Mundo islâmico
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O mundo islâmico ou mundo muçulmano (em árabe: عالم إسلامي), também conhecido como Umma, Islã ou Islão, tem vários significados. Em um sentido religioso, a Umma Islâmica se refere àqueles que aderem aos ensinamentos do islamismo, chamados de muçulmanos. Em um sentido cultural, a Umma muçulmana refere-se a civilização islâmica, exclusivo dos não-muçulmanos que vivem nessa civilização. Em um sentido geopolítico moderno, o termo nação islâmica geralmente se refere coletivamente à maioria muçulmana em países, estados, distritos ou cidades. A partir da crescente corrente da Sociologia do Islã, a terminologia “o mundo islâmico” vem sendo abandonada, uma vez que forma implicações de que muçulmanos formam um mundo singular e separado em si; ao invés disso, os estudos islâmicos focalizam as variações interiores ao islã e as interações entre praticantes do islã e membros de outras fés religiosas. [1]
Apesar de estilos de vida islâmicos enfatizarem a unidade e defesa dos irmãos, existem vertentes diferentes dentro do islã. No passado, tanto o chamado pan-islamismo, no qual se invocam as visões generalizantes de solidariedade dos hanifs para representar a totalidade da comunidade de crentes, quanto as correntes nacionalistas têm influenciado o mundo muçulmano.
Terminologia
[editar | editar código]O termo foi documentado já em 1912 para abranger a influência da propaganda pan-islâmica. The Times descreveu o pan-islamismo como um movimento com poder, importância e coesão nascido em Paris, onde turcos, árabes e persas se reuniam. O foco do correspondente estava na Índia: levaria muito tempo para considerar os progressos feitos em várias partes do mundo muçulmano. O artigo considerou a posição do Amir, o efeito da Campanha de Trípoli, a ação anglo-russa na Pérsia e as "ambições afegãs".[2]
Em um sentido geopolítico moderno, os termos "mundo muçulmano" e "mundo islâmico" referem-se a países nos quais o Islã está disseminado, embora não haja critérios acordados para a inclusão. Alguns estudiosos e comentaristas criticaram o termo "mundo muçulmano/islâmico" e seus termos derivados "país muçulmano/islâmico" como "simplista" e "binário", uma vez que nenhum estado tem uma população religiosamente homogênea (por exemplo, os cidadãos do Egito são c. 10% cristãos), e em números absolutos, às vezes há menos muçulmanos vivendo em países em que eles constituem a maioria do que em países em que eles formam uma minoria. Assim, o termo "países de maioria muçulmana" é frequentemente preferido na literatura.[3][4][5]
Demografia
[editar | editar código]Em 2010, mais de 1,6 bilhões de pessoas, ou cerca de 23,4% da população mundial, era muçulmana.[6] Pela porcentagem do total da população de uma região que considera-se muçulmana, 24,8% estão na Ásia-Oceania,[7] 91,2% no Oriente Médio e Norte da África,[8] 29,6% na África Subsaariana,[9] 6% na Europa[10] e 0,6% na América.[11][12][13][14]
Em uma atualização mais recente, temos que 24,1% da população mundial é muçulmana, com um total estimado de aproximadamente 1,9 bilhão.[15][16][17][18][19] Os muçulmanos são a maioria em 49 países,[20][21] falam centenas de línguas e vêm de diversas origens étnicas. A cidade de Carachi tem a maior população muçulmana do mundo.[22][23]

Projeções do Centro de Pesquisa PEW indicam que entre 2030 e 2035, pelo perfil relativamente jovem da população e pelas altas taxas de natalidade e fecundidade (principalmente na África Subsaariana), haverão mais bebês nascidos no Islamismo (225 milhões) do que no Cristianismo (224 milhões). Além disso, uma expectativa de crescimento da população muçulmana de 70% até 2060, em comparação à projeção de 34% dos cristãos, dentro da expectativa de aumento de 32% da população mundial, aproximaria a quantidade de muçulmanos (3 bilhões, 31% da população) e cristãos (3,1 bilhões, 32% da população) no mundo em 2060.
