María de las Mercedes Barbudo

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María de las Mercedes Barbudo
María de las Mercedes Barbudo
A primeira mulher porto-riquenha Independentista (Lutadora da Liberdade)
Nome completo María de las Mercedes Barbudo y Coronado
Nascimento 1773
San Juan, Porto Rico
Morte 17 de fevereiro de 1849 (76 anos)[1] [aprox.]
Caracas, Venezuela
Nacionalidade porto-riquenha
Progenitores Mãe: Belén Coronado
Pai: Domingo Barbudo
Ocupação Ativista política
Movimento estético Movimento de independência de Porto Rico

María de las Mercedes Barbudo (1773 — 17 de fevereiro de 1849) foi uma ativista política porto-riquenha, a primeira mulher Independentista da ilha, e a "Lutadora da Liberdade".[2][3] Na época, o movimento de independência de Porto Rico tinha laços com os rebeldes venezuelanos liderados por Simón Bolívar.[4]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

María (nome de nascimento: María de las Mercedes Barbudo y Coronado[nota 1]) foi uma entre quatro irmãos nascidos em San Juan, a capital de Porto Rico, de um pai espanhol, Domingo Barbudo, e de mãe porto-riquenha, Belén Coronado. Enquanto seu pai era oficial do exército espanhol, ela pôde ser educada e aprender a ler. Na época, as únicas pessoas que tinham acesso às bibliotecas e podiam comprar livros eram funcionários do governo espanhol ou ricos proprietários de terra. Os pobres dependiam de história oral, no que é tradicionalmente conhecida em Porto Rico como Coplas e Decimas. Bem-educada, Barbudo se interessou por política e por ativismo social.[5]

Ativista política[editar | editar código-fonte]

Quando jovem, María fundou uma loja de artigos de costura em San Juan, especializada na venda de botões, linhas e roupas, mas acabou sendo bem-sucedida emprestando dinheiro a juros. Ela fez transações comerciais com Joaquín Power y Morgan, um imigrante que chegou a Porto Rico como representante da Compañía de Asiento de Negros, que regulava o tráfico de escravos na ilha.[2][6]

María frequentou círculos de gente importante, como o capitão Ramón Power y Giralt (filho de Joaquín),o bispo Juan Alejo de Arizmendi e o artista José Campeche. Ela tinha uma mente liberal e, como tal, muitas vezes promoveu reuniões com intelectuais em sua casa, nas quais discutiam a situação política e socioeconômica de Porto Rico e do Império espanhol em geral, e propunham soluções para melhorar o bem-estar das pessoas.[5]

Simón Bolívar e o general de brigada Antonio Valero de Bernabé, conhecido como "O Libertador de Porto Rico",[7] sonharam unificar a América Latina, incluindo Porto Rico e Cuba. María se inspirou em Bolívar e apoiou a ideia de independência da ilha, pois ficara sabendo que Bolívar esperava criar uma federação americana entre todas as repúblicas recém-independentes da América Latina. Ela também queria promover os direitos individuais.[5] Fez amizades e escreveu com muitos revolucionários venezuelanos, entre eles José María Rojas, com quem se correspondeu com regularidade. Também recebia revistas e periódicos da Venezuela que condiziam com os ideais de Bolívar.

Detida sem fiança ou julgamento[editar | editar código-fonte]

Sítio Histórico Nacional de San Juan "Castillo San Cristóbal"

As autoridades espanholas em Porto Rico sob o governador Miguel de la Torre, suspeitavam da correspondência entre Barbudo e facções rebeldes revolucionários venezuelanos. Os agentes secretos do governo espanhol interceptaram seu correio, entregando as informações ao governador De la Torre. Ele ordenou uma investigação e confiscou sua correspondência. O governo acreditava que a correspondência servia como propaganda dos ideais bolivianos e que também serviria para motivar os porto-riquenhos a buscar sua independência.[5]

O governador Miguel de la Torre ordenou a prisão de Barbudo sob a acusação de que ela planejava derrubar o governo espanhol em Porto Rico. Como a ilha não tinha prisão feminina, ela foi mantida sem direito a fiança no Castillo (Fort) de San Cristóbal. Entre as evidências que as autoridades espanholas apresentaram contra ela era uma carta datada de 1 de outubro de 1824, de Rojas, na qual ele disse a ela que os rebeldes venezuelanos tinham perdido seu principal contato com o movimento porto-riquenho de independência na ilha dinamarquesa de Saint Thomas e, portanto, a comunicação secreta que existiu entre os rebeldes venezuelanos e os líderes dos movimentos pela independência de Porto Rico estava em perigo de ser descoberta.[8]

Em 22 de outubro de 1824, Barbudo foi levada a uma audiência perante um magistrado. O governo apresentou como prova contra ela, várias cartas que incluíam cinco cartas de Rojas, duas edições do jornal El Observador Caraqueño; duas cópias do jornal El Cometa, e uma cópia de cada um dos jornais El Constitucional Caraqueño e El Colombiano, que simpatizavam com os ideais de Bolívar. Quando perguntada se ela reconhecia a correspondência, respondeu afirmativamente e se recusou a responder a mais nenhuma pergunta.[2] O governo também apresentou como prova vários panfletos de propaganda anti-monarquia a ser distribuído em toda a ilha. Barbudo foi declarada culpada.[5][8]

