Eu não sou racista, tenho amigos negros
"Não sou racista, tenho amigos negros" (variante: "alguns de meus melhores amigos são negros",[1] "até tenho amigos negros"[2]) é uma falácia tu quoque frequentemente usada por pessoas brancas na tentativa de justificar que não são racistas em relação a pessoas negras. A frase, que ganhou popularidade em meados da década de 2010, gerou muitos memes e debates na Internet sobre atitudes raciais.[3][4][5] Seu uso em uma discussão relacionada à eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos em 2016, no programa de televisão norte-americano Black-ish,[6] gerou ampla discussão na mídia estadunidense.
Nos Estados Unidos, um estudo de 2004 da revista científica Basic and Applied Social Psychology listou a frase como uma "alegação comum de inocência por associação".[7] Um estudo de 2011 publicado no Journal of Black Studies sugeriu que os afro-americanos raramente ficavam impressionados com brancos que afirmavam ter "amigos negros" e que a afirmação era mais provável de fazer os afro-americanos pensarem que a pessoa que a fazia era de fato mais, e não menos, preconceituosa.[8] A frase é citada como um exemplo de "resistência ao pensamento antirracista",[9] e algumas sugestões para desmantelar a lógica da frase incluem "é como dizer que não existe tal coisa como sexismo porque todos nós temos um amigo próximo ou membro da família que é uma mulher".[10]
Referências
- ↑ Jackman, Mary R.; Crane, Marie (1986). «'Some of My Best Friends Are Black... ': Interracial Friendship and Whites' Racial Attitudes». Public Opinion Quarterly. 50: 459-86 Sønderskov, Kim Mannemar; Thomsen, Jens Peter Frølund (2015). «Contextualizing Intergroup Contact: Do Political Party Cues Enhance Contact Effects?». Social Psychology Quarterly. 78: 49-76
- ↑ de Sá Moreira, Fernando (5 de maio de 2020). «"Eu não sou racista" – O uso falacioso de estereótipos sobre racistas: observações a partir de um caso concreto». Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia. Universidade Federal Fluminense. Consultado em 26 de abril de 2021
- ↑ Eligon, John (16 de fevereiro de 2019). «The 'Some of My Best Friends Are Black' Defense». The New York Times. Consultado em 4 de dezembro de 2020
- ↑ Smoot, Kelsey (29 de junho de 2020). «White people say they want to be an ally to Black people. But are they ready for sacrifice?». The Guardian. Consultado em 4 de dezembro de 2020
- ↑ Mackey, Robert (20 de outubro de 2010). «Revisionist Fourth-Grade History: 'Thousands' of Black Confederate Soldiers». The Lede. Consultado em 4 de dezembro de 2020
- ↑ Butler, Bethonie (11 de janeiro de 2017). «Blackish dissects Trump's win and finds the humanity in our political discord». The Washington Post. Consultado em 19 de novembro de 2020
- ↑ Winslow, Matthew P. (2004). «Reactions to the Imputation of Prejudice». Basic and Applied Social Psychology. 26: 289-297
- ↑ Winslow, Matthew P.; Aaron, Angela; Amadife, Emmanuel N. (2011). «African Americans' Lay Theories About the Detection of Prejudice and Nonprejudice». Journal of Black Studies. 42: 43-70
- ↑ MacKay, Kathryn L. (2011). «Review of Anti-racist health care practice by Elizabeth A. McGibbon and Josephine B. Etowa». International Journal of Feminist Approaches to Bioethics. 4: 164-168
- ↑ McGibbon, Elizabeth Anne; Etowa, Josephine B. (2009). Anti-racist Health Care Practice. [S.l.]: Canadian Scholars' Press. ISBN 9781551303550