Dentro dessa curva demográfica, a expectativa é de desaceleração do ritmo de crescimento da população muçulmana na Ásia-Pacífico (região de maior presença islâmica no mundo atualmente), em comparação às altíssimas taxas de fertilidade na África Subsaariana que explicam uma tendência de ultrapassagem do crescimento populacional islâmico até 2040 nessa região. [24]
Cultura
[editar | editar código]Ao longo da história, as culturas muçulmanas foram diversas étnica, linguística e regionalmente. De acordo com M. M. Knight, essa diversidade inclui diversidade de crenças, interpretações e práticas, comunidades e interesses. Knight diz que a percepção do mundo muçulmano entre os não-muçulmanos é geralmente apoiada através de literatura introdutória sobre o Islã, principalmente apresentar uma versão de acordo com a visão bíblica que incluiria alguma literatura prescritiva e resumos da história de acordo com os próprios pontos de vista dos autores, com os quais até mesmo muitos muçulmanos poderiam concordar, mas que necessariamente não refletiria o Islã como vivido no terreno, "na experiência de corpos humanos reais".[25][26]
Mulheres
[editar | editar código]De acordo com Riada Asimovic Akyol, embora as experiências das mulheres muçulmanas difiram muito pela localização e situações pessoais, como educação familiar, classe e educação; a diferença entre cultura e religiões é frequentemente ignorada por líderes comunitários e estatais em muitos dos países de maioria muçulmana, a questão-chave no mundo muçulmano em relação às questões de gênero é que os textos religiosos construídos em ambientes altamente patriarcais e baseados no essencialismo biológico ainda são altamente valorizados no Islã; portanto, as opiniões enfatizando a superioridade dos homens em papéis de gênero desiguais são difundidas entre muitos muçulmanos conservadores (homens e mulheres). Os muçulmanos ortodoxos muitas vezes acreditam que os direitos e responsabilidades das mulheres no Islã são diferentes dos homens e sacrossantos desde que atribuídos pelo Deus. De acordo com Asma Barlas, o comportamento patriarcal entre os muçulmanos é baseado em uma ideologia que mistura diferenças sexuais e biológicas com dualismos de gênero e desigualdade. Paradoxalmente, o islã foi influente para a diminuição das desigualdades de gênero atuando tanto na esfera pública quanto na privada por meio de leis jurídico-religiosas.[27] O discurso modernista de movimentos progressistas liberais como o feminismo islâmico vem revisitando a hermenêutica do feminismo no Islã em termos de respeito à vida e aos direitos das mulheres muçulmanas. Riada Asimovic Akyol diz ainda que a igualdade para as mulheres muçulmanas precisa ser alcançada através da autocrítica.[28] Em contraste, Charles Kurzman observa que mulheres muçulmanas ativistas têm rejeitado e combatido expectativas ocidentais de relações de gênero por meio de afirmações de indumentárias modestas, diferenciação de gênero e participando na vida pública muçulmana, movimentação que vem se fortalecendo desde 1980, com o movimento feminino nas mesquitas. [29][30][31]
Referências
- ↑ Kurzman, Charles (2019). «Sociologies of Islam». Annual Review of Sociology: 265–277. ISSN 0360-0572. Consultado em 14 de novembro de 2025
- ↑ Pan-Islamism In India, FROM A CORRESPONDENT IN INDIA, Tuesday, 3 September 1912, The Times, Issue: 39994
- ↑ Carpenter, Scott; Cagaptay, Soner (2009). «What Muslim World?». Foreign Policy. Cópia arquivada em 2017
- ↑ Gert Jan Geling (2017). «Ook na 1400 jaar kan de islam heus verdwijnen». Trouw (em neerlandês).
"Many people, including myself, are often guilty of using terms such as 'Muslim countries', or the 'Islamic world', as if Islam has always been there, and always will be. And that is completely unclear. (...) If the current trend [of apostasy] continues, at some point a large section of the population may no longer be religious. How 'Islamic' would that still make the 'Islamic world'?
- ↑ Nawaz, Maajid (2012). Radical: My Journey out of Islamist Extremism. [S.l.]: WH Allen. p. XXII–XIII. ISBN 9781448131617. Cópia arquivada em 2016
- ↑ «Executive Summary». The Future of the Global Muslim Population. Pew Research Center. 27 de janeiro de 2011. Consultado em 3 de janeiro de 2012
- ↑ «Region: Asia-Pacific». The Future of the Global Muslim Population. Pew Research Center. Consultado em 3 de janeiro de 2012
- ↑ «Region: Middle East-North Africa». The Future of the Global Muslim Population. Pew Research Center. Consultado em 3 de janeiro de 2012
- ↑ «Region: Sub-Saharan Africa». The Future of the Global Muslim Population. Pew Research Center. Consultado em 3 de janeiro de 2012
- ↑ «Region: Europe». The Future of the Global Muslim Population. Pew Research Center. Consultado em 3 de janeiro de 2012
- ↑ «Region: Americas». The Future of the Global Muslim Population. Pew Research Center. Consultado em 3 de janeiro de 2012
- ↑ Tom Kington (31 de março de 2008). «Number of Muslims ahead of Catholics, says Vatican». The Guardian. Consultado em 17 de novembro de 2008
- ↑ «Muslim Population». IslamicPopulation.com. Consultado em 17 de novembro de 2008
- ↑ «Field Listing - Religions». Consultado em 17 de novembro de 2008
- ↑ «Executive Summary». The Future of the Global Muslim Population. Pew Research Center. 2011. Cópia arquivada em 2017
- ↑ «The World Factbook». CIA Factbook. Cópia arquivada em 2021
- ↑ «Muslim Population by Country». The Future of the Global Muslim Population. Pew Research Center. Arquivado do original em 2011
- ↑ «Preface», Pew Research Center, The Future of the Global Muslim Population, 2011, cópia arquivada em 2013
- ↑ «Executive Summary». The Future of the Global Muslim Population. Pew Research Center. 2011. Cópia arquivada em 2013
- ↑ «Muslim-Majority Countries». The Future of the Global Muslim Population. Pew Research Center. 2011. Cópia arquivada em 2011
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... With a population of over 23 million Karachi is also the world's largest Muslim city, the world's seventh largest conurbation ...
- ↑ Adrian Cybriwsky, Roman (2015). Global Happiness: A Guide to the Most Contented (and Discontented) Places around the Globe: A Guide to the Most Contented (and Discontented) Places around the Globe. [S.l.]: ABC-CLIO. p. 179. ISBN 9781440835575.
Karachi is the largest city in Pakistan, the second-largest city in the world when "city" is defined by official municipal limits, the largest city in the Muslim world, and the world's seventh-largest metropolitan area.
- ↑ Author, No (5 de abril de 2017). «The Changing Global Religious Landscape». Pew Research Center (em inglês). Consultado em 14 de novembro de 2025
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- ↑ Moallem, Minoo (2005). Between warrior brother and veiled sister: Islamic fundamentalism and the politics of patriarchy in Iran. Berkeley: University of California Press
- ↑ Kurzman, Charles (2019). «Sociologies of Islam». Annual Review of Sociology: 265–277. ISSN 0360-0572. Consultado em 14 de novembro de 2025