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João Mistacão

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
João Mistacão
Nascimento século VI
Trácia
Nacionalidade Império Bizantino
Cônjuge Placídia

João Mistacão ou João, o Bigodudo (em grego: Ἰωάννης ὀ Μυστάκων; romaniz.: Ioánnes o Mystákon, fl. 580–590),[1] foi um proeminente general bizantino durante a guerra contra os persas do Império Sassânida ocorrida nos reinados dos imperadores Tibério II (r. 578–582) e Maurício (r. 582–602).

Soldo de Maurício (r. 582–602)
Dinar de ouro de Cosroes II (r. 590–628)

João era nativo da Trácia e esposo de Placídia, a filha de Anastácio e Juliana e parente do imperador Anastácio I (r. 491–518).[2] Aparece pela primeira vez em 579, ao lado de Curs, quando serviu como general na Armênia. Se já não era mestre dos soldados da Armênia à época, foi elevado à posição em 582, quando foi também nomeado mestre dos soldados do Oriente pelo recém-coroado Maurício (r. 582–602).[1]

Logo depois, possivelmente no outono de 582, lutou numa grande e acirrada batalha contra um exército sassânida comandado por Cardarigano perto da junção dos rios Ninfeu (atual Batman) e Tigre. Nesta batalha, João comandou o centro, Curs a ala direita e Ariulfo a esquerda. Inicialmente, tudo correu bem, o centro e a esquerda conseguindo empurrar a linha persa para trás, mas Curs não conseguiu seguir o passo, supostamente por causa de sua inveja de João, provocando a derrocada do exército bizantino, que teve que fugir derrotado.[3][4] Após outra derrota durante um cerco fracassado à fortaleza de Acbas, foi substituído, no final de 583, por Filípico.[5]

Em 587, após a captura do general Casto pelos ávaros, foi enviado à Trácia com Droctulfo como comandante de um novo exército. João conseguiu levantar o cerco ávaro a Adrianópolis depois de derrotá-los numa batalha, mas se recusou a persegui-los. Em 589, estava de volta ao comando na Armênia como mestre dos soldados, um posto que deteve até uns poucos anos depois da paz de 591 com a Pérsia, quando foi substituído por Heráclio, o Velho, pai do futuro imperador Heráclio (r. 610–641). Segundo Sebeos, por esta época foi elevado ao prestigioso estatuto de patrício.[5]

Em 589, cercou a capital armênia de Dúbio, mas abandonou-a ao saber da rebelião do general Barã Chobim contra o Hormisda IV (r. 579–590). Aproveitando-se da guerra civil, atacou a região do Azerbaijão e capturou uma grande quantidade de espólios e escravos. No outono de 590, recebeu notícias da situação na Pérsia de Bindoes e enviou-as ao imperador. Recebeu ordens de Maurício para se unir a Narses e ajudar a restaurar o legítimo Cosroes II (r. 590–628) ao trono. No verão de 591, deixou a Armênia com as tropas locais e uniu-se a Narses contra Barã. Liderou as tropas armênias na decisiva Batalha do Blaratão na qual as forças de João e Narses e os persas sob Cosroes derrotaram Barã e asseguraram o trono persa para Cosroes.[6] Apesar de ter ajudado Cosroes, as fontes afirmam que João questionava sua aptidão para ser rei.[7]

Precedido por
Desconhecido (último citado: Teodoro)
Mestre dos soldados da Armênia
579 — 582
Sucedido por
Desconhecido
Precedido por
Maurício
Mestre dos soldados do Oriente
582 — 583
Sucedido por
Filípico
Precedido por
Desconhecido
Mestre dos soldados da Armênia
589 — 591
Sucedido por
Heráclio, o Velho

Referências

  1. a b Martindale 1992, p. 679.
  2. Martindale 1992, p. 1042.
  3. Martindale 1992, p. 361, 679.
  4. Greatrex 2002, p. 167.
  5. a b Martindale 1992, p. 680.
  6. Martindale 1992, p. 680–681.
  7. Martindale 1992, p. 681.
  • Greatrex, Geoffrey; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part II, 363–630 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-14687-9 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Ioannes 101 (Mystacon)». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8