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Níger

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

 Nota: Para outros significados, veja Níger (desambiguação).
República do Níger
République du Niger
Lema:
Fraternité, Travail, Progrès (Francês)
("Fraternidade, Trabalho, Progresso")
Hino: La Nigérienne
Localização do Níger
Localização do Níger
Localização de Níger, na África
Capital
e maior cidade
Niamei
Língua oficial Francês (oficial)[1]

Línguas nacionais:[2]
Árabe, buduma, fula, gur, hauçá, songai, canúri, zarma, tamaxeque, tassauaque e tubu

Gentílico nigerino(a)[3][4][5];
nigerense[3]
Governo República semipresidencialista unitária sob uma junta militar
 • Presidente do Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria Abdourahamane Tchiani
 • Primeiro-ministro Ali Lamine Zeine
Independência da França
 • Data 3 de agosto de 1960
Área
 • Total 1 267 000 km²
Fronteira Argélia, Líbia, Chade, Nigéria, Benim, Burquina Fasso e Mali
População
 • Estimativa para 2023 25 396 840[6] hab. ()
 • Densidade 13,5 hab./km² (60.º)
PIB (base PPC) Estimativa de 2022
 • Total US$ 29,9 bilhões*[7]
 • Per capita US$ 1 032[7]
PIB (nominal) Estimativa de 2022
 • Total US$ 14,6 bilhões*[7]
 • Per capita US$ 484[7]
IDH (2021) 0,400 (189.º) – muito baixo[8]
Moeda Franco CFA (XOF)
Fuso horário UTC (UTC+1)
 • Verão (DST) (UTC+2)
Cód. Internet .ne
Cód. telef. +227

O Níger (em francês: Niger), oficialmente República do Níger (em francês: République du Niger), é um país da África Ocidental. Faz fronteira com a Argélia e Líbia ao norte, a leste com o Chade, a sul com a Nigéria e Benim e a oeste com Burquina Fasso e Mali. O país abrange uma área de quase 1 270 000 km², fazendo desta a maior nação da África Ocidental, com mais de 75% de sua área de terra coberta pelo Deserto do Saara. A população é predominantemente islâmica, sendo estimada em 17 138 707 habitantes, conforme dados de 2013.[9] A capital é Niamei, localizado no sudoeste do país, que é a sua cidade mais populosa.

O Níger é um país subdesenvolvido, e é consistentemente umas das nações que apresentam um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) muito baixo (Menor do mundo), com um total de 0,394 pontos,[8] obtendo a 189ª classificação entre os países pesquisados, de acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Grande parte das porções não desérticas do país estão ameaçadas por secas periódicas e a desertificação. A economia está concentrada em torno de subsistência e o setor agrário concentra-se na região sul, a parte mais fértil de seu território. A exportação de matérias-primas, principalmente minério de urânio, também é um dos principais contribuintes da economia nigerina. O país enfrenta sérios desafios para o desenvolvimento devido à sua posição sem litoral, terreno desértico, má educação, extrema pobreza, falta de infraestrutura e degradação ambiental.

A sociedade nigerina reflete uma diversidade resultante das longas histórias independentes de seus diversos grupos e regiões e seu período de vida relativamente curto, em um único estado étnico. Historicamente, o que é agora o Níger esteve à margem de vários Estados grandes. Desde a independência, os nigerinos estiveram sob cinco constituições e três períodos de regime militar. Na sequência de um golpe militar em 2010, o Níger tornou-se um estado democrático multipartidário. A maior parte da população vive em áreas rurais e tem pouco acesso à educação superior.

Ver artigo principal: História do Níger

Parte do antigo Império Songai, o Níger foi incorporado à África Ocidental Francesa em 1896. Em 1922, o território foi transformado em uma colônia. Em 1958, passa a ser uma república autônoma da comunidade francesa e, em 1960, abandona a comunidade proclamando sua independência. Desde então, os militares são a força política dominante, entrando frequentemente em conflito com os tuaregues.

A descoberta de urânio na década de 1970 provoca um surto de desenvolvimento, que declina com a queda dos preços do produto nos últimos anos. A democratização, a partir de 1993, é frágil. O presidente Mahamane Ousmane enfrenta descontentamento dos militares pelo atraso no pagamento dos soldos, além do agravamento dos conflitos étnicos.

