Número cardinal: diferenças entre revisões
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:Se <math style="vertical-align:-0%;">\lambda < \kappa^{\,}</math>, então <math style="vertical-align:-30%;"> \left| \mathcal{P} \left(\lambda \right) \right| < \kappa^{\,}</math> |
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=== Cardinais finitos === |
=== Cardinais finitos === |
Revisão das 21h10min de 10 de fevereiro de 2012
O cardinal indica o número ou quantidade dos elementos constituintes de um conjunto. É interessante destacar que se diferencia do ordinal, porque o ordinal introduz ordem e dá ideia de hierarquia: Primeiro, segundo, terceiro, etc.[1] O cardinal, por sua vez, nomeia o número de elementos constituintes e esse é o nome do conjunto correspondente. Para a nomenclatura destes números ver nomes dos números.[2]
Os numerais podem ser cardinais ou ordinais. O número cardinal é aquele que expressa uma quantidade única, enquanto o número ordinal indica a ordem ou a série em que determinado número se encontra.
Em geral, aprendemos e nos acomodamos tão facilmente a passar do ponto de vista cardinal para o ordinal, que quase não distinguimos mais essa diferença. Num exemplo simples: o mês de setembro é composto de 30 dias. O número 30 indica o total, a quantidade absoluta, de dias desse mês. Trata-se, portanto, de um número cardinal.
Porém, empregamos outro ponto de vista quando dizemos "dia 30 de outubro". Nesse caso o número 30 não está sendo usado para indicar os 30 dias do mês, mas o trigésimo dia de outubro, especificando o seu lugar na ordem de sucessão dos dias desse mês, explicando uma ordem. Trata-se, então, de uma utilização ordinal.
- Dado um conjunto A, o cardinal deste conjunto é simbolizado por |A|
Por exemplo: Se A tem 3 elementos o cardinal indica-se |A| = 3
Existe uma relação entre o cardinal de um conjunto e o conjunto de partes ou conjunto potência:
Onde |P(A)| é o cardinal do conjunto de partes.
Os números cardinais de alguns conjuntos representam-se com símbolos especiais:
- O cardinal dos números reais: card() = c (contínuo)
- O cardinal dos números naturais: card() = (alef-0)
A teoria dos conjuntos define rigorosamente o que significa e e, em consequência, os demais símbolos de comparação; por exemplo:
- quando existe uma bijeção entre A e B
- quando existe uma função injetiva de A para B
O teorema de Cantor-Bernstein-Schroeder mostra que, se e , então .
Ao se considerar os axiomas de Zermelo-Fraenkel com o axioma da escolha, pode-se provar que, se A e B são conjuntos, então . Junto com o teorema de Cantor-Bernstein-Schroeder, qualquer conjunto formado por cardinais é bem ordenado, o que permite escrever qualquer cardinal infinito da forma , sendo um ordinal.
A hipótese do continuum diz que c (cardinal dos números reais) é igual a , e sua negação diz que existe um conjunto X tal que .
Definição formal
Usando-se os axiomas de Zermelo-Fraenkel com o axioma da escolha (ZFC), pode-se definir o cardinal de um conjunto como o menor número ordinal equipotente com . Em outras palavras, é o menor ordinal , tal que existe bijetora,
Para esta definição fazer sentido, é preciso mostrar que este ordinal existe, e que ele é único. Se o conjunto é não vazio, então pelo Axioma da escolha pode ser bem ordenado e, portanto, equipotente a algum ordinal. Ou seja, o conjunto dos ordinais equipotentes a é não vazio. Novamente, pelo Axioma da escolha, existe um menor ordinal equipotente a .
Operações com Cardinais
Sucessor
Como |A| < |P(A)|, então, pela boa-ordenação dos cardinais, existe um menor cardinal maior que |A|. No caso de |A| ser finito, o sucessor no contexto de cardinais é o mesmo que no contexto de ordinais, mas, para |A| infinito, isso não é verdade.
O sucessor de um cardinal α é representado por α+. No caso geral, em que α é infinito, α+ > α + 1.
Soma
A soma |A| + |B| é definida como o cardinal da união disjunta de A e B. Uma forma de construir uma união disjunta é através do produto cartesiano com um conjunto unitário:
Produto
O produto cartesiano define o produto de cardinais:
Potência
A conjunto das funções de B em A, convenientemente representado por , permite definir a potência entre cardinais:
Em particular, temos que
porque existe uma função , que é a função cujo gráfico é o próprio conjunto vazio.
Note-se também que:
através da bijeção , definida por
- .
Neste contexto, é o conjunto das funções de domínio A e contra-domínio 2 = {0, 1}, mas a relação acima motiva a notação (indevida) de para o conjunto das partes.
Em contraste com as operações de soma e produto, a potência de cardinais produz números bem maiores que a potência de ordinais. Por exemplo, os ordinais , são ordinais maiores que , porém sua cardinalidade é , a mesma de . Porém e são ordinais cuja cardinalidade é . [carece de fontes]
Tipos de Cardinais
Cardinal sucessor
Um cardinal que é o sucessor de um outro cardinal , ou seja é dito cardinal sucessor. Nesse caso, é dito o antecessor de . Por exemplo, o número 3 é um cardinal sucessor, pois 3 é o sucessor de 2 (e 2 o antecessor de 3). Por outro lado, o cardinal 0 não é sucessor, poi não tem antecessor.[3]
Cardinal limite
Um cardinal infinito que não é sucessor é denominado cardinal limite e em temos que ou é um ordinal limite[4]. Como consequência disso, se é um cardinal limite, então:
- Se , então
Cardinal limite forte
De maneira análoga à propriedade dos cardinais limites, pode ser definida uma propriedade mais forte. Um cardinal diz-se limite forte se:
- Se , então
Equivalentemente:
- Se , então
E portanto:
Cardinais finitos
Note-se que as definições acima são consistentes com as operações binárias usuais para números naturais, exceto que não está definido para números naturais, mas, para cardinais, é igual a um.
Bibliografia
- HRBACEK, Karen; JECH, Thomas (1999). Introduction to set theory (em inglês) 3a. ed. New York: Marcel Dekker
- LEVY, Azriel (2002). Basic set theory (em inglês). Mineola, New York: Dover
Referências
- ↑ Priberam
- ↑ Números cardinais e ordinais
- ↑ Levy [2002] , p. 89−90.
- ↑ Levy [2002] , p. 90.