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Muchachos bañándose en la laguna de Maracaibo

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Muchachos bañandose en la
laguna de Maracaibo
Muchachos bañándose en la laguna de Maracaibo
Uma fotografia de crianças tomando banho no lago, tal foi usada para recriar o filme na década de 2010.
Venezuela
1897 •  p&b •  
Direção Desconhecido; possivelmente Manuel Trujillo Durán ou Gabriel Veyre
Lançamento 28 de janeiro de 1897
Idioma filme mudo

Muchachos bañándose en la laguna de Maracaibo (lit. "Meninos banhando-se na lagoa de Maracaibo") é um curta-metragem venezuelano, sendo a segunda produção audiovisual produzida no país, após Un célebre especialista sacando muelas en el gran Hotel Europa. Sua estreia decorreu no El Teatro Baralt em Maracaibo no dia 28 de janeiro de 1897.

O filme apresenta um grupo de crianças se divertindo no Lago de Maracaibo. Não se sabe muito acerca sobre sua produção e estudiosos questionam a identidade do diretor. Enquanto há mais informações disponíveis sobre o trabalho em comparação com Un célebre especialista..., existem mais discussões entorno deste último.

O filme apresenta um grupo de jovens "banhando-se" no Lago de Maracaibo, onde é visto o "Baralt Plaza, o principal mercado e, em geral, a zona central da cidade".[1]:42 O crítico Jesús Ricardo Azuaga García descreveu que a obra era estilisticamente semelhante aos filmes de Auguste e Louis Lumière, comparando-o com um cartão postal.[1]:29 Posteriormente, notou que a emotividade francesa é imprevisível no cinema venezuelano, listando três instâncias.[1]:37 Não há registros salvos de cópias do curta-metragem, contudo houve duas restaurações parciais. A primeira é uma refilmagem de algumas crianças mergulhando no lago, incluída no terceiro e no quarto discos da coleção de DVDs da Biblioteca Nacional do cinema venezuelano.[2]:66, 91-2 Em comemoração aos 120 anos da estreia do filme, a Asociación Venezolana de Exhibidores de Películas (AVEP) realizou uma exibição da obra restaurada junto a Un célebre especialista sacando muelas en el gran Hotel Europa. A partir de fotografias restauradas e coloridas à mão do Arquivo Fotográfico Zulia, foi possível uma recriação mais similar da obra original, sendo os responsáveis Emiliano Faría e Abdel Güerere.[3]

Anúncio sobre a exibição do filme em um jornal.[nota 1]

Após seis meses da chegada do Vitascópio na Venezuela, os primeiros filmes nacionais exibidos no país foram Un célebre especialista sacando muelas en el gran Hotel Europa e Muchachos bañándose en la laguna de Maracaibo, a exatas 19 horas do dia 28 de janeiro de 1897.[2]:9 A estreia ocorreu no El Teatro Baralt em Maracaibo,[4] onde também foram exibidos curtas-metragens estadunidenses.[5]:xxxi No mesmo dia, ainda foram apresentadas duas produções da França; uma representação de uma corrida no Champs-Élysées e L'Arrivée d'un train en gare de La Ciotat, dos irmãos Lumière.[5]:2 Un célebre especialista sacando muelas en el gran Hotel Europa apresenta um dentista fazendo uma extração dentária em um hotel. De acordo com o historiador e analista cinematográfico venezuelano Rodolfo Izaguirre, além dos filmes nacionais e franceses, algumas películas de Thomas Edison também foram exibidas.[6]:752 Em sequência houve a apresentação da ópera La favorita, de Gaetano Donizetti.[7]:107–120[8]:29

A exibição não teria sido bem sucedida, segundo sugerem relatórios da época. A recepção do público por parte das imagens em movimento foi "curiosa", mas indiferente aos filmes.[9]:13 Em uma resenha contemporânea, o jornal El Cronista afirmou que a mostra não foi bem organizada, destacando que a iluminação do teatro estava forte, dificultando a visualização das imagens. Entretanto, o periódico ressalta que o curta-metragem "das crianças tomando banho no lago" foi ovacionado.[1]:28[nota 2]

Produção e identidade do diretor

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Especialistas afirmam amplamente que o filme foi dirigido por Manuel Trujillo Durán, mesmo após ser divulgado que ele não foi o responsável pela introdução do Vitascópio na Venezuela.[10]:47

