerâmicos da Tradição Aratu e Itararé.png
Conjuntos cerâmicos da Tradição Aratu (vasos da esquerda).

Sabe-se que tais povos já estavam estabelecidos no século IX anno domini em comunidades com densidade populacional que alcançava milhares de indivíduos, cujas aldeias eram circulares e com um pouco mais de meio quilômetro de diâmetro externo, uma organização espacial notada por trabalhos etnográficos realizados com os povos Bororo, Kayapó e Xavante. Tais estudos se baseiam nas evidências levantadas por meio da “Terra Preta de Índio” que, nesse caso, evidencia a formação de anéis concêntricos de habitação[1].

Há evidências de que esses dois grupos, porém, não se associariam aos da Tradição Una, comum também à região central do país. As ocupações ceramistas desta tradição estão mais ligadas ao estado de Goiás e as datações surgem com 3500 anos antes do presente. O formato das tigelas que estes grupos produziam era redondo e a pote pequeno, mantendo como aditivo à pasta elementos vegetais[5].

Outro caso interessante de se pontuar também é de que no Mato Grosso existem dados que demonstram a chegada dos grupos Guarani, por volta de 2200 anos atrás, o que teria causado uma série de mudanças nos hábitos dessas sociedades. São identificadas transformações, de forma geral, nas organizações política e social, o que também influencia a forma de fazer os vasilhames cerâmicos[6].

Embora haja um cenário complexo e diverso, ainda assim é possível buscar semelhanças entre os modos de produção da cerâmica que já são conhecidos e estes ainda não foram identificados, como no caso da Gruta dos Fósseis. Este tipo de pesquisa é significativo à medida que busca compreender as origens do Brasil em um momento em que não há registros escritos e as únicas formas de acesso à informação são através da cultura material e do conhecimento de povos indígenas. Por isso, é de suma importância que se deva valorizar as pesquisas e o conhecimento produzido pelas universidades públicas.

Referências

  1. a b c GONZALES, Erika Marion (1996). A ocupação ceramista Pré-Colonial do Brasil Central: origens e desenvolvimento [Tese de doutorado, Universidade de São Paulo].
  2. Davis, Irvine (1966). Comparative Jê phonology. Estudos Lingüísticos. Revista Brasileira de Lingüística Teórica e Aplicada. 1 (2): 10-24
  3. Faccio, Neide Barrocá (2014). Vasilhas duplas Aratu (Macro-Jê) em sítio tupi-guarani: evidência de contato?. Revista Ágora. 20: 6-23
  4. OLIVEIRA, Elisangela Regina de (2005). Aspectos da interação cultural entre os grupos ceramistas pré-coloniais do médio curso do rio Tocantins [Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo].
  5. SEDA, Paulo (2011). Do cerrado ao mar: a tradição una no litoral do Espírito Santo. Maracanan, 7 (2).
  6. WÜST, Irmhild; BARRETO, Cristina (1999). The ring villages of Central Brazil: a challenge for Amazonian archaeology. Latin American Antiquity,10 (1): 1-21