Igreja de Santo André (Mafra)
Igreja de Santo André | |
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Fachada principal da igreja | |
Tipo | igreja, património cultural |
Estilo dominante | Gótico |
Início da construção | século XIV |
Restauro | século XX |
Função inicial | Igreja paroquial |
Proprietário(a) atual | Estado Português |
Função atual | Religiosa (igreja paroquial) |
Religião | Igreja Católica Romana |
Diocese | Arquidiocese de Lisboa |
Património de Portugal | |
Classificação | Monumento Nacional |
Ano | 1935 |
DGPC | 70521 |
SIPA | 2340 |
Geografia | |
País | Portugal |
Cidade | Mafra |
Coordenadas | 38° 56′ 11″ N, 9° 20′ 16″ O |
Localização em mapa dinâmico |
A Igreja de Santo André localiza-se na Vila Velha (freguesia de Mafra), a 1000 m do Convento de Mafra, pela antiga Rua Serpa Pinto. De estilo gótico, é o templo mais antigo da freguesia de Mafra e um dos mais significativos exemplos das igrejas paroquiais que proliferaram em Portugal entre os séculos XIII e XIV.[1]
Terminada por volta de 1344, passou por diversas obras durante os séculos XVII-XVIII. Nas primeiras décadas do século XX foi restaurada pela última vez, devido à sua avançada degradação. Em 1935 foi classificada como Monumento Nacional.[1][2]
A tradição afirma que Pedro Hispano foi pároco desta igreja no século XIII, antes de ser eleito papa como João XXI.[2]
História
[editar | editar código-fonte]Do ponto de vista arquitectónico, a Igreja de Santo André de Mafra é um templo de características relativamente arcaicas, como evidenciado pela baixa altura dos volumes e as paredes muito espessas, o que levou diferentes autores a situar sua edificação no século XIII. Atualmente, porém, considera-se que a igreja existente foi construída nos anos 30 e 40 do século XIV,[1] e não há evidência concreta de que tenha sido construída no lugar de um templo anterior.[2] A primeira referência à igreja é o testamento de D. Maria Anes de Aboim, mulher do donatário D. João Fernandes de Lima, quem havia recebido a vila do rei D. Dinis em 1289.[2] O testamento, datado de 1337, indica que nessa altura o templo terá sido sujeito a grandes obras que lhe terão dado o aspecto definitivo. Também por volta dessa data foi adotado Santo André como orago da igreja.[2]
As obras da igreja já estavam terminadas em 1344, quando foi sepultado na capela-mor D. Diogo Afonso de Sousa, herdeiro de D. Maria Anes de Aboim.[2] Tanto D. Diogo como sua mulher, D. Violante Lopes Pacheco, foram sepultados em arcas de pedra decorados com motivos heráldicos, actualmente localizados nas naves laterais.[2][1]
Nos séculos seguintes, a igreja passou por campanhas de renovação e ganhou novas estruturas anexas. No século XVII a capela-mor foi redecorada com talha dourada e os túmulos medievais foram transferidos dali para as naves.[2] Também foi levantada a casa da Irmandade do Santíssimo Sacramento, localizada adossada à capela-mor, e uma torre sineira, localizada nos fundos da igreja.[2][1] A Igreja de Santo André foi o centro organizador do urbanismo da vila até a construção do Convento de Mafra, a partir de 1717.[1][2] A "Vila Velha", onde se encontrava a igreja, e o convento foram conectados por uma extensa rua, a antiga Calçada das Reais Obras, atualmente rua Serpa Pinto.[3]
A decoração barroca da igreja e as estruturas anexas, incluindo a torre, foram removidas nos restauros realizados na primeira metade do século XX, que tiveram como objetivo restaurar a aparência medieval do edifício.[2][1] Entre 1997 e 1998 realizaram-se escavações arqueológicas na igreja e terreno circundante que revelaram restos de um baptistério medieval e outros edifícios anexos já demolidos, além de uma necrópole utilizada desde a época medieval até o século XIX.[2]
Arquitetura
[editar | editar código-fonte]A Igreja de Santo André de Mafra está composta por um corpo de três naves com cobertura de madeira e uma cabeceira formada por uma única capela-mor de dois tramos, o último de forma pentagonal, coberta por uma abóbada de pedra. Por fora, a cabeceira é sustentada por contrafortes escalonados e possui gárgulas zoomórficas.[2] A fachada principal tem uma empena de forma triangular, encimada por uma cruz, com um óculo simples localizado mais abaixo.[2][1] O registro inferior da fachada exibe um portal de quatro colunas e arquivoltas, com capitéis de decoração vegetalista, inserido num alfiz. Na fachada lateral sul também há um portal gótico inserido em alfiz, com três arquivoltas e capitéis vegetalistas.[2]
No interior, se observa que as naves estão separadas por arcos quebrados baixos, assentes em colunas com capitéis vegetalistas.[2][1] Um arco triunfal, também de arco quebrado, separa as naves da capela-mor, que está coberta por abóbada de aresta, com mísulas decoradas. O janelão principal da capela é trilobado.[2] Nas naves se encontram os túmulos de D. Diogo Afonso de Sousa e sua mulher, com tampas lisas e decoradas com motivos heráldicos nas laterais. Estas arcas funerárias estão possivelmente relacionados às oficinas escultórias trecentistas responsáveis pelos túmulos da Sé de Lisboa.[1]
De maneira geral, as características arquitectónicas da igreja de Mafra são comuns em igrejas paroquiais erigidas no período entre os finais do século XIII e inícios do século XIV em Portugal, num estilo frequentemente designado gótico dionisino em referência ao reinado de D. Dinis.[1] Outras igrejas da mesma época são a Igreja de Santa Maria de Sintra e a de Santa Maria da Lourinhã.[1]
Referências
Ver também
[editar | editar código-fonte]Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Igreja de Santo André no sítio da Câmara Municipal de Mafra