Campos Elíseos (bairro de São Paulo)
Campos Elíseos | |
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Bairro de São Paulo | |
Fundação | 1879 |
Distrito | Santa Cecília |
Subprefeitura | Sé |
Região Administrativa | Centro |
ver |
Campos Elíseos[nota 1] é um bairro da cidade de São Paulo localizado no distrito de Santa Cecília, região central. Foi o primeiro bairro planejado da cidade, onde se fixaram vários dos antigos e abastados fazendeiros do café.[1][2]
Nos Campos Elíseos está localizada a antiga sede do Governo do Estado de São Paulo, o Palácio dos Campos Elíseos, que pertenceu anteriormente ao aristocrata e político Elias Antônio Pacheco e Chaves, localizado na antiga Alameda dos Bambus, futura Avenida Rio Branco, e que proporcionou a reutilização de suas iniciais entrelaçadas "EC" para "CE", nos portões da mansão, bem como em toda a louça, prataria, etc. do anterior proprietário. A sede do Governo foi transferida posteriormente, após sofrer um incêndio, para o Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi. Veio a abrigar posteriormente a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo. A Sala São Paulo e a Estação Júlio Prestes, que foi reformada para ser a maior sala de concertos da cidade, também se localizam no bairro.
História
[editar | editar código-fonte]O bairro dos Campos Elíseos foi idealizado e loteado por empresários suíços no fim do século XIX, em 1878, notadamente pelo suíço Frederico Glete e o alemão Victor Nothmann, que adquiriram antiga chácara em um local conhecido como Campo Redondo e a lotearam. Para isso contrataram o arquiteto alemão Herman von Puttkamer, que desenhou o urbanismo da área.
A localização era privilegiada: próximo da Estação Sorocabana, inaugurada em 1878 (atual estação Estação Júlio Prestes) e da Estação da Luz e, ao mesmo tempo, não muito longe do centro da cidade, os espaçosos terrenos do loteamento eram ideais para abrigar as mansões e residências dos barões do café quando vinham à capital a negócios. O Liceu Coração de Jesus, renomada instituição pedagógica também se instalou na área. E ficava nas cercanias o principal hospital da cidade à época, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Algumas das ruas foram batizadas com os sobrenomes destes empresários ou em homenagem aos seus países de origem, como Alameda Glette, Alameda Nothmann, Alameda Cleveland e Rua Helvetia.
No início do século XX, os Campos Elíseos eram um bairro bastante elegante, abrigando as mansões e residências dos barões do café e a residência oficial do Presidente do Estado de São Paulo (atual governador do Estado): o Palácio dos Campos Elíseos, na Avenida Rio Branco, uma de suas vias mais importantes.
Na Revolta Paulista de 1924 o bairro foi bombardeado e durantes os combates vários pontos da cidade foram atingidos, em especial bairros operários como Mooca, Ipiranga, Brás, Belenzinho e Centro, que foram seriamente afetados pelos bombardeios.
A crise do café e o início da decadência
[editar | editar código-fonte]A partir de década de 1930, os Campos Elíseos sofreram com o prejuízo dos barões do café que lá moravam. Com as dificuldades dos cafeicultores, e seus herdeiros que repartiam as heranças, e que optaram por mudarem para novos bairros, muitos casarões e mansões foram demolidos, cedendo espaço a prédios de apartamentos e galpões industriais. Outros continuaram de pé, sendo alugados e sublocados, transformando-se em pensões, cortiços e moradias coletivas precárias.
Mas outros fatores também contribuíram para a decadência progressiva do bairro, entre as décadas de 1930 e 1990:
- A inauguração da antiga estação rodoviária da cidade, atualmente desativada, que se instalou a poucos quarteirões do bairro, próximo à estação de trem Júlio Prestes;
- A transferência da sede e da residência oficial do governador do Estado de São Paulo para o Morumbi (Palácio dos Bandeirantes), diminuindo a relativa importância política do bairro, a conservação de ruas e o policiamento em torno do governador;
- A debandada da elite remanescente para os "novos bairros" como Higienópolis e região da Avenida Paulista e para os bairros construídos pela Cia City (Empresa Inglesa de Urbanização) Jardins, Pacaembu, Alto da Lapa e Alto de Pinheiros se deu por conta da crescente ocupação das áreas da várzea do Rio Tietê (Barra Funda e Bom Retiro) pela população operária, que passou a usar os Campos Elíseos como rota para alcançar o Centro e frequentar os equipamentos públicos como o Jardim da Luz e praças;
- O processo de decadência e esvaziamento do centro da cidade, a partir da década de 1970, com a transferência de muitos escritórios para a região da Avenida Paulista;
- A falta de atratividade do bairro para a classe média, uma vez que a maioria dos prédios de apartamentos lá construídos, das décadas de 1930 e 1940, não tinham garagem, pois na época poucos carros eram utilizados, nem área de lazer, pois não havia clubes locais, (os edifícios passaram a ser ocupados por famílias de renda mais modesta, que não tinham condições de conservar adequadamente os imóveis);
- O elevado número de cortiços, que inibia a perspectiva de novos empreendimentos imobiliários;
- A vizinhança com os bairros da Luz e Santa Ifigênia, áreas conhecidas como Cracolândia, onde a prostituição, a marginalidade e o uso de drogas prosperavam.
Nem a inauguração de duas estações da linha 3 do Metrô de São Paulo - Estação Santa Cecília e Estação Marechal Deodoro -, durante a década de 1980, reverteu esse processo de esvaziamento.
