Reduflação

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Em economia, a reduflação[1] é o processo em que os produtos diminuem de tamanho ou quantidade, enquanto que o seu preço se mantém inalterado ou aumenta.[2][3] Este efeito é uma consequência do aumento do nível geral dos preços dos bens, manifestado por unidade de peso ou volume, causado por inúmeros fatores, principalmente a perda do poder aquisitivo da moeda e a queda do poder de compra dos consumidores e/ou do aumento do custo dos insumos, cuja resposta da oferta é a redução do peso ou tamanho dos bens transacionados[4][2].

A reduflação concebe-se, portanto, como uma forma de adaptação da oferta à pressão inflacionária, e surge para evitar uma perturbação na dinâmica de transferências para o mercado, ante a concorrência.[5] Por causa e efeito, apresenta-se destarte como uma forma encapotada de inflação.[2][6]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

A expressão resulta de uma tradução literal do termo shrinkflation[7], um neologismo inglês, cunhado por Pippa Malmgren e Brian Domitrovic, na obra de 2009 "Econoclasts: The Rebels Who Sparked the Supply-Side Revolution and Restored American Prosperity[8]" (lit. Econoclastas= Os Rebeldes que despoletaram a revolução da Oferta e Restauraram a Prosperidade Americana), que resulta da aglutinação de «shrink» 'reduzir' com «(in)flaction» '(in)flação'.

Nestes termos, em português afigura-se como uma aglutinação dos étimos redu(ção) e (in)flação.[9]

Impacto e opinião pública[editar | editar código-fonte]

Este fenómeno é especialmente notório em produtos embalados[4], embora esta medida não seja bem acolhida pelos consumidores, que reparam na diferença no rendimento do produto em relação ao preço e nas alterações da formas de apresentação e feitio do mesmo, que são os seus sinais mais visíveis. Assinala-se, por seu turno, a maneira desigual com que, entre diferentes retalhistas, um mesmo produto se pode apresentar com diferentes tamanhos, qualidades e preços, a qual pode revestir a interpretação que se faz da reduflação de uma complexidade acrescida, tendo em conta os interesses adicionais que influem sobre este processo[4].

Por sua vez, Pippa Malmgren, assessora de economia-política do governo norte-americano, durante a presidência de George W. Bush, aplicou esta expressão na obra "Signals: How Everyday Signs Can Help Us Navigate the World's Turbulent Economy[10]" (lit. Sinais: Que sinais da vida prosaica nos podem nortear na turbulenta Economia Mundial) afirma que a reduflação acaba por ser um sinal nítido da inflação, de modo que tem repercussões muito sérias para a política monetária dos bancos centrais. Neste sentido, ressalta-se também para a tendência geral dos consumidores para culpar os retalhistas quando, a pospelo, se argumenta que são na verdade os bancos centrais os responsáveis directos sobre a inflação, e por arrasto da reduflação.[10]

Reduflação em Portugal[editar | editar código-fonte]

Algumas marcas estão a reduzir o tamanho das suas embalagens e a cobrar o mesmo, ou até mais, por uma menor quantidade de produto. Nos últimos tempos têm surgido muitos exemplos desta prática no comércio em Portugal.

Um dos exemplos foi o da Planta, creme para barrar. A 1 de março de 2022, ainda com uma embalagem de 450 gramas, este produto custava 3,19 euros nas lojas Auchan, Continente e Minipreço. No Pingo Doce estava à venda por 2,39 euros.[11]

Artigo que sofreu inflação.

A 1 de novembro de 2022, a embalagem tinha já menos 50 gramas e estava mais cara. Nas lojas Auchan, Continente e Minipreço, uma embalagem de Planta Original Creme para Barrar de 400 gramas custava 3,49 euros, o que se traduz numa subida real de 23,2% face a 1 de março de 2022. No Pingo Doce, a 1 de novembro, o preço estava em 2,79 euros, o que, na realidade, corresponde a 31,38% de aumento em relação a 1 de março do mesmo ano.[11]

Referências

  1. Infopédia. «reduflação | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Porto Editora. Consultado em 24 de maio de 2022 
  2. a b c SAPO. «'Reduflação', a estratégia que disfarça o aumento dos preços vendendo menos produto pelo mesmo valor». SAPO 24. Consultado em 24 de maio de 2022 
  3. «Preço igual, volume diferente… reduflação!». Poupar Melhor. 19 de junho de 2015. Consultado em 5 de fevereiro de 2020 
  4. a b c Redacción (7 de fevereiro de 2018). «"Reduflación": por qué algunos productos se están encogiendo en los supermercados mientras su precio se mantiene o aumenta». BBC News Mundo (em espanhol) 
  5. privada, 18 de Noviembre de 2014 | Banca; invertir, Claves para (18 de novembro de 2014). «¿Qué es la shrinkflation?». Observatorio del Inversor (em espanhol). Consultado em 5 de fevereiro de 2020 
  6. «Deco pede a consumidores para redobrarem atenção para não comprarem menos pelo mesmo preço». www.jornaldenegocios.pt. Consultado em 24 de maio de 2022 
  7. «That Shrinking Feeling». www.merriam-webster.com (em inglês). Consultado em 5 de fevereiro de 2020 
  8. «Econoclasts: the rebels who sparked the supply-side revolution and restored American prosperity». Choice Reviews Online. 47 (06): 47–3277-47-3277. 1 de fevereiro de 2010. ISSN 0009-4978. doi:10.5860/choice.47-3277 
  9. S.A, Priberam Informática. «reduflação». Dicionário Priberam. Consultado em 16 de dezembro de 2022 
  10. a b Malmgren, Philippa, author. Signals : how everyday signs can help us navigate the world's turbulent economy. [S.l.: s.n.] ISBN 978-1-4746-0352-2. OCLC 928643395 
  11. a b «Reduflação, o fenómeno que está a afetar Portugal». Econnosco. 23 de março de 2023. Consultado em 6 de junho de 2023