Lo Crestià

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Início do Terç del Crestià segundo o manuscrito 1792 da Biblioteca Nacional de Madrid. Este manuscrito contém os capítulos 1-523 de este livro, que tem no total 1060 capítulos.

Lo Crestià (O Cristão) foi uma enciclopédia promovida por Pedro o Ceremonioso e redigida por Francesc Eiximenis[1] entre 1379 e 1392 em catalão. O primeiro volume e a primeira metade do Dotzè (décimo segundo volume) foram publicadas pelo impressor alemão Lambert Palmart em Valência em 1483 e 1484 respectivamente.

Segundo o estudioso suíço-canadense Curt Wittlin o nome deveria ser Lo Cristià.[2]Inicialmente devia constar de treze volumes que conteriam "sumáriamente todo o fundamento do cristianismo", para estimular o estudo da teologia entre os laicos. Hoje pode se dizer que é uma enciclopédia da vida medieval. Lo Crestià é uma obra universal que marca una etapa importante na história da literatura occidental: é a última das grandes sumas teológicas medievais, e é também um dos primeiros grandes escritos da literatura didáctica e teológica européia que deixa o latim en benefício duma língua vernácula, o catalão.

Plano general[editar | editar código-fonte]

O plano geral da obra aparece no capítulo 4 da introdução a todo Lo Crestià,[3] e é o seguinte:

  • O primeiro livro deveria ter sido uma introdução general e apologética ao cristianismo.
  • O segundo livro deveria ter tratado da tentação.
  • O terceiro livro deveria ter tratado do mal e das diferentes classes de pecados.
  • O quarto livro deveria ter tratado da libertade do homem para fazer bem ou mal, e da ajuda que Déus lhe da para fazer bem.
  • O quinto livro deveria ter tratado das tres virtudes teologais: Fe, esperança e caridade.
  • O sexto livro deveria ter tratado das quatro virtudes cardinais: Prudência, justiça, temperança e fortaleça.
  • O sétimo livro deveria ter tratado dos dez mandamentos.
  • O oitavo livro deveria ter tratado da ordem das coisas e das criaturas segundo a mentalidade medieval.
  • O noveno livro deveria ter tratado da encarnação.
  • O décimo livro deveria ter tratado dos sacramentos.
  • O décimo primeiro livro deveria ter tratado das diferentes classes do clero.
  • O décimo segundo livro deveria ter tratado do governo da comunidade.
  • O décimo terceiro livro deveria ter tratado da Escatologia e do fim do mundo, e da recompensa ou castigo que as pessoas receberam então segundo a mentalidade medieval.

Desse projeto somente se escreveram os três primeiros livros, dedicados a matérias teológico-morais, e o décimo segundo, que trata do governo da "cosa pública", dos príncipes e dos súditos. No entanto, matérias deviam ser tratadas em outros volumes de Lo Crestià estão disseminadas por outras obras de Francesc Eiximenis.

Volumes[editar | editar código-fonte]

Primeiro volume[editar | editar código-fonte]

O primeiro volume, ou Primer del Crestià, foi escrito entre 1379 e 1381, e é uma introdução geral ao cristianismo que inclui uma refutação de la islã e do judaísmo. Está dividido em quatro partes de diversa proporção, que formam um conjunto de trezentos setenta e seis capítulos, além de cinco capítulos introductórios a todo Lo Crestià. Isto dá um total de trezentos oitenta e um capítulos. O interesse do rei Pedro o Cerimonioso por esta produção foi tam importante, que déu ordems de no deixar sair do convento a Eiximenis "fins que la dita obra haja perfecció" (até que ista obra tinha perfeição).[4]

Segundo volume[editar | editar código-fonte]

O segundo volume, ou Segon del Crestià, foi escrito entre 1382 e 1383, e analisa o problema das tentações. Está dividido em duzentos quarenta capítulos.

Terceiro volume[editar | editar código-fonte]

O terceiro volume, ou Terç del Crestià, foi escrito em 1384. Tem um total de mil sessenta capítulos, compreendidos en doze tratados de diversa proporção, nos quais estuda os conceitos do mal e do pecado. Faz também uma presentação muito detalhada dos sete pecados capitais e dos pecados da língua, ampliando os temas tratados no segundo volume.[5] Este volume inclui o apartado Com usar bé de beure e menjar (Cómo usar bem de beber e comer) que, mesmo se não inclui receitas, pode se usar como uma guia para conhecer tudo o que rodeava a gastronomia de aquele tempo, incluindo o serviço na mesa, o protocolo e as normas morais aplicadas à mesa.[6]

Décimo segundo volume[editar | editar código-fonte]

O décimo segundo volume, ou Dotzè del Crestià, escrito entre 1385 e 1392, é um tratado, que suma novecentos sete capítulos, distribuídos em oito partes onde se estudam os princípios fundamentais do governo das cidades e das comunidades.

Edições digitais de Lo Crestià[editar | editar código-fonte]

Manuscritos[editar | editar código-fonte]

  • [1] Primeira metade (capítulos 1-523) do Terç del Crestià (BNC, ms. 457).

Incunábulos[editar | editar código-fonte]

  • [2] Primer del Crestià (Valência, Lambert Palmart, 1483).
  • [3] Primeira metade (Capítulos 1-473) do Dotzè del Crestià (Valência, Lambert Palmart, 1484).

Lo Crestià dentro das obras completas on line[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Lo Crestià Arquivado em 26 de outubro de 2014, no Wayback Machine.. Artigo da Associação de Escritores em Língua Catalã. (em catalão)
  2. Wittlin, Curt. "Era Cristià Lo Crestià de Francesc Eiximenis? Història d'un error de Paleografia". Caplletra, 48. Primavera 2010. 163-77. (em catalão)
  3. Eiximenis, Francesc. Lo Crestià. Barcelona. Ed. 62 / La Caixa. 1983. Pág. 41. Seleção a cargo de Albert Hauf. (em catalão)
  4. Introdução a Lo Crestià (em catalão). Biblioteca Valenciana Digital (Generalitat Valenciana).
  5. Lo Crestià. (Artigo na Grande Enciclopédia Catalã). (em catalão)
  6. Francesc Eiximenis. Història de la nostra gastronomia artigo de Juan A. Fernández publicado na pág. 18 de Sóller, o 29 de maio de 2010 (em catalão)