Durante anos, diversas fontes insinuaram que foi Trujillo, com ou sem seu irmão Guillermo, com quem trabalhava.[11]:242[12]:22[13]:14 Cinéfilos venezuelanos também sugerem que Trujillo seja o diretor, enquanto que comentários contrários afirmam que ele não tinha uma câmera cinematográfica e estaria no estado de Táchira na época.[10]:54 Entretanto, Trujillo tinha contato com empresas de câmeras estadunidenses, o que reforça a hipótese de que ele seja o diretor.[14]:337 Rodolfo Izaguirre, renomeado crítico, diz que o curta-metragem é "possivelmente" dirigido por Trujillo,[6]:752 assim como é atribuído-lhe o título de pioneiro do cinema venezuelano.[14]:337

Em uma entrevista televisionada, Alexis Fernández expôs que não há nada concreto sobre a identidade do diretor.[15] Um artigo do jornal Últimas Noticias sobre o cinema nacional garantiu que Trujillo não apenas fez produziu o filme, como também foi responsável por organizar o El Teatro Baralt para sua exibição.[16] Contrariamente, Veyre é apontado como realizador por Jesús Ángel Semprún Parra e Luis Guillermo Hernández. No mês de janeiro de 1897, Maracaibo viajou à Colômbia para a exibição de películas. Ao mesmo tempo, Veyre e C.F. Bernard foram à Venezuela como parte de uma divulgação cinematográfica pela América Latina e o Caribe.[17]:528

Crítica contemporânea

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O crítico Azuaga García enquadra o filme em duas categorias principais de sua época, afirmando que essas produções tinham como foco o turismo e o governo. Muchachos bañandose... também é responsável por influenciar filmes de Julio Soto, como Tomas del Lago e Revista de Maracaibo — ambos da década de 1910.[1]:35

Michelle Leigh Farrell questiona a influência da indústria cinematográfica venezuelana — que foi pioneira na década de 1890 — por não ter tido o mesmo número de produções de outros países sul-americanos ao longo do século XX. Segundo ela, a indústria foi direcionada para a autopromoção do governo, prejudicando a produção.[18]:21 Por outro lado, Michael Chanan notou que foi típico dos mercados latino-americanos diminuírem o desenvolvimento de películas após o pioneirismo, sugerindo ainda que muitas obras estejam perdidas ou esquecidas.[19]:427-435 Elisa Martínez de Badra expressou que Muchachos bañándose e Un célebre especialista não são comparáveis com outras obras de 1896, descritas por ela como "espetáculos cinematográficos".[20]:67

Notas e referências

Notas

  1. Anúncio sobre o filme na língua original (espanhol): Estreno del portentoso aparato El Cinematógrafo (Vitascope perfeccionado). Nombres de los cuadros 1° Los Campos Elíseos (Paris). 2° Un célebre especialista sacando muelas en el Gran Hotel Europa (Maracaibo). 3° Muchachos bañandose en la laguna de Maracaibo. 4° La llegada de un tren. Em português (tradução literal): Estreia do aparelho portentoso O Cinematógrafo (uma melhoria do Vitascópio). Títulos dos filmes 1º Los Campos Elíseos (Paris). 2º Un célebre especialista sacando muelas en el Gran Hotel Europa (Maracaibo). 3º Muchachos bañandose en la laguna de Maracaibo. 4º La llegada de un tren.
  2. Resenha na língua original (em espanhol): "el descorrer de la cinta adolecía de alguna irregularidad y que la luz que daba sobre el bastidor no pareció bien dispuesta: así se borraban o confundían lastimosamente las figuras (aunque) los cuadros del Cinematógrafo parecieron buenos, muy particularmente el de los muchachos bañándose en el lago, que fue ruidosamente aplaudido". Em português (tradução literal): "o desenrolar da fotografia sofria de alguma irregularidade, fazendo-o parecer que não estava bem organizado: assim as imagens do Cinematógrafo ficaram bem apagadas, embora parecessem boas, principalmente a dos meninos tomando banho no lago, que foi ovacionada".

