Für Elise: diferenças entre revisões
Linha 28: | Linha 28: | ||
Assim como todas as obras musicais revelam o estado anímico do compositor, também esta bagatela não foge à regra. Revela nostalgia, [[tristeza]], certa alegria, excitação, inquietação, alvoroço, tempestade e, curiosamente, quando termina parece dar-nos a entender que Beethoven quer exprimir mais qualquer coisa e que, propositadamente, não quer expressar, uma vez que a peça podia muito bem terminar com um arpejo ascendente da tonalidade de lá menor (lá-dó-mi) até lá6 e isso, de facto, não acontece porque tudo finda numa espécie de «fosso» musical (lá1+lá2+lá4), dando a ideia de [[depressão nervosa|depressão]], [[angústia]], pesar e conformidade com a [[dor]]. Será que Beethoven queria manifestar com isso a sua dor da não correspondência amorosa da parte de Therese? É possível. Apesar de tudo é uma peça predominantemente emotiva, sentimental e muito bonita, fazendo as delícias de qualquer romântico e, sobretudo, de qualquer aspirante a [[pianista]]. |
Assim como todas as obras musicais revelam o estado anímico do compositor, também esta bagatela não foge à regra. Revela nostalgia, [[tristeza]], certa alegria, excitação, inquietação, alvoroço, tempestade e, curiosamente, quando termina parece dar-nos a entender que Beethoven quer exprimir mais qualquer coisa e que, propositadamente, não quer expressar, uma vez que a peça podia muito bem terminar com um arpejo ascendente da tonalidade de lá menor (lá-dó-mi) até lá6 e isso, de facto, não acontece porque tudo finda numa espécie de «fosso» musical (lá1+lá2+lá4), dando a ideia de [[depressão nervosa|depressão]], [[angústia]], pesar e conformidade com a [[dor]]. Será que Beethoven queria manifestar com isso a sua dor da não correspondência amorosa da parte de Therese? É possível. Apesar de tudo é uma peça predominantemente emotiva, sentimental e muito bonita, fazendo as delícias de qualquer romântico e, sobretudo, de qualquer aspirante a [[pianista]]. |
||
Criada por augusto mendes de andrade arruda |
|||
== Uso da obra como jingle == |
== Uso da obra como jingle == |
Revisão das 22h52min de 29 de abril de 2013
Este artigo ou secção contém uma lista de referências no fim do texto, mas as suas fontes não são claras porque não são citadas no corpo do artigo, o que compromete a confiabilidade das informações. (Fevereiro de 2011) |
A «Bagatela para piano ‘Für Elise’», conhecida também «Para Elisa», em lá menor (WoO 59), de Ludwig van Beethoven é, dentre as obras deste compositor, talvez a mais conhecida mundialmente, a par da melodia da sua famosa «Quinta Sinfonia», em dó menor (1807-1808, op. 67), e da sua «Nona Sinfonia», em ré menor (1823-1824, op. 125). A melodia desta peça para piano aparece em desenhos animados, filmes, powerpoints e até, nos nossos dias, em toques de telemóvel (PT)/celular (BR).
História
Quanto às origens históricas desta bagatela para piano são muito pouco conhecidas. Sabe-se (pelo rascunho encontrado) que Beethoven teria composto esta pequena obra, pelos anos 1808 ou 1810, em honra de uma senhora a quem propôs casamento, chamada Therese Malfatti (1792-1851), sobrinha do Dr. Giovanni Malfatti (1775-1859), um médico italiano que se instalou em Viena (Áustria), em 1795, e que foi um dos médicos do compositor, tratando-o inclusive durante a sua doença final em 1827. Inclusive, para este médico, Beethoven compôs, em Junho de 1814, uma pequena cantata para piano e coro de sopranos, contraltos, tenores e baixos «Un lieto brindisi» (WoO 103). Também é chamada por «Cantata Campestre».
- Problemas na execução dos arquivos? Veja Introdução à mídia.
Fur Elise | |
A partitura original ou autógrafa desta bagatela para piano foi presenteada, pelo compositor, a Therese em 24 de Abril de 1810 e esteve durante algum tempo em seu poder. A data está na partitura autógrafa, mas ao certo não se sabe se teria sido Beethoven quem a colocou lá ou se teriam sido outras pessoas. Portanto, é um dado discutível. Therese, por achar que Beethoven não seria o seu melhor marido (pois Beethoven era muito autoritário e desorganizado), casou, mais tarde, em 1816, com o barão von Drosdick. Com o tempo, a partitura original extraviou-se. Por outro lado, também se sabe que, em 1822, Beethoven emendou o seu rascunho preliminar, guardado nos seus arquivos, para uma possível publicação e que, devido ao seu falecimento, não se chegou a realizar. Ou por erro do editor (de facto, a caligrafia caótica de Beethoven foi a causa principal de muitos erros nas primeiras edições das suas obras) ou para não se saber a quem esta peça foi dirigida e oferecida, isto é, para não se dar quaisquer pistas acerca do verdadeiro nome da senhora, ou seja, de Therese Malfatti, o certo é que a cópia da partitura autógrafa ou, se quisermos, a sua publicação póstuma (realizada pela primeira vez em 1867) tinha o nome ou, então, o pseudónimo alemão de «Für Elise» que, em português, é «Para Elisa». É evidente que não se trata de Elisa alguma, mas, sim, de Therese. Tudo indica que fosse um erro do editor.
