Liberdade (bairro de São Paulo)
Liberdade リベルダーデ | |
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Bairro de São Paulo | |
Dia Oficial | 2º sábado de dezembro |
Fundação | dezembro de 1905 (119 anos) |
Estilo arquitetônico inicial | Arquitetura eclética e art nouveau |
Estilo arquitetônico predominante | brutalista e orgânica (incluindo a arquitetura oriental) |
Imigração predominante | Japão, China, Taiwan, Coreia do Sul |
Distrito | Liberdade e Sé |
Subprefeitura | Sé |
Região Administrativa | Centro |
ver |
Liberdade é um bairro situado na zona central do município de São Paulo, pertencente em parte ao distrito da Liberdade e, em parte, ao distrito da Sé.
A Liberdade é conhecida como um "bairro japonês", embora a presença nipônica não tenha ocorrido em todo o bairro, mas em ruas específicas. Imigrantes japoneses começaram a se estabelecer na região em 1912, vindos do interior de São Paulo, pois muitos não se adaptaram ao trabalho nas fazendas de café e passaram a buscar por melhores oportunidades na capital. Ainda hoje o bairro é famoso por seus restaurantes e comércio tipicamente japoneses, bem como pelas luminárias orientais e letreiros em japonês.
Atualmente, a maioria dos japoneses e descendentes já não reside no bairro, mantendo apenas seus estabelecimentos comerciais na região. Com a saída dos japoneses, a região passou a receber muitos imigrantes chineses e coreanos.
História
[editar | editar código-fonte]Primórdios
[editar | editar código-fonte]No século XIX, o bairro era conhecido como Bairro da Pólvora, em referência à Casa da Pólvora, construída em 1754, no largo da Pólvora. Era uma região periférica da cidade, e ficava no caminho entre o Centro da cidade de São Paulo e o então município de Santo Amaro. No bairro, se localizava o largo da Forca, assim nomeado em função da presença de uma forca, que era utilizada para a execução da pena de morte. A forca havia sido transferida da rua Tabatinguera, em 1604, a pedido dos religiosos do Convento do Carmo, e funcionou até 1870. A partir de então, o largo passou a se chamar Largo da Liberdade, e o nome se estendeu a todo o bairro. Existem duas versões para a adoção do nome "Liberdade"ː uma diz que é uma referência a um levante de soldados que reivindicavam o aumento de seus salários à coroa portuguesa em 1821, e que teria resultado no enforcamento dos soldados Chaguinhas e Cotindiba. O público que acompanhava a execução, ao ver que as cordas que prendiam Chaguinhas arrebentaram várias vezes, teria começado a gritar "liberdade, liberdade". Outra versão diz que o nome Liberdade é uma referência à abolição da escravidão.[1][2]
Durante o século XIX, imigrantes portugueses e italianos construíram sobrados que, com o tempo, viraram pensões e repúblicas que seriam habitadas, nas primeiras décadas do século XX, por imigrantes japoneses.[1]
Chegada dos imigrantes japoneses
[editar | editar código-fonte]Em 1908, desembarcou no Porto de Santos o primeiro grupo de japoneses, destinados a trabalhar como colonos nas fazendas de café do interior do estado de São Paulo. Nos anos seguintes, novas levas de japoneses continuaram a chegar. Alguns japoneses, porém, não se adaptaram ao trabalho nas fazendas de café, porque ganhavam mal, já outros porque não eram agricultores.[3] Assim, grupos de japoneses foram saindo do interior do estado e se mudando para a cidade de São Paulo. Em 1912, os primeiros japoneses estabeleceram-se no bairro da Liberdade e foram seguidos por muitos outros.[4] A preferência pela Liberdade ocorreu principalmente porque na região havia moradias a custo relativamente baixo, havendo também a possibilidade de sublocação das casas para terceiros, o que barateava os gastos. A região também era bem localizada, facilitando o acesso rápido à região central da cidade, onde os japoneses podiam procurar emprego, bem como ter acesso a meios de transporte para regiões mais afastadas do centro.[5] Em 1915, moravam na região 300 japoneses e, no mesmo ano, foi fundada a primeira escola nipônica, chamada Taisho Shogakko (Escola Primária Taisho), para educar os filhos dos imigrantes.[6]
Os japoneses não se estabeleceram em todo o bairro, mas concentraram-se nas porções central e norte, principalmente nas ruas Conde de Sarzedas, Galvão Bueno, Tabatinguera, Conde de Pinhal, Tomás de Lima (2 quarteirões), Conselheiro Furtado (2 quarteirões), Irmã Simpliciana, Estudantes, Glória, Carolina Augusta, Oliveira Monteiro, João Carvalho e São Paulo. [5]
Foi particularmente na rua Conde de Sarzedas que os japoneses mais se concentraram. No início do século XX, nos porões das casas começaram a surgir as primeiras barbearias e restaurantes de comida japonesa.[5] Na mesma época, começaram a surgir atividades comerciais ligadas à cultura japonesa: uma casa que fabricava tofu (queijo de soja), outra que fabricava manju (doce japonês). Assim, a rua Conde de Sarzedas passou a ser conhecida como "rua dos japoneses". Em 1932, cerca de 2 mil japoneses moravam na cidade de São Paulo, dos quais cerca de 600 moravam na rua Conde de Sarzedas. [6]
Saída dos japoneses e chegada de outros imigrantes
