Lema do bombeamento para linguagens livres de contexto

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O lema do bombeamento para linguagens livres de contexto, também conhecido como o lema de Bar-Hillel, é um lema que dá uma propriedade compartilhada por todas as linguagens livres de contexto.

Enunciado formal[editar | editar código-fonte]

Se uma linguagem L é livre de contexto, então existe algum inteiro p ≥ 1 tal que qualquer sequência de caracteres s em L com |s| ≥ p (onde p é o comprimento do bombeamento) pode ser escrita como

s = uvxyz

com sub cadeias u, v, x, y e z, tal que |vxy| ≤ p, |vy| ≥ 1, e

uv nxy nz está em L para todo inteiro n ≥ 0.

Expressão formal[editar | editar código-fonte]

O lema do bombeamento para linguagens livres de contexto (chamado apenas "lema do bombeamento" de agora em diante) descreve uma propriedade que todas as linguagens livres de contexto garantidamente possuem.

A propriedade é uma propriedade de todas as cadeias na linguagem que são de comprimento pelo menos p, onde p é uma constante chamada comprimento do bombeamento -- que varia entre as linguagens livres de contexto.

Seja s uma cadeia de comprimento pelo menos p que está na linguagem.

O lema do bombeamento diz que s pode ser dividida em cinco sub cadeias, , onde vy não é vazia e o comprimento de vxy é no máximo p, tal que repetindo v e y qualquer (e o mesmo) número de vezes em s produz uma cadeia que ainda está na linguagem (é possível e frequentemente útil repetir zero vezes, o que remove v e y da cadeia). Este processo de "bombear para cima" cópias adicionais de v e y é o que dá nome ao lema do bombeamento.

Observe que linguagens finitas (que são regulares e portanto livres de contexto) obedecem ao lema do bombeamento trivialmente por ter p igual ao comprimento da maior cadeia em L mais um. Como não existem cadeias desse comprimento o lema do bombeamento não é violado.

O lema do bombeamento é frequentemente usado para provar que uma determinada linguagem não é livre de contexto, mostrando que para todo p podemos encontrar alguma cadeia s de comprimento pelo menos p na linguagem que não possua as propriedades citadas acima, ou seja, que não possa ser "bombeada" sem produzir algumas cadeias que não estão na linguagem.

Uso do lema[editar | editar código-fonte]

O lema do bombeamento para linguagens livres de contexto pode ser usado para mostrar que certas linguagens não são livres de contexto.

Por exemplo, podemos mostrar que a linguagem não é livre de contexto usando o lema do bombeamento em uma prova por contradição. Primeiro, suponha que é livre de contexto. Pelo lema do bombeamento, existe um inteiro que é o comprimento de bombeamento da linguagem . Considere a cadeia em . O lema do bombeamento nos diz que pode ser escrita na forma , onde , e são subcadeias, tal que , , e está em para todo inteiro . Pela nossa escolha de e o fato de que , é facilmente visto que a subcadeia não pode conter mais de duas letras distintas. Ou seja, temos uma das cinco possibilidades para :

  1. para algum .
  2. para algum e com .
  3. para algum .
  4. para algum e com .
  5. para algum .

Para cada caso, é fácil verificar que não contém quantidades iguais de cada letra para qualquer . Assim, não tem a forma . Isto contradiz a definição de . Portanto, nossa hipótese inicial de que é livre de contexto deve ser falsa.

Enquanto o lema do bombeamento é muitas vezes uma ferramenta útil para provar que uma determinada linguagem não é livre de contexto, o mesmo não dá uma caracterização completa das linguagens livres de contexto. Se uma linguagem não satisfaz a condição dada pelo lema do bombeamento, temos estabelecido que ela não é livre de contexto. Por outro lado, há linguagens que não são livres de contexto, mas ainda satisfazem a condição dada pelo lema do bombeamento. Existem técnicas de provas mais poderosas disponíveis, tais como o lema de Ogden, mas estas técnicas também não dão uma caracterização completa das linguagens livres de contexto.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Bar-Hillel, Y.; Perles, M. and Shamir, E. (1961). «On formal properties of simple phrase-structure grammars». Zeitschrift fur Phonetik, Sprachwissenschaft, und Kommunikationsforschung. 14: 143–177 
  • Michael Sipser (1997). Introduction to the Theory of Computation. [S.l.]: PWS Publishing. ISBN 0-534-94728-X  Section 1.4: Nonregular Languages, pp. 77–83. Section 2.3: Non-context-free Languages, pp. 115–119.