Por outro lado, também sabemos que Maria Therese Brunsvik (1775-1861), aristocrata de origem húngara, e que nunca contraiu matrimónio, teve algumas aulas de piano com Beethoven, sendo-lhe dedicada uma peça para piano: a «Sonata para Piano n.º 24», em fá sustenido maior (1809, op. 78), vulgarmente conhecida «Para Teresa». Haverá alguma relação entre estas duas peças pianísticas? Sabemos que a sonata «Para Teresa» foi publicada em 1810 e a bagatela «Para Elisa» surgiu por essa altura. Será que foi dado um pseudónimo à bagatela «Para Elisa» (dedicada a Therese Malfatti) para não ser confundida com a sonata «Para Teresa» (dedicada a Therese Brunsvik)? É que as duas peças são dedicadas a pessoas com o mesmo nome de Therese. Efectivamente, não sabemos.
Análise musicológica
Analisando esta peça, podemos verificar várias coisas:
- a sua tonalidade é em lá menor, aliás tonalidade sombria e triste, como todas as tonalidades com o modo musical menor (dó menor, ré menor, mi menor, fá menor, etc.);
- o seu compasso é composto (3/8);
- a sua agógica é «poco mosso», isto é, «pouco movimento», ou seja, com andamento moderado (mais para o lento);
- a sua dinâmica é, na sua maioria, pianissimo (pp), sendo utilizado com frequência o pedal (ped);
- quanto à estrutura da peça, podemos dividi-la essencialmente em três partes:
- a primeira (compassos 1-22) consta do tema principal da peça, realizado maioritariamente em semicolcheias, com a sequência das notas mi5 / ré sustenido5 / mi5 / ré sustenido5 / mi5 / si5 / ré bequadro5 / dó5 / lá5 (esta denominação das notas é segundo o «sistema dos físicos»);
- na segunda (compassos 22-35), Beethoven, mudando de tonalidade, revela certa alegria e excitação, retomando depois (compassos 36-58) ao carácter melancólico e depressivo da melodia principal;
- por fim, na terceira parte, o compositor parece que entra em inquietação, alvoroço e tumulto (compassos 59-76), subindo, de repente (compassos 77-79) em arpejo em lá menor até mi7 para descer (compassos 79-82) cromaticamente de si bemol6 até mi5, retomando finalmente o tema principal da bagatela (compassos 83-102) e terminando a peça (compasso 103) com apenas três notas (lá1+lá2+lá4).
Assim como todas as obras musicais revelam o estado anímico do compositor, também esta bagatela não foge à regra. Revela nostalgia, tristeza, certa alegria, excitação, inquietação, alvoroço, tempestade e, curiosamente, quando termina parece dar-nos a entender que Beethoven quer exprimir mais qualquer coisa e que, propositadamente, não quer expressar, uma vez que a peça podia muito bem terminar com um arpejo ascendente da tonalidade de lá menor (lá-dó-mi) até lá6 e isso, de facto, não acontece porque tudo finda numa espécie de «fosso» musical (lá1+lá2+lá4), dando a ideia de depressão, angústia, pesar e conformidade com a dor. Será que Beethoven queria manifestar com isso a sua dor da não correspondência amorosa da parte de Therese? É possível. Apesar de tudo é uma peça predominantemente emotiva, sentimental e muito bonita, fazendo as delícias de qualquer romântico e, sobretudo, de qualquer aspirante a pianista. Criada por augusto mendes de andrade arruda
Uso da obra como jingle
Em bairros da Grande São Paulo e outras cidades do Brasil, vendedores e distribuidores de gás de cozinha (gás butano) usam a música Para Elisa como jingle. Seu pseudônimo popular é "a música do gás" ou "a música do caminhão de gás"
Não se sabe a que se deve o uso da música, já que não há nenhum tipo de relação entre a música e o Gás GLP. Mesmo, os próprios vendedores/distribuidores afirmam desconhecer a razão da música ser reproduzida nas caminhonetes que circulam pelas cidades e bairros brasileiros.
A música também é comumente utilizada como som de espera padrão em alguns dispositivos PABX.
Ela também foi tocada no episódio Treehouse of Horror XIII de Os Simpsons, acidentalmente por Homer.
Referências bibliográficas
- Ludwig Nohl, Neue Briefe Beethovens, Stuttgart 1867
- Klaus Martin Kopitz, Beethoven, Elisabeth Röckel und das Albumblatt „Für Elise“, Köln: Dohr, 2010, ISBN 978-3-936655-87-2