Francisco José das Chagas
Francisco José das Chagas | |
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Cidadania | Santos |
Ocupação | militar |
Causa da morte | forca |
Francisco José das Chagas, mais conhecido como Chaguinhas, foi um cabo negro do Primeiro Batalhão de Santos no período do Império português.
História[editar | editar código-fonte]
Em 27 de julho de 1821, sob o governo do tenente-coronel Bento Alberto da Gama e Sá, abrigava-se no velho quartel da Rua de Santa Catarina o Primeiro Batalhão de Caçadores, parte da guarnição, composta ao todo de um regimento. Nesse quartel, teve origem a Revolta nativista, onde os amotinados reivindicavam salários com atrasos de 5 anos, aumento do soldo e igualdade no tratamento de soldados brasileiros e portugueses. A sentença do Chaguinhas e José Joaquim Cotindiba, foi a pena de morte pela forca. [1]. Chefiada por Chaguinhas e outros seis soldados, os amotinados atacaram uma embarcação de bandeira portuguesa, fato que causou o prisão de seus líderes, Chaguinhas, Cotindiba[2], Sargento José Corrêa, o furriel Joaquim Roiz, os soldados José Maria Ramos e José Joaquim Lontra e o cabo Floriano Peres. Francisco das Chagas e Cotindiba foram os únicos que seguiram presos para São Paulo, aparentemente pelo fato de serem os cabeças do motim, fato que foi contestado pelos irmãos Andradas (José Bonifácio de Andrada e Silva, Martim Francisco Ribeiro de Andrada e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva) que, sem afrontar visivelmente a grande força dos retrógrados de São Paulo, queriam tentar a salvação dos soldados de sua terra.
Condenação[editar | editar código-fonte]
Sua condenação chocou a cidade. A forca foi erguida no atual Largo da Liberdade. No dia 20 de setembro de 1821 houve a execução. Primeiro foi o soldado Contindiba. Depois, foi lançado Chaguinhas, mas a corda arrebentou e o réu caiu ao chão. O povo, que a tudo assistia, gritou: "Liberdade", termo esse que deu origem ao atual nome do local. Era o costume desse tempo, perdoar-se o condenado, ou comutar-lhe a pena, em casos semelhantes. Para outros era a vontade de Deus, mais poderosa que a dos homens. O governo, consultado, foi intolerante, e novamente foi armado o laço e dependurado para lançamento. E assim se fez. Mas eis que a corda arrebentou de novo. E o povo gritou: “Milagre!”. De qualquer forma, Chaguinhas, pela terceira vez foi enforcado, mas ainda mostrando sinais vitais, foi assassinado a pauladas, terminando a pena[3].
Legado[editar | editar código-fonte]
Velas foram acesas e uma cruz foi erguida no local do crime. Em 1887 foi construído uma capela, a Capela de Santa Cruz das Almas dos Enforcados. Ou simplesmente Igreja das Almas. A documentação primária diz que sua primeira missa celebrou-se em 1 de maio de 1891, ano de sua fundação. Sua festa passou a se dar no dia 3 de maio, pois em abril de 1911 a Irmandade de Santa Cruz dos Enforcados solicitou ao vigário foral do arcebispado - São Paulo já se tornara sede de Arquidiocese nessa época - a permissão para a procissão e a festa de 3 de maio[4].
“ | “Vi com meus próprios olhos a execução do cabo Chaguinha, que se deu antes do julgamento do pedido de clemência feito ao príncipe regente, D. Pedro I. Ao iniciar o enforcamento, o cabo caiu porque a corda se rompeu. Como não havia corda própria para enforcar, usaram laço de couro, mas o instrumento não foi capaz de o sufocar com presteza. A corda novamente se partiu e o condenado caiu ainda semivivo; já em terra foi acabado de assassinar” - Padre Diogo Antônio Feijó | ” |
Até os dias atuais Chaguinhas é cultuado na Capela dos Aflitos que fica ao final da Rua dos Aflitos, na Liberdade. Na pequena capela há a cela onde Chaguinhas ficou preso. Ali, devotos costumam escrever seus pedidos, colocar na porta e bater 3 vezes.
Hoje, sua história também serve de inspiração para um novo processo de reconhecimento do bairro da Liberdade como importante território e marco da história dos negros na cidade de São Paulo.
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
Referências
- AUTO DE CORPO DE DELITO DE 1821
- SENTENÇA DA PRIMEIRA INSTÂNCIA (1821)
- DECISÃO DO GOVERNO PROVISÓRIO (1821)