Em 1993 há combates entre forças do governo e rebeldes tuaregues no nordeste do país. Fracassa uma tentativa de golpe militar. Em janeiro de 1994, a nação concorda com o programa de ajuste econômico do FMI, apesar da resistência popular e da oposição. Em março, o Clube de Paris reduz pela metade a dívida do Níger, cujo pagamento consumia 47% das exportações.

Em janeiro de 1995, a oposição obtém maioria nas eleições para a Assembleia Nacional. Em abril, governo e rebeldes tuaregues assinam acordo de paz que prevê anistia a ex-guerrilheiros e investimentos no norte do país. Em janeiro de 1996, militares liderados pelo brigadeiro-general Ibrahim Barre Maïnassara dão um golpe de Estado, suspendem a Constituição e os partidos políticos.

Boukary Adji é indicado primeiro-ministro, em substituição a Hama Amadou, preso no golpe. Em maio, nova Constituição é aprovada em referendo popular em que votam 35% dos eleitores. Maïnassara vence as eleições presidenciais fixadas pela nova Constituição, provocando violentos protestos em Niamei, a capital. Em 1997, Maïnassara dissolve o governo duas vezes. Em abril, nomeia um novo primeiro-ministro, Amadou Cissé. Mas ele é demitido em novembro e substituído por Ibrahim Hassane Mayaki.

Em 18 de fevereiro de 2010, uma junta militar, comandada por Salou Djibo, derrubou o presidente Mamadou Tandja, que se encontrava há dez anos no poder e, tendo dissolvido o Parlamento e o Tribunal Constitucional, conseguira prorrogar seu mandato por pelo menos mais três anos, por meio de um referendo em agosto de 2009.[10]

Ver artigo principal: Geografia do Níger
Composto de imagens de satélite do território do Níger.

O Níger é uma nação do interior da África Ocidental, localizada ao sul da Argélia e Líbia e ao norte da Nigéria. A sua área é de 1 267 000 quilómetros quadrados, dos quais 1 266 700 km² são terra e 300 km² são água. Portanto o país tem uma área pouco menor do que a do estado do Pará.

Faz fronteira com sete países e tem um total de 5697 km de fronteiras. A fronteira mais longa é com o Chade, a leste, com 1 175 km. A esta segue-se a fronteira com a Nigéria, a sul (1 497 km), com a Argélia, a norte-noroeste (956 km) e com o Mali, com 821 km. O Níger também possui pequenas fronteiras a sudoeste (com Burquina Fasso com 628 km e com o Benim com 266 km) e a norte-nordeste (com a Líbia com 354 km).

O país tem dois terços de seu território no Deserto do Saara; o vale do rio Níger com falésias; montanhas de Aïr; o clima subtropical é geralmente quente e seco, mas no extremo sul existe uma zona de clima tropical nos limites da bacia do rio Congo.

O terreno é composto predominantemente por planícies desérticas e dunas de areia, com planícies ou terreno ondulado no sul e colinas a norte.

O ponto mais baixo é o rio Níger, a uma altitude de 200 m. O ponto mais elevado é o monte Idoukal-n-Taghès, com 2 022 m.

Flora e fauna

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O norte do Níger é coberto por grandes desertos e semidesertos. A fauna típica de mamíferos é constituída por antílopes como adaxs, órixs, gazelas e ovelhas nas montanhas de Barbary. Uma das maiores reservas do mundo, a Reserva Natural Nacional de Aïr e Ténéré, foi fundada no norte do Níger para proteger essas espécies raras.[11]

As partes do sul do Níger são savanas naturalmente dominadas. O Parque Nacional W, situado na área limítrofe de Burquina Fasso e Benim, pertence a uma das áreas mais importantes para a vida selvagem na África Ocidental, que é chamada de complexo WAP (W-Arly-Pendjari). Tem a população mais importante do raro leão da África Ocidental e uma das últimas populações de guepardo-do-noroeste-africano do noroeste da África.[11]

Outros animais selvagens incluem elefantes, búfalos, Palancas-vermelhas e Cobos. A girafa da África Ocidental não é encontrada atualmente no Parque Nacional W, mas mais ao norte, no Níger, onde tem sua última população existente no país.[11]

As questões ambientais no Níger incluem práticas agrícolas destrutivas como resultado da pressão populacional. A caça ilegal, incêndios florestais em algumas áreas e invasão humana nas planícies de inundação do rio Níger, para o cultivo de arroz, são graves problemas ambientais. Barragens construídas no rio Níger nos países vizinhos do Mali e da Guiné e também dentro do próprio Níger também são citados como uma razão para a redução do fluxo de água no rio Níger - que tem um efeito direto sobre o meio ambiente. A falta de pessoal adequado para proteger a vida selvagem nos parques e reservas é outro fator citado pela perda de vida selvagem.[11]

Ver artigo principal: Política do Níger

A atual Constituição do Níger foi aprovada em referendo a 18 de julho de 1999 e entrou em vigor a 1 de agosto. A forma política de governo é de República Semipresidencialista.

