Forte de São Caetano do Pópulo
O Forte de São Caetano do Pópulo localiza-se na praia do Pópulo, na freguesia de Livramento, no concelho de Ponta Delgada, na costa sudeste da ilha de São Miguel, nos Açores.
Em posição dominante sobre este trecho do litoral, constituiu-se em uma fortificação destinada à defesa deste ancoradouro contra os ataques de piratas e corsários, outrora frequentes nesta região do oceano Atlântico.
História
[editar | editar código-fonte]No contexto da Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714) encontra-se referido como "O Fortim de S. Caetano." na relação "Fortificações nos Açores existentes em 1710".[1]
No contexto da instalação da Capitania Geral dos Açores, o seu estado foi assim reportado em 1767:
Ao final do século XVIII, a Relação dos Castelos e mais Fortes da Ilha de S. Miguel do seu estado do da sua Artelharia, Palamentas, Muniçoens e do q.' mais precizam, pelo major engenheiro João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, informava:
- "Forte de S. Caetano - No lugar de Rosto de Cam, cituado em hu'a restinga, q.' devide o areal de S. Roque, de 192 braças de extenção, da prainha de 114, p.a defença d'ambas, porem as suas faces, ou batarias mal dirigidas p.a este fim; preciza de hu'a bataria opposta, p.a defender o desembarque com tiros cruzados, pois q' este deve ser deve ser considerado como o pr.o lugar em razão da costa, e da proximid.e da cid.e, pois o Forte de S, Fran.co referido, pouco auxilia: tem 6 canhoneiras e 4 peças tãobem no chão, as casas abatidas, sem portão, e concequent.e sem palamenta, nem muniçoens."[3]
Pode ser o forte que SOUSA (1995), ao descrever as defesas do porto de Ponta Delgada em 1822, refere: "(...) os [fortes] de S. Pedro e Rosto de Cão [fortificados] de 20 e tantas [peças de grande calibre]; (...).", informação que para qualquer um dos fortes outrora existentes em Rosto de Cão será exagerada.[4]
A "Relação" do marechal de campo Barão de Bastos em 1862 informa que "Tem alojamentos, e um barracão construido pela reparticao de Saude" (Governo Civil de Ponta Delgada), e que se encontrava "Em soffrivel estado". E complementa:
- "Como obra defensiva pode desde já desprezar-se, pela sua má situação e defeituoza construcção.
- Tem servido de lazareto provizorio, e por este motivo conviria entregar-se definitivamente á repartição de saude para tratar da sua conservação, por ser aproveitavel para o referido objecto."[5]
Durante a Segunda Guerra Mundial voltou a abrigar uma guarnição, tendo recebido obras em betão.
Em 2008 foi objeto de interesse por parte da Associação Arqueológica do Arquipélago dos Açores.
Atualmente encontra-se abandonado e em ruínas.
Características
[editar | editar código-fonte]Constituiu-se em um forte de pequenas dimensões, em cujos muros se rasgavam seis canhoneiras de acordo com Chaves e Melo. Outras fontes referem que apresentava a forma de duas meias lunetas (uma sobre cada praia), cada uma com cinco canhoneiras, e, em seu terrapleno, três construções e um torreão, este pelo lado de terra, junto ao portão de acesso.[6]
Referências
- ↑ "Fortificações nos Açores existentes em 1710" in Arquivo dos Açores, p. 179. Consultado em 8 dez 2011.
- ↑ JÚDICE, 1981:410.
- ↑ BORBA GATO, 2000.
- ↑ Op. cit., p. 71.
- ↑ BASTOS, 1997:268.
- ↑ Carta Arqueológica: Forte de São Caetano do Pópulo in Centro de Conhecimento dos Açores. Consultado em 21 ago 2011.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- BASTOS, Barão de. "Relação dos fortes, Castellos e outros pontos fortificados que se achão ao prezente inteiramente abandonados, e que nenhuma utilidade tem para a defeza do Pais, com declaração d'aquelles que se podem desde ja desprezar." in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LV, 1997. p. 267-271.
- BORBA GATO, João Leite de Chaves e Melo. "Proposta de Plano Defensivo de São Miguel, e Situação da Fortificação e da Artilharia da Ilha" (Arquivo Histórico Ultramarino). in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. LVIII, 2000.
- CASTELO BRANCO, António do Couto de; FERRÃO, António de Novais. "Memorias militares, pertencentes ao serviço da guerra assim terrestre como maritima, em que se contém as obrigações dos officiaes de infantaria, cavallaria, artilharia e engenheiros; insignias que lhe tocam trazer; a fórma de compôr e conservar o campo; o modo de expugnar e defender as praças, etc.". Amesterdão, 1719. 358 p. (tomo I p. 300-306) in Arquivo dos Açores, vol. IV (ed. fac-similada de 1882). Ponta Delgada (Açores): Universidade dos Açores, 1981. p. 178-181.
- JÚDICE, João António. "Relatório do Engenheiro João António Júdice, sobre as fortificações da ilha terceira e da ilha de S. Miguel" (Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Papéis do Ministério do Reino, Maço 611). in Arquivo dos Açores, vol. V (ed. fac-similada de 1883). Ponta Delgada (Açores): Universidade dos Açores, 1981. p. 407-418.
- NEVES, Carlos; CARVALHO, Filipe; MATOS, Artur Teodoro de (coord.). "Documentação sobre as Fortificações dos Açores existentes nos Arquivos de Lisboa – Catálogo". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. L, 1992.
- SOUSA, João Soares de Albergaria de. Corografia Açórica: Descrição Física, Política e Histórica dos Açores. Ponta Delgada (Açores): Jornal de Cultura, 1995. 142p. ISBN 972-755-013-4
- VIEIRA, Alberto. "Da poliorcética à fortificação nos Açores: introdução ao estudo do sistema defensivo nos Açores nos séculos XVI-XIX". in Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, vol. XLV, tomo II, 1987.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Forte de São Caetano do Pópulo». in Centro de Conhecimento dos Açores
- «Fortificação/Ilha de São Miguel». in Instituto Histórico da Ilha Terceira
- «REZENDES, Sérgio. "A fortificação da Idade Moderna nos Açores: o caso específico das Ilhas de São Miguel, Terceira e São Jorge".» (PDF). in VI Seminário Regional de Cidades Fortificadas e I Encontro Técnico de Gestores de Fortificações, 31 de março a 2 de abril de 2010.