Mirra (café)

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O café árabe, símbolo de generosidade
Património Cultural Imaterial da Humanidade

Mulheres palestinianas a moer café
País(es)  Emirados Árabes Unidos
Arábia Saudita
 Catar
Omã Omã
Domínios Artes cénicas
Conhecimentos e usos relacionados com a natureza e o universo
Técnicas artesanais tradicionais
Tradições e expressões orais
Usos sociais, rituais e atos festivos
Referência en fr es
Região Estados Árabes
Inscrição 2015 (10.ª sessão)
Lista Lista Representativa

Mirra é um tipo tradicional de café amargo preparado em várias regiões do Médio Oriente como as províncias de Hatay, Adana, Şanlıurfa e Mardin na Turquia,[1] e em países árabes como o Líbano e a Síria e os países da Península Arábica. É por vezes designado café árabe porque o nome provém do idioma árabe: "mur", que significa "amargo".

Pode ser preparado com especiarias como o açafrão ou o cardamomo, o que dá como resultado uma bebida amarga e aromatizada com uma cor ligeiramente verde.[2]

O café árabe foi incluído na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2015.[3]

Preparação[editar | editar código-fonte]

O café é tradicionalmente preparado na presença dos convidados. As preparações começam com a seleção dos grãos, que são levemente torrados em uma panela plana antes de esmagá-los em um almofariz de cobre com um martelo do mesmo metal. Os grãos são então moídos em uma grande máquina de café, também feita de cobre, que é preenchida com água e colocada no fogo.[3] É preparado fervendo a água numa caçarola ou dallah. Quando começa a ferver, junta-se o café e baixa-se o lume ao mínimo, deixando-o durante um curto período e retirando do lumne, junta-se as especiarias como cardamomo, açafrão, cravo-aromático ou água de rosas e deixa-se ferver. Filtra-se e verte-se numa chaleira.[2]

Serve-se em pequenas taças chamadas finjaan, apenas até um quarto ou metade para que esfriem rapidamente. Não se lhe junta açúcar, mas serve-se com um acompanhamento doce, como tâmaras. A etiqueta indica que os convidados devem aceitar pelo menos uma chávena, embora o típico seja beber três.[2]

Importância cultural[editar | editar código-fonte]

Servir um café árabe é um elemento importante da hospitalidade nas sociedades dos países árabes e é considerado um ato ritual de generosidade. O primeiro a ser servido é o convidado mais importante ou o mais velho. As chávenas dos convidados são cheias aquém da sua capacidade, para assim se poder voltar a servir o café várias vezes mais. A etiqueta requer que cada convidado beba uma chávena pelo menos, mas não mais que três. O café árabe é preparado por homens e mulheres de todas as condições sociais, especialmente na casa familiar. Considera-se que os principais depositários desta prática cultural são os xeques e chefes tribais que servem café nos lugares onde se encontram, os homens e mulheres mais velhos da comunidade e os beduínos proprietários de negócios de café. A transmissão de conhecimentos e usos tradicionais ligados ao café árabe é realizada dentro das famílias, através da observação e prática. Os jovens acompanham os idosos das suas famílias ao mercado para aprender a selecionar os melhores grãos.[3]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Kristberg Kristbergsson; Jorge Oliveira (9 de março de 2016). Traditional Foods: General and Consumer Aspects. [S.l.]: Springer. p. 94. ISBN 978-1-4899-7648-2 
  2. a b c Warah, Holly S. (29 de agosto de 2011). «How to Prepare and Enjoy Arabic Coffee». Arabic Zeal (em inglês). Consultado em 16 de maio de 2015 
  3. a b c UNESCO. «El café árabe, un símbolo de generosidad». Consultado em 20 de dezembro de 2018