O Poder Legislativo corresponde à Assembleia Nacional eleita a cada cinco anos. Esta propõe três candidatos para primeiro-ministro entre os quais o Presidente da República, que é eleito por sufrágio universal em dois turnos, nomeia um. O Presidente, chefe de estado, tem poder para dissolver a Assembleia e para convocá-la de forma extraordinária, e é também eleito para um período de cinco anos. O poder executivo está dividido entre o primeiro-ministro e o Presidente.

O Tribunal Constitucional é escolhido pela Assembleia e pelo Presidente da República, e garante o cumprimento das normas constitucionais e vigia os processos eleitorais.

Ver artigo principal: Subdivisões do Níger

As principais subdivisões do Níger chamam-se departamentos (départements em francês) e são classificadas por Regiões do Níger:

Ver artigo principal: Demografia do Níger
O sul fértil delta do rio Níger.

A população do Níger era de 11 360 538 (2004), sendo o país de África com maior número de tuaregues. Em 2010, Níger foi classificado como um dos países com a mais baixa classificação no IDH (0,261), ocupando a antepenúltima posição (167º).[8]

No Níger, 98,7% professa o Islamismo (sunitas), 0,4% o cristianismo, 0,7% as crenças tradicionais, e 0,2% outras, segundo dados de 1988.

O Níger tem uma grande variedade de grupos étnicos, como na maioria dos países da África Ocidental. A composição étnica do Níger em 2001 é a seguinte: Hauçás (55,4%), zarma (21%), tuaregues (9,3%), fulas (8,5%), canúris (4,7%), tubus (0,4%), árabes (0,4%), gurmas (0,4%), outros (0,1%). Os zarmas dominam as regiões Dosso, Tillabéri e Niamei, os hauçás dominam as regiões Zinder, Maradi e Tahoua, os canúris dominam a região Diffa e os tuaregues dominam a região Agadez, no norte do Níger.[12]

O francês, herdado do período colonial, é a língua oficial. É falado principalmente como segunda língua por pessoas que receberam uma educação ocidental formal e serve como a língua administrativa. O Níger é membro da Organização Internacional da Francofonia desde 1970.[13]

O Níger possui dez idiomas nacionais reconhecidos, como o árabe, buduma, fula, gurma, hauçá, canúri, zarma e songai, tuaregues, tasawaq e tebu. Cada uma dessas línguas é falada como primeira língua principalmente pelo grupo étnico ao qual está associado. Hauçá e zarma-songai, as duas línguas mais faladas, são amplamente faladas em todo o país como primeira ou segunda língua.[13][14]

Em 2015, a União Europeia decidiu agir de forma mais significativa para deter os migrantes do Sul. Reunidos na capital maltesa, os representantes dos países membros imaginaram como externalizar a sua luta contra a imigração, com a ajuda de certos Estados africanos. Em troca de algumas centenas de milhões de euros de ajuda económica, as autoridades nigerianas concordaram em torná-la ilegal para os migrantes atravessarem.[15]

Desde então, qualquer pessoa que permita a um migrante entrar ou sair ilegalmente do país em troca de um benefício financeiro ou material está sujeito a uma pena de prisão de cinco a dez anos e a uma multa de até 5 milhões de francos CFA ('7.630). Qualquer pessoa que os ajude durante a sua estadia sem beneficiar dela - que lhes forneça alojamento, comida ou vestuário - é passível de dois a cinco anos na prisão.[15] Uma simples suspeita pode ser suficiente para enviar uma pessoa de volta para o sul do país, por vezes após uma curta estadia na prisão. Segundo o Relator Especial da ONU sobre os direitos humanos dos migrantes: "A falta de clareza no texto e a sua implementação repressiva - em vez de procurar a protecção dos indivíduos - resultou na criminalização de todas as migrações e levou os migrantes a esconderem-se, tornando-os mais vulneráveis a abusos e violações dos direitos humanos.[15]

