Rolando: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 1: Linha 1:
[[Imagem:Bremen Roland.jpg|thumb|[[Câmara Municipal e estátua de Rolando no Mercado de Bremen|Estátua de Rolando em Bremen]] (Património Mundial)]]
[[Imagem:Bremen Roland.jpg|thumb|[[Câmara Municipal e estátua de Rolando no Mercado de Bremen|Estátua de Rolando em Bremen]] (Património Mundial)]]


'''Rolando''', também referido como '''Roldão''' (''Roland'' em [[língua francesa|francês]] e [[língua alemã|alemão]], ''Rolando'' ou ''Roldán'' em [[língua castelhana|castelhano]], ''Orlando'' em [[língua italiana|italiano]], ''Rotllà'' ou ''Rottlant'' em [[língua catalã|catalão]]) é um personagem da [[literatura medieval]] e [[literatura do renascimento|renascentista]] europeia inspirado num obscuro conde que viveu no século VIII, na época da [[dinastia carolíngia]]. Segundo a lenda, Rolando foi sobrinho do imperador [[Francos|franco]] [[Carlos Magno]] e morreu heroicamente lutando contra os [[mouros]] da [[Península Ibérica]].
'''Rolando''', também referido como '''Roldão''' (''Roland'' em [[língua francesa|francês]] e [[língua alemã|alemão]], ''Rolando'' ou ''Roldán'' em [[língua castelhana|castelhano]], ''Orlando'' em [[língua italiana|italiano]], ''Rotllà'' ou ''Rottlant'' em [[língua catalã|catalão]]) é um personagem da [[literatura medieval]] e [[literatura do renascimento|renascentista]] europeia inspirado num obscuro conde que viveu no século VIII, na época da [[dinastia carolíngia]]. Segundo a lenda, Rolando foi sobrinho do imperador [[Francos|franco]] [[Carlos Magno]] e morreu heroicamente lutando contra os [[mouros]] da [[Península Ibérica]]. Tradicionalmente é associado a sua espada [[Durindana]] (''Durandal'') e seu cavalo Vigilante (''Veillantif'').


As histórias sobre Rolando e outros personagens da corte de Carlos Magno são coletivamente referidos como ''[[Matéria de França]]'' e foram objeto de inúmeras obras literárias. A obra mais antiga sobre Rolando é o poema épico ''[[A Canção de Rolando]]'' (''La chanson de Roland''), datado do século XII. A tradição chega até os épicos renascentistas italianos ''Orlando apaixonado'' (''[[Orlando innamorato]]'') de [[Matteo Maria Boiardo]] e ''[[Orlando furioso]]'' de [[Ludovico Ariosto]].
As histórias sobre Rolando e outros personagens da corte de Carlos Magno são coletivamente referidos como ''[[Matéria de França]]'' e foram objeto de inúmeras obras literárias. A obra mais antiga sobre Rolando é o poema épico ''[[A Canção de Rolando]]'' (''La chanson de Roland''), datado do século XII. A tradição chega até os épicos renascentistas italianos ''Orlando apaixonado'' (''[[Orlando innamorato]]'') de [[Matteo Maria Boiardo]] e ''[[Orlando furioso]]'' de [[Ludovico Ariosto]].


==Rolando histórico==
==Rolando histórico==
As lendas que se desenvolveram ao redor de Rolando estão relacionadas com um personagem real, um tal conde Hruodland, [[vassalo]] de Carlos Magno e prefeito da marca da [[Bretanha]]. Este conde participou da campanha militar que o rei levou a cabo na península ibérica em 778, à época dominada em sua maior parte por [[muçulmanos]]. No curso da campanha, Carlos aliou-se a certos líderes muçulmanos contra outros, saqueou [[Pamplona]] e sitiou [[Saragoça]]. Um levantamento dos [[saxões]] obrigou o rei a retirar-se para assegurar a fronteira oriental do reino. No dia 15 de agosto de 778, a retaguarda do exército franco foi atacada por [[bascos]] [[cristão]]s ao transitar pelos [[Pireneus]] - possivelmente na passagem de [[Roncesvales]] (na atual [[Navarra]], [[Espanha]]). Essa batalha ou escaramuça é citada por [[Eginhardo]], biógrafo de Carlos Magno, que em sua ''[[Vita Caroli Magni]]'' (c. 830) relata que os soldados francos da retaguarda, incluído "Hruodland, prefeito das marcas da Bretanha" (''Hruodlandus Brittannici limitis praefectus''), foram todos mortos. Essa menção na obra de Eginhardo é a única referência histórica a Rolando que data da época carolíngia.
As lendas que se desenvolveram ao redor de Rolando estão relacionadas com um personagem real, um tal conde Hruodland, [[vassalo]] de Carlos Magno e prefeito da marca da [[Bretanha]]. Este conde participou da campanha militar que o rei levou a cabo na península ibérica em 778, à época dominada em sua maior parte por [[muçulmanos]]. No curso da campanha, Carlos aliou-se a certos líderes muçulmanos contra outros, saqueou [[Pamplona]] e sitiou [[Saragoça]]. Um levantamento dos [[saxões]] obrigou o rei a retirar-se para assegurar a fronteira oriental do reino. No dia 15 de agosto de 778, a retaguarda do exército franco foi atacada por [[bascos]] [[cristão]]s ([[vascones]]) ao transitar pelos [[Pireneus]] - possivelmente na passagem de [[Roncesvales]] (na atual [[Navarra]], [[Espanha]]). Essa batalha ou escaramuça é citada por [[Eginhardo]], biógrafo de Carlos Magno, que em sua ''[[Vita Caroli Magni]]'' (c. 830) relata que os soldados francos da retaguarda, incluído "Hruodland, prefeito das marcas da Bretanha" (''Hruodlandus Brittannici limitis praefectus''), foram todos mortos. Essa menção na obra de Eginhardo é a única referência histórica a Rolando que data da época carolíngia.


