Falha Magalhães-Fagnano

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A falha Magalhães-Fagnano (também citada como falha Fagnano-Magalhães em algumas fontes) é um sistema regional de falhamentos tectônicos transformantes que demarcam o contato entre as placas tectônicas Scotia e Sul Americana.[1]

Essa falha apresenta sentido predominante leste-oeste, estendendo-se do Chile à Argentina. Se distribui desde a borda do estreito de Magalhães no Oceano Pacífico, cruzando a Ilha Grande da Terra do Fogo ao longo do Fiorde Almirantazgo e do Lago Fagnano. Na sequencia, sua trajetória continua em direção leste, sendo demarcada pela presença dos cursos do rio Turbio e do rio Irigoyen até alcançar o mar. Ao encontrar com o Oceano Atlântico, a falha Magalhães-Fagnano continua em solo submarino sulcando a plataforma continental argentina ao norte da Ilha dos Estados.[1][2]

Origem[editar | editar código-fonte]

Diagrama exibindo a movimentação relativa observada em uma falha do tipo transcorrente, similar ao que ocorre na falha Magalhães-Fagnano

A origem do limite transformante entre as placas Scotia e Sul Americana, que forma a falha Magalhães-Fagnano, está vinculada a uma modificação ocorrida na dinâmica de sua movimentação e a alterações na configuração tectônica deste setor.

Estima-se que há 7 milhões de anos a dinâmica da placa Scotia passou a ser dominada por movimentos divergentes na dorsal próxima às ilhas Sandwich do Sul,[3] o que causou reflexos na região da Terra do Fogo,[4] levando à formação de uma série de falhamentos ao longo do extremo sul da América do Sul, culminando no surgimento de uma zona de falhas transcorrentes,[5] conforme é atualmente observado.[6]

A velocidade atual da movimentação das placas ao longo desta falha, medida por meio de equipamentos geodésicos e sistemas de informações geográficas, foi atribuída em aproximadamente 6 mm por ano.[7]

Atividade sísmica recente[editar | editar código-fonte]

Ao longo do período histórico a falha Magalhães-Fagnano tem sido a responsável por numerosos abalos sísmicos registrados na região da Terra do Fogo. Registros sistemáticos desses tremores têm sido mantidos desde o final do século XIX, evidenciando intensa movimentação tectônica.[8]

Embora a maioria dos sismos sejam de magnitudes inferiores a 4 na escala de Richter, no dia 17 de dezembro de 1949 houve um grande terremoto com epicentro no entorno do centro da falha, o qual alcançou 7,8 na escala Richter, causando destruição regional, atingindo principalmente a cidade argentina de Ushuaia.[8]

Referências

  1. a b Klepeis, Keith A. (1994). «The Magallanes and Deseado fault zones: Major segments of the South American-Scotia transform plate boundary in southernmost South America, Tierra del Fuego.». Journal of Geophysical Research. 99: 22001-22014. 
  2. Torres Carbonell, P.J.; Olivero, E.B., Dimieri, L.V. (2008). «Control en la magnitud de desplazamiento de rumbo del Sistema Transformante Fagnano, Tierra del Fuego, Argentina». Revista Geológica de Chile. 35 (1): 63-77 
  3. Barker, P.F.; Dalziel, I.W.D., Storey, B.C. (1991). «Tectonic development of the Scotia Arc Region.». The Geology of Antarctica (Tingey, R.J.; editor) Oxford University Press: 215-248 
  4. Barker, P.F. (2001). «Scotia Sea regional tectonic evolution: implications for mantle fl ow and paleocirculation.». Earth-Science Reviews. 55: 1-39 
  5. Canha, Guilherme Sidou (2007). Gravimetria Aplicada a uma porção da bacia Austral: sistema de falhas Magallanes-Fagnano. Rio de Janeiro: UFRJ 
  6. Klepeis, Keith A. (1994). «The Magallanes and Deseado fault zones: Major segments of the South American-Scotia transform plate boundary in southernmost South America, Tierra del Fuego.». Journal of Geophysical Research. 99: 22001-22014. 
  7. Smalley, Robert Jr.; Kendrick, E., Bevis, M.G., Dalziel, I.W.D., Taylor, F., Lauría, E., Barriga, R., Casassa, G., Olivero, E.B., Piana, E. (2003). «Geodetic determination of relative plate motion and crustal deformation across the Scotia-South America plate boundary in eastern Tierra del Fuego». Geochemistry, Geophysics, Geosystems. 4 (9): 1-19 
  8. a b Febrer, J.M.; Plasencia Linares M.P., Sabbione N.C. (2000). «Local and regional seismicity from Ushuaia Broadband Station observations (Tierra del Fuego)». Terra Antartica. 8 (2): 35-40