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Mensagem (livro): diferenças entre revisões

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== O Sebastianismo ==
== O Sebastianismo ==
Em Mensagem, D. Sebastião é o quinto dos cinco principes mártires, apelando já à simbologia do número cinco. Na segunda parte Mar Português, surge então o mito, na noção providencial da história, quando Deus se revela nos instantes de fractura da história. Na terceira parte, D. Sebastião é já divinizado, é quando surge o quinto império, enquanto império espiritual. Depois, noutro simbolo, D. Sebastião é o Desejado que representa a esperança, que regressa com o santo graal – a nova religião que ele encabeçará. Mais à frente, na parte dos avisos, portugal é definido como nevoeiro, esperança sem um guia, é nesta parte que volta a aparecer D. Sebastião devido à lenda de que D. Sebastião regressará numa manhã de nevoeiro, para salvar a Nação.<ref>http://www.umfernandopessoa.com/an%C3%A1lises/o-sebastianismo-na-mensagem.htm</ref>
Em Mensagem, D. Sebastião é o quinto dos cinco principes mártires, apelando já à simbologia do número cinco. Na segunda parte Mar Português, surge então o mito, na noção providencial da história, quando Deus se revela nos instantes de fractura da história. Na terceira parte, D. Sebastião é já divinizado, é quando surge o quinto império, enquanto império espiritual. Depois, noutro simbolo, D. Sebastião é o Desejado que representa a esperança, que regressa com o santo graal – a nova religião que ele encabeçará. Mais à frente, na parte dos avisos, portugal é definido como nevoeiro, esperança sem um guia, é nesta parte que volta a aparecer D. Sebastião devido à lenda de que D. Sebastião regressará numa manhã de nevoeiro, para salvar a Nação.<ref>http://www.umfernandopessoa.com/an%C3%A1lises/o-sebastianismo-na-mensagem.htm</ref><ref>http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/portugues_trabalhos/lusiadasmensagem2.htm#vermais</ref>


==Curiosidades==
==Curiosidades==

Revisão das 23h57min de 10 de fevereiro de 2012

Mensagem, de Fernando Pessoa, publicado em 1934 pela Parceria António Maria Pereira.

Mensagem é um livro do poeta português Fernando Pessoa, publicado ainda em vida. Composto por 44 poemas, foi chamado pelo poeta de "livro pequeno de poemas". Publicado em 1934 pela Parceria António Maria Pereira, o livro foi contemplado no mesmo ano com o Prémio Antero de Quental, na categoria de «poema ou poesia solta», do Secretariado da Propaganda Nacional, dirigido por António Ferro, o jovem editor da Orpheu, revista trimestral de literatura, de que saíram dois números em 1915.

Publicada apenas um ano antes da morte do autor, a obra trata do glorioso passado de Portugal de forma apologética e tenta encontrar um sentido para a antiga grandeza e a decadência existente na época em que o livro foi escrito. Glorifica acima de tudo o estilo camoniano e o valor simbólico dos heróis do passado, como os Descobrimentos portugueses. É apontando as virtudes portuguesas que Fernando Pessoa acredita que o país deva se "regenerar", ou seja, tornar-se grande como foi no passado através da valorização cultural da nação. O poema mais famoso do livro é Mar Português.

Criação

O título original do livro era Portugal. Influenciado por um amigo, Pessoa considera "Mensagem" um título mais apropriado, pelo nome "Portugal" se encontrar "prostituído" no mais comum dos produtos. Pessoa constrói a palavra "mensagem" a partir da expressão latina: Mens agitat molem, isto é, "A mente comanda o corpo", frase da história de Eneida, de Virgílio, dita pela personagem Anquises quando explica a Enéias o sistema do Universo. Pessoa não utiliza o sentido original da frase, que denotava a existência de um princípio universal de onde emanavam todos os seres.