Exílio e fuga a Venezuela[editar | editar código-fonte]

O governador De la Torre consultou o promotor Francisco Marcos Santaella sobre o que deve ser feito com Barbudo. Santaella sugeriu que ela seja exilada de Porto Rico a Cuba. Em 23 de outubro de 1824, De la Torre ordenou que Barbudo seja mantida sob prisão domiciliar no Castillo de San Cristóbal sob a custódia do Capitão Pedro de Loyzaga.[2] No dia seguinte, Barbudo escreveu ao governador, pedindo permissão para organizar suas finanças e suas obrigações pessoas antes de ser exilada a Cuba. O governador negou seu pedido e, em 28 de outubro, foi colocada a bordo do navio El Marinero.[8]

Em Cuba, foi levada a uma instituição, onde na qual as mulheres acusadas de diversos crimes estavam alojadas. Com a ajuda das facções revolucionárias, Barbudo escapou e foi a ilha de São Tomás. Finalmente chegou em La Guaira, na Venezuela, onde seu amigo José María Rojas a conheceu.[8] Foram a Caracas, onde conheceu Bolívar. Barbudo estabelece uma estreita relação com os membros do gabinete de Bolívar, que incluía José María Vargas. Mais tarde, ele foi eleito como a quarto presidente da Venezuela. Barbudo trabalhou em estreita colaboração com o gabinete.[5][8]

Legado e honras[editar | editar código-fonte]

Barbudo nunca se casou nem teve filhos e não retornou a Porto Rico. Morreu no dia 17 de fevereiro de 1849.[1] Foi sepultada na Catedral de Caracas ao lado de Simon Bolívar, uma honra reservada geralmente apenas a hierarquia da igreja e as pessoas muita ricas.[2][5]

Em 1996, um documentário foi feito a respeito dela, intitulado Camino sin retorno, el destierro de María de las Mercedes Barbudo. (Estrada sem volta, o exílio de María de las Mercedes Barbudo). Foi produzido e dirigido por Sonia Fritz.[9]

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]

  • "María de las Mercedes Barbudo: Primera mujer independentista de Puerto Rico, 1773–1849"; por: Raquel Rosario Rivera; Publisher: R. Rosario Rivera; 1. edição editada (1997); ISBN 978-0-9650036-2-9.
  • "Mercedes"; por: Jaime L. Marzán Ramos; Editora:Isla Negra Editores; ISBN 978-9945-455-54-0.
  • "From Eve to Dawn, A History of Women in the World, Volume IV: Revolutions and Struggles for Justice in the 20th Century"; por Marilyn French; Editora: The Feminist Press at CUNY; ISBN 978-1-55861-584-7
  • "Women in Latin America and the Caribbean: Restoring Women to History (Restoring Women to History)"; por Marysa Navarro; Editora: Indiana University Press; ISBN 978-0-253-21307-5

Notas e referências

Notas

  1. Este nome usa costumes hispânico de nomenclatura: O primeiro ou nome paternal de família é Barbudo e o segundo ou nome maternal de família é Coronado.

Referências

  1. a b Introito a Mercedes. Jaime L. Marzán Ramos. 13 de março de 2011. Consultado em 20 de março de 2012.
  2. a b c d e Natalia de Cuba, "Puerto Rico's first female Freedom Fighter" (PDF), San Juan Star, 20 October 1997; page 30, Retrieved on 2011-06-20.
  3. Meaning of "Independentista", Dictionary Reverson, Consultado em 20 de junho de 2011.
  4. "Mercedes – La primera Independentista Puertorriquena" Arquivado em 21 de abril de 2011, no Wayback Machine.. 80grados.net. Consultado em 20 de junho de 2011.
  5. a b c d e f g "Mercedes, siglo y medio después". Elnuevodia.com (29/05/2011). Consultado em 20 de junho de 2011.
  6. Chinea, Jorge L. "Irish Indentured Servants, Papists and Colonists in Spanish Colonial Puerto Rico, ca. 1650–1800", in Irish Migration Studies in Latin America, 5:3 (novembro de 2007), pp. 171–182. Consultado em 29 de novembro de 2008.
  7. Antonio Valero de Bernabé: El Puertorriqueño Libertador de América. Angelfire.com. Consultado em 20 de junho de 2011.
  8. a b c d e María de las Mercedes Barbudo; Primera mujer independentista de Puerto Rico; CLARIDAD; dezembro de 1994; página 19. (PDF) . Consultado em 20 de junho de 2011.
  9. "Camino sin retorno, el destierro de María de las Mercedes Barbudo" Arquivado em 11 de agosto de 2011, no Wayback Machine.. Arteycultura], Sagrado University, Consultado em 20 de junho de 2011.