Hypsolebias antenori

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Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Cyprinodontiformes
Família: Rivulidae
Gênero: Hypsolebias
Espécie: Hypsolebias antenori
(Tulipano, 1973)
Nome binomial
Hypsolebias antenori

Hypsolebias antenori é uma espécie de peixe-anual da família Rivulidae que habita o semiárido brasileiro, sendo uma das muitas espécies do gênero Hypsolebias adaptadas ao regime hidrológico a região.[2]

Descrição[editar | editar código-fonte]

A espécie apresenta dimorfismo aparente, com machos maiores (geralmente de 55 a 60 mm e 3 g) e mais coloridos que as fêmeas (geralmente de 45 a 50 mm e 1 g). Os machos possuem o corpo azul esverdeado com inúmeros pontos brancos. As nadadeiras também são bem maiores que as das fêmeas, com a nadadeira anal vermelha com a extremidade preta, enquanto as fêmeas são menos chamativas, com o corpo cinzento com manchas negras.[3]

Ocorrência[editar | editar código-fonte]

Ocorre no semiárido brasileiro, de Fortaleza até a bacia do Rio Piranhas-Açu, abrangendo o nordeste do Ceará e o noroeste do Rio Grande do Norte nas inúmeras bacias costeiras da região.[2][4]

Habitat[editar | editar código-fonte]

Habitam pequenos corpos d'água temporários, como poças e riachos, que se enchem na estação chuvosa e secam completamente ao longo do período de estiagem. As poças em que vivem podem chegar a tamanhos muito diminutos, com menos de 2 metros de diâmetro e menos de 30 centímetros de profundidade.[3][5]

Ciclo de Vida[editar | editar código-fonte]

Em um habitat tão efêmero, os peixes devem completar todo seu ciclo de vida dentro dos 3 a 4 meses de vida que correspondem à estação chuvosa.[6] Os peixes se reproduzem nas poças temporárias e depositam seus ovos no substrato do fundo. Após a secagem completa da poça todos os adultos morrem, mas os ovos são capazes de resistir por meses sem água durante o período de diapausa, quando seu desenvolvimento embrionário é temporariamente interrompido. Com a volta das chuvas no ano seguinte, as poças se enchem e os filhotes eclodem.[2][3][5][6] A nova geração tem então os próximos meses para chegar à fase adulta e se reproduzir, por conta disso sua maturação é muito acelerada.[6]

Conservação[editar | editar código-fonte]

A espécie é classificada como Pouco Preocupante (LC) pela Lista Vermelha da IUCN.[4] Entre os principais riscos está a destruição de habitat provocada pela expansão agropecuária, especialmente a produção de frutas, a urbanização e a indústria ceramista na região.[5] Modificações na hidrologia das poças também são uma ameaça à espécie, que depende do ciclo de cheias e seca para a continuidade das gerações. A construção de barragens, a transposição do Rio São Francisco e a alteração do regime de chuvas provocado pelo aquecimento global estão entre as possíveis causas de desregulação do ciclo hidrológico do seu habitat.[2][5] Recentemente, a espécie foi registrada na unidade de conservação do Parque Nacional da Furna Feia, no Rio Grande do Norte, representando uma área para sua preservação.[2]

Referências

  1. «Hypsolebias antenori». Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade - SALVE. Consultado em 5 de dezembro de 2023 
  2. a b c d e Abrantes, Yuri Gomes; Medeiros, Lucas Silva de; Bennemann, Ana Beatriz Alves; Bento, Diego de Medeiros; Teixeira, Francisco Keilo; Rezende, Carla Ferreira; Ramos, Telton Pedro Anselmo; Lima, Sergio Maia Queiroz (31 de julho de 2020). «Geographic distribution and conservation of seasonal killifishes (Cyprinodontiformes, Rivulidae) from the Mid-Northeastern Caatinga ecoregion, northeastern Brazil». Neotropical Biology and Conservation (em inglês) (3): 301–315. ISSN 2236-3777. doi:10.3897/neotropical.15.e51738. Consultado em 5 de dezembro de 2023 
  3. a b c Nascimento, W.S.; Yamamoto, M.E.; Chellappa, S. (30 de junho de 2012). «Proporção Sexual e Relação Peso-Comprimento do Peixe Anual Hypsolebias antenori (Cyprinodontiformes: Rivulidae) de Poças Temporárias da Região Semiárida do Brasil». Biota Amazônia (1): 37–44. doi:10.18561/2179-5746/biotaamazonia.v2n1p37-44. Consultado em 5 de dezembro de 2023 
  4. a b IUCN (7 de novembro de 2018). «Hypsolebias antenori: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio): The IUCN Red List of Threatened Species 2022: e.T186795A1818494» (em inglês). doi:10.2305/iucn.uk.2022-1.rlts.t186795a1818494.pt. accessed on 05 december 2023. Verifique |doi= (ajuda). Consultado em 5 de dezembro de 2023 
  5. a b c d Nascimento, W. S.; Yamamoto, M. E.; Chellappa, N. T.; Rocha, O.; Chellappa, S. (maio de 2015). «Conservation status of an endangered annual fish Hypsolebias antenori (Rivulidae) from Northeastern Brazil». Brazilian Journal of Biology (em inglês): 484–490. ISSN 1519-6984. doi:10.1590/1519-6984.19113. Consultado em 5 de dezembro de 2023 
  6. a b c «GONAD DEVELOPMENT, FECUNDITY AND TYPE OF SPAWNING - ProQuest». www.proquest.com. Consultado em 5 de dezembro de 2023 
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