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Francisco de Melo, 3.º marquês de Ferreira

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 Nota: Se procura por outras personalidades com o nome Francisco de Melo, veja Francisco de Melo.
D. Francisco de Melo desempenhando o papel de Condestável do Reino na Aclamação de D. João IV em 1640; pintura de José da Cunha Taborda, 1823, Palácio Nacional da Ajuda

D. Francisco de Melo (Vilalva, 5 de Agosto de 158818 de Março de 1645, Lisboa) 3.º Marquês de Ferreira, 4.º Conde de Tentúgal, 15.º Condestável de Portugal.

Filho de D. Nuno Álvares Pereira de Melo, 3.º Conde de Tentúgal, e duma castelhana, Mariana de Castro, filha de Rodrigo de Moscoso Osório, 5.° Conde de Altamira, e neto do 2.° Marquês de Ferreira e 2.º Conde de Tentúgal, do mesmo nome, e de D. Eugénia de Bragança, D. Francisco de Melo fazia parte da casa real portuguesa. Ao contrário do seu primo direito (e homônimo), o capitão Francisco de Melo, o marquês de Ferreira tornou-se pela sua tácita aprovação, entre os membros da mais alta fidalguia, numa das figuras mais importantes da Revolução de 1640. A visita, em Agosto de 1633 do Duque de Bragança, futuro D. João IV, com seu irmão D. Alexandre, ao marquês de Ferreira em Évora, em que «a cidade acolheu-o com as marcas próprias de um soberano, na desejada antevisão de sua realeza» é uma data importante para a ideia da Restauração.

Quando D. João voltou para Vila Viçosa, depois de ter sido hospedado em Almada, onde os conjurados tentaram convencê-lo do projeto, "os Fidalgos ficaram desconsolados, e quase com a esperança perdida, vendo que se ia sem resolver nada; porém o Monteiro-mor Francisco de Melo (outro homónimo) não desistia, dando por cartas notícia do negócio ao Marquês de Ferreira, e rogando-lhe que apadrinhasse este honrado pensamento. O Marquês fazia saber tudo a el-Rei Nosso Senhor, e procurava todos os meios eficazes para o persuadir.[1]" Ele e seu irmão Jorge de Melo "correram sempre com muita amizade com o Marquês e com seu Irmão D. Rodrigo de Melo, por razão do grande parentesco que tem com esta Casa; eles eram os que davam aviso de tudo o que os Confederados deliberavam, e do estado das coisas do Reino de Castela, com todas as mais circunstâncias concernentes ao intento[1]".

A 12 de Outubro de 1640, os Conjurados reuniram-se em casa de D. Antão de Almada. Pedro de Mendonça Furtado foi a Évora, sondar mais uma vez o Marquês de Ferreira, e outros nobres, e depois a Vila Viçosa, onde não escondeu ao Duque a urgência dos conjurados em lançarem o movimento.

A 2 de Dezembro, logo após a revolução, seguindo Portalegre e Elvas, declarou-se D. Francisco em favor do novo rei, proclamando-o em Évora.

Depois da Restauração da Independência, no dia 15 de Dezembro de 1640, alçado e aclamado solenemente em Lisboa, D. João IV, numa cerimónia decorrida num grande teatro de madeira armada, revestido de preciosos panejamentos, contíguo à engalanada varanda do Paço da Ribeira, jurou manter, respeitar, e fazer cumprir os tradicionais foros, liberdades e garantias dos Portugueses, violados pelo seu antecessor estrangeiro, diante da Nobreza, do Clero e do Povo de Portugal.

Entre os mais altos oficiais-mores da corte portuguesa, o camareiro-mor João Rodrigues de Sá, o alferes-mor Fernão Teles de Meneses, 1.º Conde de Vilar Maior, o mordomo-mor D. Manrique da Silva, futuro primeiro marquês de Gouveia, o reposteiro-mor Bernardim de Távora e o guarda-mor Pedro de Mendonça Furtado, destacava-se D. Francisco de Melo, que trazia "o Estoque desembainhado, e levantado com ambas as mãos (…), fazendo o officio de Condestavel".[2]

Depois da Restauração, ocupou o lugar de Conselheiro de Estado.

Em 1648, o novo soberano reconheceria que em caso de extinção da sua posteridade, a Côroa passaria a um ramo colateral da Casa de Bragança, cujo representante, o Marquês de Ferreira D. Nuno Álvares Pereira de Melo, filho de Francisco de Melo já desaparecido, foi então agraciado com o título de Duque de Cadaval, em homenagem a seu pai.

O médico Manuel Alvares de Távora mais tarde conhecido por Abraham Zacuto Lusitano, neto do célebre astrónomo Abraão Zacuto, indica na sua obra[3] ter curado em Lisboa o marquês, supõe-se durante a epidemia de peste de 1600.

Dados genealógicos

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Casou em primeiras núpcias com Maria de Moscoso y Sandoval, sua prima direita.

E, em segundas núpcias, com Juana Pimentel, sua sobrinha, filha do 4.° Marquês de Tavara.

Filhos do Casamento I:

Filhos do Casamento II:

Referências

  1. a b RELAÇÃO de tudo o que passou na felice Aclamação do mui Alto & mui Poderoso Rei D. JOÃO O QUARTO, nosso Senhor, cuja Monarquia prospere Deos por largos anos. Texto publicado em 1641, sem indicação do autor, impresso à custa de Lourenço de Anveres e na sua oficina, e unanimemente atribuído ao Padre Nicolau da Maia de Azevedo
  2. Auto do Levantamento e Juramento d' El-Rei Dom João IV : http://www.angelfire.com/pq/unica/monumenta_1640_auto_do_levantamento_e_juramento.htm Arquivado em 2 de abril de 2015, no Wayback Machine.
  3. Zacuti Lusitani, medici et philosophi praestantissimi, Opera Omnia. In quo De medicorum principium historia. Lyon : Jean-Antoine Huguetan et Marc-Antoine Ravaud, 1649 (http://web2.bium.univ-paris5.fr/livanc/?cote=00342x01&do=chapitre e http://web2.bium.univ-paris5.fr/livanc/?cote=00342x02&do=chapitre)