Beija-flor-rajado

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Espécime empoleirado avistado em 2009
Espécime empoleirado avistado em 2009
Espécime fotografado em pleno voo
Espécime fotografado em pleno voo
Estado de conservação
Quase ameaçada
Quase ameaçada (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Apodiformes
Família: Trochilidae
Subfamília: Phaethornithinae
Género: Ramphodon
Lesson, 1830
Espécie: R. naevius
Nome binomial
Ramphodon naevius
(Dumont, 1818)
Distribuição geográfica
Distribuição do beija-flor-rajado
Distribuição do beija-flor-rajado
Sinónimos
Trochilus naevius Dumont, 1818

O beija-flor-rajado,[2] também chamado beija-flor-grande-do-mato, beija-flor-do-mato, beija-flor-pardo, coitelo[3] ou grazina-de-cabeça-branca[4] (nome científico: Ramphodon naevius) é uma beija-flor da família dos troquilídeos (Trochilidae), endêmica do sudoeste do Brasil.[5] Seu dorso é verde-dourado, o peito é negro margeado de branco, a parte de trás dos olhos é preta. Possui uma estria pardo-amarelada acima dos olhos. O bico do macho é curvo na ponta.

Taxonomia e sistemática[editar | editar código-fonte]

O beija-flor-rajado é colocado na subfamília dos fetornitíneos (Phaethornithinae), mas entre essas aves, é a espécie mais semelhante aos beija-flores típicos, troquilíneos (Trochilinae).[6] É o único membro de seu gênero e não possui subespécies.[5]

Descrição[editar | editar código-fonte]

O beija-flor-rajado é de 14 a 16 centímetros (5,5 a 6,3 polegadas) de comprimento e pesa 5,3 a 9 gramas (0,19 a 0,32 onças). É um dos três beija-flores mais pesados e o macho é mais pesado que a fêmea. Ambos os sexos têm serrilhas na mandíbula e o bico do macho também tem uma ponta em forma de gancho. (O não aparentado Androdon aequatorialis é o único outro beija-flor que tem o bico serrilhado.) Ambos os sexos têm partes superiores escamosas marrom e partes inferiores listradas escuras e pálidas. Têm uma garganta ocre avermelhada, seu dorso é verde-dourado, uma mancha escura no olho e um supercílio branco. O lado superior da cauda é preto arroxeado, enquanto o lado inferior tem progressivamente mais amarelo nas extremidades para o par externo de penas.[3][6] [7]

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

O beija-flor-rajado é encontrado em uma faixa estreita do sudeste do Brasil desde os estados de Minas Gerais e Espírito Santo ao sul de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul. Habita o sub-bosque da Mata Atlântica costeira úmida até uma altitude de 500 metros (1 600 pés).[6]

Comportamento[editar | editar código-fonte]

Presume-se que o beija-flor-rajado seja sedentário, mas há especulações de que faz alguns movimentos de curto alcance. Se alimenta do néctar de uma ampla variedade de plantas com flores nativas e introduzidas; a maioria compartilha a característica de flores tubulares. Normalmente se alimenta a cerca de 6 metros (20 pés) do solo, mas foi observado até 15 metros (49 pés). Como outros beija-flores, é um alimentador "armadilha", visitando um circuito de plantas com flores. No entanto, ao contrário de muitos outros caçadores de armadilhas, defende sua rota por comportamento agressivo em relação a beija-flores da mesma espécie e outros beija-flores. Além do néctar, alimenta-se de pequenos artrópodes colhidos na vegetação. A época de reprodução não foi totalmente definida, mas parece incluir julho a setembro. Constrói seu ninho em forma de cone com material vegetal e teias de aranha sob a ponta de uma folha longa caída. Sua ninhada é de dois ovos.[6] Sua canção é um "muito alto e tagarela gorjeio". As chamadas incluem "uma série sustentada e rápida de notas 'bic' muito altas" e "uma série descendente... de notas 'seeee'."[8] As chamadas são aparentemente usadas para defender a linha de armadilha.[6]

Conservação[editar | editar código-fonte]

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN) classificou a espécie como quase ameaçada, tendo em vista sua ampla distribuição geográfica. Sua população se situa dentro da faixa de 175 000-171 000 indivíduos e se suspeita que esteja em declínio devido à perda de habitat. Contudo, tal declínio ainda não é considerado como suficiente para classificar a espécie como vulnerável.[1] Em 2005, foi classificado como em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[9] em 2014, como pouco preocupante no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo;[10] e em 2018, como pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[4][11]

Referências

  1. a b BirdLife International (2021). «Saw-billed Hermit Ramphodon naevius». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2021. Consultado em 15 de abril de 2022 
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 111. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  3. a b Ferreira, A. B. H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 244 
  4. a b «Ramphodon naevius (Dumont, 1826)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 15 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022 
  5. a b Gill, F.; Donsker, D.; Rasmussen, P. (julho de 2021). «IOC World Bird List (v 11.2)». Consultado em 14 de julho de 2021 
  6. a b c d e Hinkelmann, C.; Kirwan, G. M. (2020). «Saw-billed Hermit (Ramphodon naevius), version 1.0.». In: Hoyo, J. del; Elliot, A.; Sargatal, J.; Christie, D. A.; Juana, E. de. Birds of the World. Ítaca, Nova Iorque: Laboratório Cornell de Ornitologia 
  7. «Beija-flor-rajado (Ramphodon naevius) | PhotoAves - Fotos e informações sobre a espécie». www.photoaves.com. Consultado em 2 de setembro de 2011 
  8. van Perlo, Ber (2009). A Field Guide to the Birds of Brazil. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Oxônia. 160 páginas. ISBN 978-0-19-530155-7 
  9. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  10. Bressan, Paulo Magalhães; Kierulff, Maria Cecília Martins; Sugleda, Angélica Midori (2009). Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo - Vertebrados (PDF). São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA - SP), Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 25 de janeiro de 2022 
  11. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 


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