Ganja (etimologia)

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Este artigo é sobre uma palavra em Hindustani. Para outros usos, consulte Ganja (desambiguação).

A palavra ganja escrita em grafite em Sevilha, Espanha
Som da palavra sendo falada em suaíli por um queniano.

Som da palavra sendo falada por um alemão.

Som da palavra em português sendo falada por uma brasileira.

Som da palavra sendo falada por um francês.

Ganja (pronúncia em português: [ˈɡɐ̃ʒɐ][1], PT; Pronúncia hindi: [ɡaːɲd͡ʒaː]), do Hindustâni ganjhā[2], é um dos sinônimos mais antigos e mais usados para maconha. Seu uso em inglês data de antes de 1689.[3]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O termo Ganja é emprestado do hindi/urdu gāñjā (em hindi: गांजा, em urdu: گانجا), um nome para a cannabis na língua indo-ariana que descende de uma forma primitiva do sânscrito védico. O sânscrito gañjā refere-se a uma "preparação poderosa da Cannabis sativa".[4][5][6][7][8] Mas na língua hindi, a palavra refere-se apenas a uma parte da planta. Gāñjā é o título dado às flores, enquanto charas se refere à resina e bhang às sementes e folhas.[9]

A palavra ganja chegou ao mundo ocidental por meio das vítimas da escravidão. As vítimas do comércio atlântico de escravos foram trazidas da África para a Jamaica em 1513. Em 1845, o Império Britânico começou a traficar índios escravizados para o Caribe para fortalecer a força de trabalho nas plantações de açúcar. Eles trouxeram consigo elementos de sua cultura, inclusive a ganja.[10]

Uma fonte acadêmica situa a data de introdução da ganja na Jamaica em 1845.[11] O termo surgiu com os trabalhadores do século XIX, cujos descendentes são hoje conhecidos como indo-jamaicanos.[12]

A palavra foi usada na Europa já em 1856, quando os britânicos decretaram um imposto sobre o comércio de "ganja".[13]

Em 1913, a Jamaica proibiu a cannabis com a Lei da Ganja (Ganja Law).[14]

Uso contemporâneo do termo ganja[editar | editar código-fonte]

Uso do inglês[editar | editar código-fonte]

Ganja é o termo mais comum para a maconha nas Índias Ocidentais.[12][15]

Na cultura popular[editar | editar código-fonte]

Bob Marley popularizou o rastafári e a ganja por meio do reggae. Em 1976, Peter Tosh defendeu o uso da ganja na música "Legalize It".[16] O grupo de hip hop Cypress Hill reviveu o termo nos Estados Unidos em 2004, em uma música intitulada Ganja Bus, seguido por outros artistas, inclusive o rapper Eminem na música "Must Be the Ganja", de 2009.[13][17]

Em outros idiomas[editar | editar código-fonte]

Os derivados do termo são usados como palavras genéricas para maconha em vários idiomas, como indonésio/língua malaia (ganja), língua quemer (កញ្ឆា, kanhchhea), língua laociana (ກັນຊາ, kan sa), tailandês (กัญชา, gancha), tiwi (kanja),[18] e vietnamita (cần sa).

Referências[editar | editar código-fonte]

Wikcionário
Wikcionário
O Wikcionário tem os verbetes ganja e गांजा.
  1. Seara, Izabel Christine; Nunes, Vanessa Gonzaga; Lazzarotto-Volcão, Cristiane (2011). Fonética e fonologia do português brasileiro : 2º período (PDF). Florianópolis: LLV/CCE/UFSC. p. 44. ISBN 978-85-61482-38-1 
  2. Editora, Porto. «Ganja no Dicionário infopédia da Língua Portuguesa». Porto: Porto Editora. Consultado em 25 de abril de 2024 
  3. «10 Words From Hindi & Urdu». Merriam-Webster. Consultado em 25 de abril de 2024. Cópia arquivada em 15 abril 2019 
  4. Schwartz, Martin (2008). «Iranian L, and Some Persian and Zaza Etymologies». Iran & the Caucasus. 12 (2): 281–287. JSTOR 25597374. doi:10.1163/157338408X406056 
  5. McGregor, R. S. (Ronald Stuart) (29 Novembro 1993). «The Oxford Hindi-English dictionary». dsal.uchicago.edu 
  6. Torkelson, Anthony R. (1996). The Cross Name Index to Medicinal Plants, Vol. IV: Plants in Indian medicine, p. 1674, ISBN 9780849326356, OCLC 34038712. CRC Press. [S.l.]: Taylor & Francis. ISBN 9780849326356 
  7. Kranzler, Henry R.; Korsmeyer, Pamela (2009). Encyclopedia of Drugs, Alcohol & Additive Behaviour. [S.l.]: Gale. p. 28. ISBN 978-0-02866-064-6 [ligação inativa]
  8. Steinmetz, Katy (20 Abril 2017). «420 Day: Why There Are So Many Different Names for Weed». Time. Consultado em 26 Abril 2024. Cópia arquivada em 12 Agosto 2018 
  9. «Origins and Modern Use of Ganja - RQS Blog». Royal Queen Seeds (em inglês). Consultado em 26 de abril de 2024 
  10. Ren, Guangpeng; Zhang, Xu; Li, Ying; Ridout, Kate; Serrano-Serrano, Martha L.; Yang, Yongzhi; Liu, Ai; Ravikanth, Gudasalamani; Nawaz, Muhammad Ali; Mumtaz, Abdul Samad; Salamin, Nicolas; Fumagalli, Luca (16 Jul 2021). «Large-scale whole-genome resequencing unravels the domestication history of Cannabis sativa». Science Advances (em inglês). 7 (29). ISSN 2375-2548. PMC 8284894Acessível livremente. PMID 34272249. doi:10.1126/sciadv.abg2286 
  11. Mansingh, Laxmi; Mansingh, Ajai (1999). Home Away from Home: 150 Years of Indian Presence in Jamaica, 1845-1995. [S.l.]: I. Randle Publishers. p. 127. ISBN 9768123397 
  12. a b Lisa Rough (14 maio 2015). «Jamaica's Cannabis Roots: The History of Ganja on the Island». Leafly. Consultado em 25 de abril de 2024. Cópia arquivada em 11 abril 2019 
  13. a b Linder, Courtney (19 abril 2015). «Pot patois: A comprehensive etymology of marijuana». The Pitt News. Consultado em 17 março 2019. Cópia arquivada em 3 abril 2019 
  14. «The ganja law of 1913: 100 years of oppressive injustice - Columns». JamaicaObserver.com. 2 de dezembro de 2013. Consultado em 24 de julho de 2015. Cópia arquivada em 25 de julho de 2015 
  15. Courtwright, David T. (2009). Forces of Habit. [S.l.]: Harvard University Press. ISBN 978-0-674029-90-3 
  16. Pieter Coertzen; M Christiaan Green; Len Hansen, eds. (2015). Law and Religion in Africa: The quest for the common good in pluralistic societies. [S.l.]: African Sun Media. p. 186. ISBN 978-1-919985-63-3 
  17. Rafael Pérez-Torres (2006). Mestizaje: Critical Uses of Race in Chicano Culture. [S.l.]: U of Minnesota Press. pp. 97–. ISBN 978-0-8166-4595-4 
  18. Dictionary AuSIL Arquivado em 3 março 2023 no Wayback Machine