Ponte Rainha D. Amélia
Ponte Rainha D. Amélia | |
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Ponte vista de uma das entradas. | |
Arquitetura e construção | |
Início da construção | Julho de 1902 |
Término da construção | Finais de 1903 |
Data de abertura | 14 de Janeiro de 1904 |
Data de encerramento | 2001 (ao tráfego ferroviário) |
Comprimento total | 840 metros |
Largura | 5 metros |
Geografia | |
Cruza | Rio Tejo |
Localização | Muge e Porto de Muge, ![]() |
A Ponte Rainha D. Amélia, também conhecida por Ponte D. Amélia, é uma antiga ponte ferroviária portuguesa, que foi convertida para uso rodoviário. Inaugurada em 14 de Janeiro de 1904, foi substituída, em 2001, pela Nova Ponte D. Amélia.
Caracterização
O seu nome é em homenagem à Rainha D. Amélia.
As peças metálicas da ponte foram feitas pela fábrica Fille Lilles, que também construiu as pontes de Muge e da Vala da Azambuja[1]; A construção das peças foi supervisionada pelo engenheiro Audouard, que detinha uma boa reputação neste tipo de projectos.[2]
O projecto original, datado de 1901, descreve a ponte como estando assente sobre 13 pilares e 2 encontros, formando 14 vãos de 60 metros, totalizando 840 metros.[3]
O contra-vento foi previsto inferior e horizontal; e a sobrecarga utilizada baseou-se no peso de uma locomotiva e o seu tender respectivo. O coeficiente de resistência para os banzos foi calculado em 9, e, para as rotundas e carlingas, 7,5; O coeficiente de trabalho adoptado ao lançamento foi 9. O cálculo dos momentos de flexão foi efectuado segundo o método de Clapeyron; a curva involtória dos máximos momentos, foi determinada pela construção das parábolas dos momentos, as secções transversais das madres e os seus respectivos momentos de inércia e módulos de resistência. A viga foi verificada pelo processo do engenheiro Xavier Cordeiro.[3]
Pilares e encontros
Os pilares, fundados a ar comprimido, com caixões de ferro preenchidos com formigão hidráulico composto por pedra calcária da quinta Sub-Serra, de Alhandra[2], deveriam ter 10 metros acima da água, de forma a ultrapassar os níveis reportados nas cheias de 1876, que fizeram as águas subir cerca de 5 metros.[3]
As alturas do soco, do fuste e do capitel são, respectivamente, 1,50, 8,065 e 0,50 metros; a espessura junto ao soco é de 3,064 metros e, no colo, de 2,50 metros, com um jorramento de 0,035 metros. O paramento das faces planas é composto por fiadas de enxilharia, tendo o revestimento sido construído com silhares e juntouros; o revestimento dos talhantes de secção semi-circular foi feito com cantaria de almofadado rústico, e os encontros, de alvenaria hidráulica. Os cunhais e cimalha são compostos por cantaria, feita de calcário cinzento azulado das pedreiras de Rio de Mouro. A construção dos pilares e dos encontros foi executada pelo engenheiro Reynaud.[2]
Tabuleiro
A viga do tabuleiro, em aço macio, em quádrupla rótula reforçada com prumos nos nós, encontra-se fixa no pilar central, podendo dilatar-se para os dois extremos, sobre os rolos respectivos; as duas madres, com 6,717 metros de altura, encontram-se distanciadas a 5,040 metros, e ligadas entre si por meio de contraventamentos, de forma a reforçá-las e evitar a sua deformação.[2] O tabuleiro, inferior, inclui carlingas com 5,040 metros de largura e que se distanciam 3,333 metros entre si, e que estão travadas por longarinas, situadas a intervalos de 1,8 metros.[3]
História
Planeamento, construção e inauguração
Esta estrutura veio substituir uma ponte de carácter provisório, de metal e madeira, que tinha sido construída aproveitando peças de uma antiga ponte da Linha do Norte, sobre o Rio Vouga.[4]
Foi esboçada pelo engenheiro António de Vasconcellos Porto em 1901[3], tendo, em Julho de 1902, sido batida a primeira estaca, como acto cerimonial para o início da construção desta ponte[5]; nos finais desse ano, as peças para o primeiro tramo já se encontravam a caminho de Lisboa, vindas das oficinas da sociedade Fille Lilles [6], e, nos inícios do ano seguinte, o quinto pilar já tinha sido entregue pela respectiva ponte construtora.[7] Em Abril, já tinham sido colocados 8 pilares, e montadas 3 secções do tabuleiro [8]; e, em Setembro, já se previa que a ponte estaria concluída em Novembro desse ano.[9] Em Outubro, já tinham sido corridos os 11º e 12º tramos, encontrando-se em construção os dois seguintes [10], e, no mês seguinte, já tinha sido instalada a via desde a ponte até à Estação de Vendas Novas.[11] Em Dezembro, já se tinham iniciado as inspecções de via em toda a Linha de Vendas Novas, tendo a abertura ao serviço sido prevista para 1 de Janeiro.[12]
A sua inauguração ocorreu a 14 de Janeiro de 1904, por D. Carlos I, com a abertura da Linha de Vendas Novas, entre Setil, na Linha do Norte, e Vendas Novas, na Linha do Alentejo. O autor foi elogiado pelo Conselho Técnico de Obras Públicas, devido à perfeição com que elaborou este projecto.[3] A Ponte Rainha D. Amélia possuiu, na altura da sua construção, o título da ponte ferroviária mais extensa da Península Ibérica.[2]
Adaptação para uso rodoviário
Após a construção em 2001 de uma nova ponte ferroviária, que a substituiu, a Ponte Rainha D. Amélia foi alvo de obras, e reconvertida para tráfego automóvel e pedonal, ligando deste modo, Muge, no concelho de Salvaterra de Magos, e Porto de Muge, no concelho do Cartaxo.
Ver também
Referências
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (350). 218 páginas. 16 de Julho de 1902
- ↑ a b c d e VASCONCELLOS, Porto (1903). «Sant'Anna a Vendas Novas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (382): 3,4
- ↑ a b c d e f «A Ponte Sobre o Tejo». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (337): 6, 7. 1 de Janeiro de 1902
- ↑ SIMÕES, Oliveira (16 de Agosto de 1902). «Excursão de Engenharia». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (352): 241, 243
- ↑ «Linhas Portuguezas». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (351). 234 páginas. 1 de Agosto de 1902
- ↑ «Linhas Portuguezas». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (360). 403 páginas. 16 de Dezembro de 1902
- ↑ «Linhas Portuguezas». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (363). 43 páginas. 1 de Fevereiro de 1903
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (368). 22 páginas. 1903
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (378). 10 páginas. 1903. Consultado em 19 de Junho de 2010
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (380). 12 páginas. 1903
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (381). 12 páginas. 1903
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (384). 12 páginas. 1903