Ivanildo Hespanhol

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ivanildo Hespanhol
Conhecido(a) por
Nascimento
Brasil
Morte 3 de janeiro de 2019
São Paulo, SP, Brasil
Residência Brasil
Nacionalidade brasileiro
Cônjuge Vera Lúcia Parlatore Hespanhol
Alma mater Universidade de São Paulo, Universidade da Califórnia em Berkeley
Instituições
Campo(s) Engenharia civil, Engenharia ambiental, engenharia sanitária

Ivanildo Hespanhol (? - São Paulo, 3 de janeiro de 2019) foi um pesquisador, engenheiro e cientista brasileiro, que foi um dos pioneiros e referência por décadas na pesquisa sobre escassez, conservação e reúso de águas no Brasil [1][2], sendo uma das autoridades científicas mais influentes sobre gerenciamento de água no continente americano[3], além de ter tido uma atuação científica de relevância internacional quando trabalhou como engenheiro ambiental na Organização Mundial de Saúde (OMS)[4].

Biografia[editar | editar código-fonte]

Ingressou na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1956, tendo concluído o curso de engenharia civil na USP em 1961. Depois de formado, ele permaneceu desenvolvendo pesquisas durante a década de 1960, vindo a concluir um doutorado na Faculdade de Saúde Pública da USP em 1968 com a tese "Investigação sobre o comportamento e aplicabilidade de filtros lentos de areia no Brasil", sob a orientação do professor doutor José Martiniano de Azevedo Neto.[1][4][5]

Na década de 1970, Ivanildo Hespanhol se mudou com sua família para os Estados Unidos da América, vindo a concluir um mestrado em Engenharia Sanitária na Universidade da Califórnia em Berkeley em 1972 e, em seguida, avançou em seus estudos de pós-graduação quando em 1975 defendeu na mesma universidade estadunidense a tese de doutorado "The role of polyelectrolytes in flocculation kinetics" sob a supervisão dos professores Warren Kaufman e Robert Selleck, vindo a obter um segundo doutorado.[1][4][5]

Após ingressar como professor efetivo na Escola Politécnica da USP, ele avançou na carreira docente vindo a alcançar a posição acadêmica de professor titular na Universidade de São Paulo[4], onde orientou diversos alunos que se tornariam professores na USP, como Pedro Alem Sobrinho e José Carlos Mierzwa[5].

Entre o período de 1987 a 1995, Ivanildo Hespanhol atuou em Genebra (Suíça) como engenheiro ambiental perante a OMS.[4]

Entre 1998 e 1999, Ivanildo Hespanhol foi um dos fundadores do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (CIRRA), no qual veio a se tornar o seu Presidente.[4][5][2]

Em 2007, na condição de cientista e inventor, ele registrou uma patente sobre o "Processo de obtenção de membranas nanocompósitas de polissulfona com argila bentonita sódica para microfiltração e membranas nanocompósitas resultantes"[6], que por dever profissional acabou sendo titularizada pela USP, universidade na qual ele trabalhava.[7]

Pensamento[editar | editar código-fonte]

Ivanildo Hespanhol era defensor do reuso de águas para fins de abastecimento humano e animal, por meio do investimento na potabilidade da água "reciclada", sendo um crítico das autoridades governamentais que se recusavam ou eram indiferentes à discussão do reúso potável do esgoto, enquanto que elas continuavam a permitir o lançamento desse mesmo esgoto nos rios e represas da Região Metropolitana de São Paulo, muitas vezes sem nenhum tipo de tratamento.[5]

Sobre esta questão, Ivanildo costumava recordar dos métodos utilizados no Império Romano, em que aquela civilização poluía seus rios e quando os mesmos eram imprestáveis para consumo humano, fazia com que os romanos fossem buscar água limpa em cursos de água distantes dos rios e lagos já poluídos. Desta forma, à medida que a população romana aumentava, essa procura por águas limpas se realizava em locais cada vez mais longe, o que implicou na necessidade de desenvolvimento de tecnologias hidráulicas, como os aquedutos.[5]

Obras[editar | editar código-fonte]

Ivanildo contribuiu academicamente para o campo da engenharia, publicando alguns livros e capítulos de coletâneas[8], tais como:

  • "Impacts of Wastewater Use and Disposal on Groundwater";
  • "Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável";
  • "Control de la contaminación del agua: Guia para aplicación de principios relacionados com el manejo de la calidad del agua";
  • "Gestão da água no Brasil";
  • "Água na indústria: uso racional e reúso";
  • "Water pollution control: a guide to the use of water quality management principles";
  • "Uso e Conservação de Água em Prédios Públicos - Manual Prático".

Referências

  1. a b c «Homenagem Póstuma ao Professor Ivanildo Hespanhol». Portal Tratamento de Água. 27 de março de 2019. Consultado em 4 de julho de 2023 
  2. a b Yuri Vasconcelos (2015). «Água reciclada». Revista Pesquisa FAPESP. Consultado em 4 de julho de 2023 
  3. «Estudo da USP mostra chuveiro elétrico como opção mais econômica para o banho». AECweb. 16 de abril de 2009. Consultado em 4 de julho de 2023 
  4. a b c d e f «O FALECIMENTO DO PROF. DR. IVANILDO HESPANHOL» (PDF). REVISTA BRASIL ENGENHARIA. 2019. Consultado em 4 de julho de 2023 
  5. a b c d e f «Professor Dr. Ivanildo Hespanhol: um legado de inovação para o saneamento» (PDF). Revista DAE. 2019. Consultado em 4 de julho de 2023 
  6. «Análise da produção científica em nanotecnologia no Brasil». Consultado em 4 de julho de 2023 
  7. «Principais Titulares de Pedidos de Patente no Brasil, com Prioridade Brasileira: Depositados no Período de 2004 a 2008» (PDF). INPI. Consultado em 4 de julho de 2023 
  8. «Morre o professor Ivanildo Hespanhol, referência no tema de reúso da água». Jornal da USP. 7 de janeiro de 2019. Consultado em 4 de julho de 2023