==Lenda==
A destruição da retaguarda e a morte de Rolando passaram a ser material para os poemas cantados pelos jograis medievais, num contexto em que Carlos Magno era lembrado como o imperador que livrou várias campanhas contra os povos [[pagão]]s da Europa, como os saxões e os muçulmanos ibéricos. Nos séculos seguintes, essas campanhas passaram a inspirar e serem inspiradas pela [[Reconquista]] e as [[Cruzadas]], que também tratavam da luta entre cristãos e povos de outras crenças.
A destruição da retaguarda e a morte de Rolando passaram a ser material para os poemas cantados pelos jograis medievais, num contexto em que Carlos Magno era lembrado como o imperador que livrou várias campanhas contra os povos [[pagão]]s da Europa, como os saxões e os muçulmanos ibéricos. Nos séculos seguintes, as histórias sobre Rolando e as campanhas de Carlos Magno (e também de [[Carlos Martel]]) passaram a ser fonte de inspiração para a [[Reconquista]] e as [[Cruzadas]], que também tratavam da luta entre cristãos e povos pagãos.


==Ver também==
==Ver também==

Revisão das 23h09min de 25 de setembro de 2009

Estátua de Rolando em Bremen (Património Mundial)

Rolando, também referido como Roldão (Roland em francês e alemão, Rolando ou Roldán em castelhano, Orlando em italiano, Rotllà ou Rottlant em catalão) é um personagem da literatura medieval e renascentista europeia inspirado num obscuro conde que viveu no século VIII, na época da dinastia carolíngia. Segundo a lenda, Rolando foi sobrinho do imperador franco Carlos Magno e morreu heroicamente lutando contra os mouros da Península Ibérica. Tradicionalmente é associado a sua espada Durindana (Durandal) e seu cavalo Vigilante (Veillantif).

As histórias sobre Rolando e outros personagens da corte de Carlos Magno são coletivamente referidos como Matéria de França e foram objeto de inúmeras obras literárias. A obra mais antiga sobre Rolando é o poema épico A Canção de Rolando (La chanson de Roland), datado do século XII. A tradição chega até os épicos renascentistas italianos Orlando apaixonado (Orlando innamorato) de Matteo Maria Boiardo e Orlando furioso de Ludovico Ariosto.

Rolando histórico

As lendas que se desenvolveram ao redor de Rolando estão relacionadas com um personagem real, um tal conde Hruodland, vassalo de Carlos Magno e prefeito da marca da Bretanha. Este conde participou da campanha militar que o rei levou a cabo na península ibérica em 778, à época dominada em sua maior parte por muçulmanos. No curso da campanha, Carlos aliou-se a certos líderes muçulmanos contra outros, saqueou Pamplona e sitiou Saragoça. Um levantamento dos saxões obrigou o rei a retirar-se para assegurar a fronteira oriental do reino. No dia 15 de agosto de 778, a retaguarda do exército franco foi atacada por bascos cristãos (vascones) ao transitar pelos Pireneus - possivelmente na passagem de Roncesvales (na atual Navarra, Espanha). Essa batalha ou escaramuça é citada por Eginhardo, biógrafo de Carlos Magno, que em sua Vita Caroli Magni (c. 830) relata que os soldados francos da retaguarda, incluído "Hruodland, prefeito das marcas da Bretanha" (Hruodlandus Brittannici limitis praefectus), foram todos mortos. Essa menção na obra de Eginhardo é a única referência histórica a Rolando que data da época carolíngia.

Lenda

A destruição da retaguarda e a morte de Rolando passaram a ser material para os poemas cantados pelos jograis medievais, num contexto em que Carlos Magno era lembrado como o imperador que livrou várias campanhas contra os povos pagãos da Europa, como os saxões e os muçulmanos ibéricos. Nos séculos seguintes, as histórias sobre Rolando e as campanhas de Carlos Magno (e também de Carlos Martel) passaram a ser fonte de inspiração para a Reconquista e as Cruzadas, que também tratavam da luta entre cristãos e povos pagãos.

Ver também

Ícone de esboço Este artigo sobre literatura é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.