[editar | editar código-fonte]Durante a II Guerra Mundial, a comunidade japonesa foi perseguida pela ditadura de Getúlio Vargas, sob o pretexto de proteção da "segurança nacional". [7][4][8] Em 1942, Vargas rompeu relações diplomáticas com o Japão.[6]
Na noite de 2 de fevereiro de 1942, agentes policiais do DEOPS (Departamento Estadual de Ordem Pública e Social) acordaram os japoneses residentes nas ruas Conde de Sarzedas e dos Estudantes e, sem qualquer ordem judicial, avisaram que teriam que abandonar a área em 12 horas. Sem ter para onde ir, a maioria ficou. Porém, os policiais retornaram na noite de 6 de setembro, quando se deu um prazo de dez dias para que os japoneses saíssem da Liberdade. Somente com o fim da guerra, em 1945, que os japoneses puderam retornar para a Liberdade, onde reabriram seus negócios ou simplesmente voltaram a residir.[4]
Em 1953, foi inaugurado na rua Galvão Bueno um prédio de 5 andares, com salão, restaurante, hotel e uma grande sala de projeção no andar térreo, comportando 1.500 espectadores, chamada de Cine Niterói. Nesse cinema, eram exibidos semanalmente filmes produzidos no Japão, para entreter a comunidade nipônica. Assim, a rua Galvão Bueno passou a ser o centro do bairro da Liberdade, onde as características japoneses se tornaram mais evidentes.[6]
Embora muitos japoneses tenham retornado para a Liberdade com o término da evacuação da II Guerra Mundial, a partir da década de 1950, muitos outros começaram a sair novamente, sobretudo devido à ascensão social da comunidade nipônica, que passou a procurar por melhores bairros para viver. Esse êxodo foi agravado nas décadas de 1960 e 1970, devido às obras que foram realizadas na região, fazendo com que ruas fossem alargadas, bem como a construção do metrô, levando à desativação de muitos pontos comerciais. Em decorrência, muitos japoneses deixaram de morar na região, mantendo apenas seus estabelecimentos comerciais. À medida que saíam os japoneses, a região começou a ser ocupada por imigrantes chineses e coreanos, principalmente após a década de 1970. [6] [5]
Embora muitos dos japoneses já nem morem no bairro, a Liberdade mantém a fama de ser um "bairro japonês". A região conta com lojas, restaurantes e bares orientais, além de ser utilizada como palco para manifestações culturais, como danças folclóricas japonesas e exibições de filmes nipônicos. [6] [5] O bairro é classificado pelo CRECI como "Zona de Valor D", assim como outros bairros da capital: Casa Verde, Carandiru e Brás.[9]
Pontos turísticos
[editar | editar código-fonte]- Feira da Liberdade
- Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil
- Templo Busshinji Comunidade Soto Zen Shu
- Templo Lohan
- Jardim Japonês
- Rua Thomaz Gonzaga
- Templo Quannin do Brasil
- Escola de Samba Lavapés
Galeria de fotos
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Jardim Oriental localizado na Rua Galvão Bueno, ao lado da Radial Leste
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A Feira da Liberdade oferece pratos chineses e japoneses preparados de acordo com a tradição
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Rua dos Aflitos na Liberdade
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Decorações feitas especialmente para o Tanabata Matsuri realizado anualmente no bairro
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Movimento nas barracas de comida de rua durante festival
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Mercado de produtos variados localizado no bairro
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Fachada do banco Bradesco com motivos orientais.
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Visão do bairro a partir da Rua Galvão Bueno, ao centro, o Hospital Leforte. Ao fundo é possível ver a cúpula da Catedral da Sé e o Farol Santander
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Nos semáforos de pedestres do bairro, os indicadores mostram toriis em homenagem a comunidade japonesa da região
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Hotel com cartaz em japonês no bairro.
Referências
- ↑ a b Nippo. Disponível em http://www.nippobrasil.com.br/especial/n027.php. Acesso em 3 de fevereiro de 2018.
- ↑ Estadão. Disponível em http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,historia-da-liberdade-vai-dos-enforcados-aos-imigrantes,1778989. Acesso em 3 de fevereiro de 2018.
- ↑ «Cronologia da Imigração Japonesa in Folha de S.Paulo, 20 de abril de 2008». Uol. Consultado em 17 de agosto de 2008. Cópia arquivada em 3 de fevereiro de 2014
- ↑ a b c «SUZUKI Jr, Matinas. História da discriminação brasileira contra os japoneses sai do limbo» (PDF). usp.br. Consultado em 17 de agosto de 2008. Cópia arquivada (PDF) em 7 de setembro de 2014
- ↑ a b c d e Bairro da Liberdade e a imigração japonesa: a idéia de Bairro Japonês
- ↑ a b c d e f História do Bairro da Liberdade
- ↑ https://www.usp.br/proin/download/imprensa/imprensa_integras_20_04_2009.pdf
- ↑ [https://jornal.usp.br/revistausp/revista-usp-119-textos-8-imigrantes-indesejaveis-a-ideologia-do-etiquetamento-durante-a-era-vargas/ Imigrantes indesejáveis. A ideologia do etiquetamento durante a Era Vargas ]
- ↑ «Pesquisa CRECI» (PDF). 11 de julho de 2009. Consultado em 13 de julho de 2009. Arquivado do original (PDF) em 6 de julho de 2011