Formalismo multigaussiano

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Formalismo multiGaussiano é um modelo hipotético de caracterização de funções de distribuição de probabilidades de dados experimentais (amostra) o qual admite que essa mesma distribuição pode ser caracterizada pela conjunção de múltiplas distribuições gaussianas. É vulgarmente utilizada na caracterização de fenómenos das ciência da terra e é inclusive adoptada no procedimento de simulação de variáveis espaciais simulação sequencial gaussiana no ramo da geoestatística. A vantagem desta assunção é a simplicidade de implementação. Se para um dado sub-conjunto do conjunto total dos dados experimentais calcularmos a média e variância podemos, efectivamente, caracterizar uma distribuição gaussiana.

Definição[editar | editar código-fonte]

Se admitirmos o conjunto de variáveis aleatórias como seguindo uma lei conjunta multigaussiana, qualquer par, e , localizado respectivamente em e , consiste numa distribuição biGaussiana que pode ser caracterizada pela função de covariância . Deste modo a função de distribuição de probabilidades local (ou condicional - referindo-se a um sub-conjunto do conjunto ) é também gaussiana determinada pela média e variância dessa mesma distribuição local. Assumindo que pretendemos saber a distribuição local num qualquer local no espaço, , com média e variância:

A gaussiana respectiva seria (Soares, 2006)[1]:


A aplicação deste modelo numa simulação sequêncial gaussiana é feita a partir estimadores da krigagem simples, média e variância (Matheron, 1974)[2]:


Aplicação[editar | editar código-fonte]

O método de simulação sequencial gaussiana admite o formalismo multiGaussiano e criando sub-conjuntos a partir de uma distribuição de probabilidades da variável a simular em recurso à média e variância de krigagem. Assim, definindo-se a gaussiana local, podemos gerar um valor aleatório equivalente a essa mesma distribuição.

Discussão[editar | editar código-fonte]

Foram descritas algumas desvantagens na assunção do Formalismo multiGaussiano na simulação de fenómenos espaciais o que veio dar origem à conceptualização da simulação sequencial directa. As desvantagens enunciadas são (Soares, 2006):

  • A hipótese de multiGaussianidade não pode ser varificada com base numa só realização do conjunto de variáveis aleatórias.
  • A hipótese de biGaussianidade das leis de distribuição de variáveis aleatórias é também uma hipótese que requer verificação dado que pode ou não ser apropriada aos dados experimentais.
  • Os padrões de continuidade dos valores extremos não são reproduzidos neste modelo. De facto, após a transformação Gaussiana dos dados experimentais, é calculado e utilizado um só modelo de variograma que reflecte o comportamento médio da variável de estudo. A utilização deste modelo é desaconselhada para a caracterização da continuidade espacial dos valores extremos.
  • As variâncias das leis de distribuição de probabilidades locais, dadas pelas variâncias de krigagem, dependem somente da configuração amostral e não dos valores das amostras.[3]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Soares, A. (2006), "Geoestatística para as ciências da Terra e do Ambiente" (2006), Lisboa: Instituto Superior Técnico
  2. G. Matheron, Les Fonctions de Transfer des Petits Panneaux, Note Geostatistique Nº127, Les Cahiers du Centre de Morphologie Mathématique de Fontainebleau
  3. Em teoria após se terem seleccionado os valores contidos no intervalo caracterizado pela média e variância de krigagem podemos fazer a média e variância desse sub-conjunto e caracterizar uma nova gaussiana para ser utilizada no processo de simulação.