Cidades mais populosas

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Niamei, capital e centro econômico do país.
Principais produtos de exportação do Niger em 2019 (em inglês)
Ver artigo principal: Economia do Níger

O Níger é uma das mais pobres nações do planeta, cuja economia é centrada na agricultura de subsistência, na criação de animais e na reexportação de produtos, e cada vez menos baseada na produção de urânio, seu principal produto de exportação desde a década de 1970. O país, porém, continua a ser um grande extrator do metal: foi o 6º maior produtor mundial em 2018.[16]

A agricultura e os produtos agrícolas constituem no maior setor da economia do Níger em termos de número de pessoas empregadas e a porcentagem do produto interno bruto (PIB). O milho e o sorgo são cultivados no sul, assim como a mandioca e a cana-de-açúcar. O arroz é cultivado nas margens do rio Níger.[17] Em 2019 o país era o 2º maior produtor do mundo de milhete e feijão-fradinho, o 9º maior produtor de sorgo, além de ter como outras das principais produções em termos de volume: cebola, amendoim, mandioca, repolho, frutas, cana de açúcar, tomate e pimentão.[18] A produção leiteira do país se destaca: em 2019 o país produziu 1,4 bilhões de litros de leite de animais variados (vaca, cabra, ovelha e camela). Já a produção de carne do país é pequena.[19] As maiores exportações de produtos agropecuários processados do país em termos de valor, em 2019, foram: arroz (U$ 271 milhões), gergelim (U$ 205 milhões), açúcar (U$ 82 milhões) e óleo de palma (U$ 63 milhões), entre outros.[20]

A desvalorização do Franco CFA em 2004 impulsionou as exportações de feijão, cebola, e da pequena indústria de beneficiamento e tecelagem de algodão do país. O governo depende de ajudas bilaterais e multilaterais - as quais foram suspensas após o golpe de estado de 1999 - para efetuar gastos e investimentos públicos. As perspectivas de curto prazo dependem do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.

Ver artigo principal: Cultura do Níger

Referências

  1. http://www.odsef.fss.ulaval.ca/sites/odsef.fss.ulaval.ca/files/odsef_rr_alphab_niger_2015_final2.pdf, page 18-19.
  2. République du Niger, "Loi n° 2001-037 du 31 décembre 2001 fixant les modalités de promotion et de développement des langues nationales." L'aménagement linguistique dans le monde (accessed 21 September 2016)
  3. a b «Portal da Língua Portuguesa - Dicionário de Gentílicos e Topónimos». Ciberdúvidas. Consultado em 15 de junho de 2021 
  4. «Ciberdúvidas da Língua Portuguesa - Ainda os gentílicos relativos a países». Civerdúvidas. Consultado em 15 de junho de 2021 
  5. «Ciberdúvidas da Língua Portuguesa - Nigerinos/nepaleses/namibianos/mauritanos». Ciberdúvidas. Consultado em 15 de junho de 2021 
  6. ONU archive, p. 22 ou p.27
  7. a b c d Fundo Monetário Internacional (FMI), ed. (Outubro de 2014). «World Economic Outlook Database». Consultado em 29 de outubro de 2014 
  8. a b c «Relatório de Desenvolvimento Humano 2021/2022» 🔗 (PDF). Programa de Desenvolvimento das Nações Unida. Consultado em 8 de setembro de 2022 
  9. City Population, ed. (2013). «Niger: Regions, Major Cities & Urban Centers — Statistics & Maps on City Population» (em inglês). Consultado em 6 de agosto de 2014 
  10. «Após golpe militar, tanques cercam palácio presidencial no Níger». G1. 19 de fevereiro de 2010. Consultado em 21 de fevereiro de 2010 
  11. a b c d Geels, Jolijn. Niger. Bradt UK/Globe Pequot Press USA, 2006. ISBN 978-1-84162-152-4
  12. Demographie
  13. a b Présidence de la République du Niger. Le Niger
  14. Ethologue. Niger languages
  15. a b c Carayol, Rémi (1 de junho de 2019). «Agadez, city of migrants» (em inglês). Consultado em 3 de julho de 2021 
  16. World Uranium Mining
  17. https://www.britannica.com/place/Niger/The-economy#ref55029
  18. Agricultura do Níger, pela FAO
  19. Pecuária do Níger, pela FAO
  20. Exportações do Níger, pela FAO
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Ligações externas

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