Década de 2000 - Formação dos cortiços nas regiões
[editar | editar código-fonte]Nos últimos anos, a iniciativa privada (aproveitando os 21% das 13 imóveis desvalorizados, porém com ótima infraestrutura de acesso) tem ocupado e reformado alguns casarões e edifícios antigos, como é o caso de grandes empresas como a Porto Seguro Seguros e Tejofran. Entretanto, a iniciativa privada foi proibida e as ações ainda tímidas, apesar dos projetos municipais de revitalização do centro da cidade.
Ainda é possível encontrar muitos cortiços e habitações precárias. Além disso, o bairro, por estar localizado entre a Barra Funda - onde está a oficina de reciclagem de papel Boracéa - e o centro de São Paulo, acaba por atrair catadores de papel e muitos moradores de rua que vivem desta atividade. Alguns terrenos vazios e desocupados, lindeiros à rede ferroviária da CPTM, foram ocupados por sem-terra, onde foi constituída a Favela do Moinho.
Apenas um núcleo do bairro preservou características das décadas de 1930 e 1940. Trata-se da região próxima à rua Chácara do Carvalho (antiga propriedade do Conselheiro Antônio da Silva Prado, com seu majestoso palacete), onde fica o Colégio Boni Consilii: ali ainda existem alguns poucos casarões e edifícios residenciais de porte, muitos com garagem, ocupados ainda por pessoas de classe média.
Situação atual
[editar | editar código-fonte]Atualmente o bairro passa por grandes requalificações por conta da iniciativa privada. A empresa Porto Seguro não desistiu do bairro e tem investido alto em aquisições de casarões do século XIX; estes imóveis são reformados e ocupados pelos escritórios da empresa. Outros investimentos expressivos da Porto são os recentes e modernos Teatro Porto Seguro e o Centro Cultural Porto Seguro, ambos na Alameda Barão de Piracicaba, 740 e 610 respectivamente que contam com instalações modernas, alta tecnologia e requinte no conteúdo apresentado.
No social a Porto lançou a campanha "Campos Elíseos Mais Gentil" uma iniciativa para manutenção e preservação do bairro juntamente com a associação de moradores. Sesi/Senai/Sesc também possuem instalações de peso na região. Foi aberta uma unidade moderna do Sesc na Alameda Nothmann, 185 e Unidade Senai de Informática na Alameda Barão de Limeira, 539. Ainda na educação, Campos Elíseos conta ainda com duas ETECs, faculdade Oswaldo Cruz, escolas judaicas, católicas, municipais e estaduais. O bairro ainda possui boa infraestrutura como bancos, supermercados, farmácias, padarias, restaurantes, academias, metrô, ônibus, ciclofaixas e serviços diversos.
Outras vantagens do bairro são:
- Transporte Público: Muitas opções de transporte público com as estações Marcehal Deodoro e Santa Cecília da Linha 3-Vermelha do metrô, Estação Júlio Prestes da Linha 8-Diamante da CPTM, Estação Luz com as linhas Linha 1-Azul e Linha 4-Amarela do Metrô e a estação homônima das linhas Linha 7-Rubi e Linha 11-Coral da CPTM. Além da farta oferta de metrô e trem, o bairro ainda conta com o terminal de ônibus urbano Princesa Isabel, e os corredores de ônibus das avenidas São João e Rio Branco, com várias linhas de ônibus que permeiam o bairro;
- Cultura: Os carros chefes culturais do bairro são a mundialmente famosa sala de concertos Sala São Paulo (Sede da OSESP), que encontra-se na Estação Júlio Prestes, a sala de ópera Theatro São Pedro que atrai público de todos os cantos do Brasil e do exterior e a renomada escola de artes cênicas Macunaíma, Pinacoteca de São Paulo com grandes e aclamadas exposições e o Museu da Língua Portuguesa. Além destes, o bairro também abriga uma unidade da FUNARTE, Museu da Energia que está localizado na antiga casa da família de Santos Dumont, os Tecnológicos Teatro e Centro Cultural Porto Seguro e uma grande unidade do SESC que tem o nome de Sesc Bom Retiro, mas está localizada no bairro de Campos Elíseos;
- Educação: O bairro conta com uma bem equipada unidade do SENAI informática, duas ETEC's, FATEC Sebrae, Faculdade Campos Elíseos, a respeitada Faculdade Oswaldo Cruz além de escolas estaduais que estão em prédios históricos como a Conselheiro Antônio Prado que está instalada na antiga casa aristocrata da tradicional família Prado;
- Serviços públicos: O bairro ainda conta com o 77º DP (delegacia), 13º Batalhão da Polícia Militar (além de postos móveis), Corpo de Bombeiros, Hospital e UBS/AMA especializada Municipal, unidades sociais que atendem moradores em situação de rua e dependentes químicos e etc;
- Comércio e abastecimento: Campos Elíseos conta com inúmeros supermercados de grandes redes e mercados locais, loja de produtos orgânicos, sacolão hortifruti, feira aos sábados na Rua Adolfo Gordo (ambos na Alameda Eduardo Prado) e padarias;
- Comércio, lojas e restaurantes: Na parte SUL do bairro é predominantemente tomado pelo comércio de autopeças e de lojas de ar-condicionado mas na parte Norte é possível encontrar um comércio mais bairrista e diversificado como lojas de moda, cosméticos, bazares, papelarias, farmácias, bancos/casa lotérica, academias como Smart-fit e de artes marciais, restaurantes buffet, a la carte e especializado (comida japonesa, hamburgueria, panquecas, pizzarias veganas/tradicionais e etc) e docerias e cafés como a tradicional Holandesa, Cacau Show e outros cafés e lanchonetes locais.
Notas
Referências
- ↑ «Conselho Gestor Campos Elíseos | Secretaria Municipal de Habitação | Prefeitura da Cidade de São Paulo». prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 15 de Janeiro de 2018
- ↑ Proc. SC 24.506/86 - Tombamento pelo Condephaat