Segundo uma carta datada de 13 de Janeiro de 1935 a Adolfo Casais Monteiro, Mensagem foi o primeiro livro que o poeta conseguiu completar. Pessoa mesmo explica que esse facto demonstra o porquê de não ter publicado outro livro como a prosa de um de seus heterónimos ou a poesia em seu próprio nome.[1]

Numa carta de 1932 de Pessoa a João Gaspar Simões, seu primeiro biógrafo, vemos que a intenção do poeta era publicar primeiramente a Mensagem para somente mais tarde divulgar outras obras como o Livro do Desassossego, do semi-heterónimo Bernardo Soares, e a poesia dos heterónimos.[2]

Foi publicado primeiramente a 1 de Dezembro de 1934, com edição da Parceria António Maria Pereira, em Lisboa. A segunda edição, de 1941, possui correcções feitas por Pessoa à primeira edição e foi editada pela Agência Geral das Colónias.

Um mês após a sua primeira publicação, ganhou o prémio na segunda categoria do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN) que o premiou com o mesmo valor em dinheiro da primeira categoria.[3]

Estrutura

Trata-se de um livro que revisita e, em boa parte, cria, uma mitologia do passado heróico de Portugal, repleta de símbolos, sebastianista, e que foi depois em grande parte incorporada na ideologia oficial da ditadura Salazarista.

Está dividido em três partes, com uma nota preliminar antecedendo-as. Todas elas, incluindo a nota preliminar, possuem epígrafes em latim. A primeira, Brasão, utiliza os diversos componentes das armas de Portugal para revisitar algumas personagens da história do país. A segunda, Mar Português, debruça-se sobre a época das grandes navegações, batendo à porta de figuras como o Infante D. Henrique, Vasco da Gama e Fernão de Magalhães, mas não se limitando a elas. A terceira, O Encoberto, é a parte mais marcadamente simbólica e sebastianista, voltando, ainda a falar de outras figuras da história de Portugal. O termo "O Encoberto" é uma designação ao antigo rei de Portugal D. Sebastião, o que demonstra sebastianismo. Sendo também uma desintegração, mas também toda ela cheia de avisos, fortes pressentimentos, de forças latentes prestes a virem à luz: depois da noite e tormenta, vem a calma e a ante-manhã (estes são os tempos).

Estes 44 poemas agrupados em 3 partes, representam as três etapas do Império Português: Nascimento, Realização e Morte, seguida de um renascimento.

Brasão - informações sobre a formação da nacionalidade, heróis lendários e históricos.

Mar Português - descobertas, aventura marítima, conquista do império, (Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce: Tudo vale a pena quando a alma não é pequena) ânsia do desconhecido e esforço heróico da luta com o mar.

O Encoberto - morte das energias de Portugal simbolizada pelo nevoeiro. Afirmação do Sebastianismo. País na estagnação à espera do ressurgir, do aparecer da Nova Luz (Quinto Império).

O Quinto Império

O quinto império é uma das mensagens de Mensagem, sendo que a primeira referência ao Quinto império surge na Bíblia[1]. Para Fernando Pessoa cabe a Portugal a nação construtora do Império no passado, construir o Império do futuro, o Quinto Império. Sendo que o Império Português, edifica-se pelos heróis fundadores da pátria e pelos Descobrimentos, ou seja é um império material, o Quinto Império em mensagem, é um império espiritual.[2]

O Sebastianismo

Em Mensagem, D. Sebastião é o quinto dos cinco principes mártires, apelando já à simbologia do número cinco. Na segunda parte Mar Português, surge então o mito, na noção providencial da história, quando Deus se revela nos instantes de fractura da história. Na terceira parte, D. Sebastião é já divinizado, é quando surge o quinto império, enquanto império espiritual. Depois, noutro simbolo, D. Sebastião é o Desejado que representa a esperança, que regressa com o santo graal – a nova religião que ele encabeçará. Mais à frente, na parte dos avisos, portugal é definido como nevoeiro, esperança sem um guia, é nesta parte que volta a aparecer D. Sebastião devido à lenda de que D. Sebastião regressará numa manhã de nevoeiro, para salvar a Nação.[3][4]

Curiosidades

Notas

  1. Fernando Pessoa, Escritos Íntimos, Cartas e Páginas Autobiográficas, publicações Europa-América, pág. 221.
  2. Cf. João Gaspar Simões, Vida e Obra de Fernando Pessoa, 1ª edição, Volume II, pág. 322.
  3. Cf. João Gaspar Simões, Vida e Obra de Fernando Pessoa, 1ª edição, Volume II, pág. 320.

Ver também

Referências

Ligações externas

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