Referências

  1. a b c d e Azuaga García, Jesús Ricardo (setembro de 2015). Pandemonium: La Filmografia de Roman Chalbaud en el Cine Venezolano: Contexto y Analisis (PDF) (Tese) (em espanhol). Universitat de Valencia 
  2. a b Correa, Luzmar; Jerez, Zuhé; Rojas, Ana (abril de 2011). Castillo, Jorge, ed. Documental sobre el inicio de las casas productoras de cine en Venezuela (PDF) (Tese) (em espanhol). Universidad Católica Andrés Bello 
  3. «"Muchachos bañándose en la laguna de Maracaibo" en el siglo XXI». El Nacional (em espanhol). 22 de dezembro de 2016. Consultado em 24 de novembro de 2022. Cópia arquivada em 25 de dezembro de 2016 
  4. «El cine nacional está de fiesta» (em espanhol). Centro Nacional Autónomo de Cinematografía. 26 de janeiro de 2012. Consultado em 24 de novembro de 2022. Cópia arquivada em 6 de março de 2019 
  5. a b Rist, Peter (2014). Historical dictionary of South American cinema (em inglês). Lanham: Rowman & Littlefield Publishers. ISBN 9780810880368. OCLC 879947308 
  6. a b Izaguirre, Rodolfo; Cortés Bargalló, Luis (1998). La lengua española y los medios de comunicación vol. 2: En el cine venezolano, la lengua es el asalto (em espanhol). Zacatecas: Siglo XXI Editores, S.A. de C.V. ISBN 9789682321115 
  7. Izaguirre, Rodolfo (2000). «Un cine en busca de... tantas cosas». In: Baptista, Asdrúbal. Venezuela Siglo XX: Visiones y Testimonios (em espanhol). 1. Caracas: Fundación Polar. ISBN 978-980-379-015-8 
  8. Calvo, Guadi (2003). «Román Chalbaud: La voz definitiva». Archipielago. Revista cultural de nuestra América (em espanhol). 11 (41) 
  9. Hart, Stephen M. (15 de outubro de 2014). Latin American Cinema (em inglês). Londres: Reaktion Books. ISBN 9781780234038 
  10. a b Sueiro Villanueva, Yolanda (2007). Inicios de la exhibición cinematográfica en Caracas (1896-1905) (em espanhol) 1ª ed. Caracas: Fondo Editorial de Humanidades y Educación, Universidad Central de Venezuela. ISBN 978-9800023952. OCLC 225867560 
  11. Carro, Nelson. «Un siglo de cine en América Latina» (PDF). Política y Cultura (em espanhol). 8. Consultado em 15 de dezembro de 2018. Cópia arquivada em 15 de dezembro de 2018 
  12. Schroeder Rodríguez, Paul A. (8 de março de 2016). Latin American Cinema: A Comparative History (em inglês). Berkeley: University of California Press. ISBN 9780520963535 
  13. Retamal Muñoz, Leonel Alexi. «Ya no basta con grabar: Presencia y permanencia de la cuestión social en el cambio de enfoque del cine documental chileno (1919 – 1959)». Tesina Diplomado América Latina, Desarrollo y Cultura: Desafíos de la Globalización (em espanhol) – via Universidad de Santiago de Chile 
  14. a b Straka, Tomás (2018). Historical dictionary of Venezuela (em inglês). Guzmán Mirabal, Guillermo; Cáceres, Alejandro E.; Rudolph, Donna Keyse 3ª ed. Lanham: Rowman & Littlefield. ISBN 9781538109496. OCLC 993810331 
  15. «Homenaje a Manuel Trujillo Durán». Notitarde (em espanhol). 20 de novembro de 2016. Consultado em 24 de abril de 2019 
  16. Longo, Carmela (26 de janeiro de 2019). «El cine venezolano busca mantenerse activo». Últimas Noticias (em espanhol). Consultado em 24 de novembro de 2022. Arquivado do original em 25 de abril de 2019 
  17. Semprún Parra, Jesús Ángel; Hernández, Luis Guillermo (2018). Luis Perozo Cervantes, ed. Diccionario General del Zulia (em espanhol). 1. Maracaibo: Sultana del Lago. ISBN 9781976873034 
  18. Farrell, Michelle Leigh (24 de agosto de 2011). A "Revolution of Consciousness": Redefining Venezuelan National Identities Through Cinema (PDF). Georgetown University (Tese) (em inglês) 
  19. Chanan, Michael (1996). «Section 2, Sound Cinema 1930-1960 "Cinema in Latin America"». In: Nowell-Smith, Geoffrey. The Oxford History of World Cinema (em inglês). Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0198742425 
  20. Martínez de Badra, Elisa (2011). El guión: fin y transición (em inglês). Caracas: Universidad Católica Andres Bello. ISBN 9789802441433