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José Pinto de Azeredo

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José Pinto de Azeredo
Nascimento 1766
Rio de Janeiro
Morte 1810 (43–44 anos)
Lisboa
Cidadania Brasil
Alma mater
Ocupação médico
Distinções
  • Cavaleiro da Ordem de Cristo

José Pinto de Azeredo (Rio de Janeiro, 1766 - 1810, Lisboa) foi um médico luso-brasileiro que atuou tanto em Portugal, como no Brasil e em Angola.

Seu trabalho mais notável foi como fundador do curso de medicina na Angola Portuguesa, além de suas obras como médico-pesquisador.

Nasceu no Rio de Janeiro em 1766, filho de Francisco Ferreira de Azeredo, médico-militar do Rio de Janeiro. Azeredo era brasileiro de nascimento e súdito da Coroa portuguesa.[1]

Fez seus estudos de latim, filosofia racional e moral e retórica, no Rio; seguiu para a Europa com a finalidade de matricular-se em medicina na Universidade de Edimburgo. Lá estuda entre 1786 e 1788. Forma-se porém em medicina, em aproveitamento de créditos, pela Universidade de Leiden, com defesa, em maio de 1788, de uma dissertação sobre a gota.[1]

Após a formatura, segue para Lisboa, onde fica entre junho de 1788 e maio de 1789. Por documento real de fevereiro de 1789 é reconhecida a sua capacidade de exercer medicina em Portugal e nos domínios ultramarinos. Por carta-patente de 24 de abril de 1789 é nomeado, por D. Maria I, físico-mor de Luanda, para servir ao corpo militar de Angola e os doentes do hospital da cidade, além de ter a missão de abrir uma "Escolla de Medicina".[1]

Regressou ao Rio de Janeiro em junho de 1789. Ali iniciou sua prática de medicina, com observações clínicas no Rio, na Bahia e em Pernambuco. Realizou medições experimentais sobre a composição do ar da cidade que levam à publicação, em 1790, do artigo sobre o Exame químico da atmosfera do Rio de Janeiro. Na própria cidade, fez apresentações sobre a composição do ar na Sociedade Literária do Rio de Janeiro.[1]

Após um ano e meio no Brasil, viaja para Angola, com chegada provável a Luanda em setembro de 1790. Ali inicia a prática clínica no Hospital Real de Luanda e no suporte aos militares portugueses da cidade.[1]

Seu trabalho por qual é mais conhecido inicia de fato de setembro de 1791, com a abertura oficial da "Aula de Medicina e Anatomia de Luanda" (atual Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto). Os manuscritos que serviriam de material de estudo para os alunos são feitos a seu próprio punho, formando um prolífico material sobre medicina de sua própria autoria. No tempo em que foi professor, realizou muitos estudos sobre as doenças tropicais angolanas.[1]

No regresso a Lisboa, em 1797, organiza e edita seus escritos publicando-os dois anos depois (1799), gerando o livro Ensaios sobre Algumas Enfermidades d'Angola.[2] Na chegada a Lisboa opta por trabalhar como médico privado, até ser nomeado para o Hospital Militar de Xabregas em 1802.[2] Neste período escreve as obras Isagoge Pathologica do Corpo Humano (1802), Curtas Reflexões sobre Algumas Enfermidades Endêmicas do Rio de Janeiro no Fim do Século Passado (1802) e Coleção de Observações Clínicas (1803).[3]

Após 1803 foi nomeado médico da Real Câmara de D. Maria I, obtendo muito prestígio profissional; tornou-se ainda Cavaleiro da Ordem de Cristo e fez parte do círculo de letrados da Academia das Ciências de Lisboa.[3]

Faleceu em 1810, em Lisboa. Faz seu universal herdeiro o irmão, residente no Rio de Janeiro, deixando-lhe uma valiosa biblioteca.[1]

Referências

  1. a b c d e f g Pinto, Manuel Serrano; Cecchini, Marco Antonio G.; Malaquias, Isabel Maria; Moreira-Nordemann, Lycia Maria; Pita, João Rui. O médico brasileiro José Pinto de Azeredo (1766?-1810) e o exame químico da atmosfera do Rio de Janeiro. Hist. cienc. saude-Manguinhos vol.12 no.3 Rio de Janeiro Sept./Dec. 2005
  2. a b Abreu, Jean Luiz Neves. José Pinto de Azeredo e as Enfermidades de Angola: Saber Médico e Experiências Coloniais nas Últimas Décadas do Século XVIII. Universidade Federal de Uberlândia. 2012.
  3. a b Abreu, Jean Luiz Neves. José Pinto de Azeredo e as Enfermidades de Angola. Revista de História, São Paulo, n. 166, p. 163-183, jan./jun. 2012

Ligações externas

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