Refugiados da Somália
Os refugiados da Guerra Civil da Somália ou refugiados somalis são pessoas que habitam principalmente o Chifre da África, na região conhecida como península Somali. Milhões de somalis fugiram de seu país ou de suas regiões atacadas por grupos terroristas como o Al-Shabaab, situação agravada por invasões de países vizinhos, como a Etiópia e o Quênia, ou da crise política e econômica na região, gerando assim um fluxo imenso de refugiados e deslocados internos.[1][2] Há também uma grande concentração de refugiados somalis em países vizinhos como, Iêmen e a Etiópia. Embora o Iêmen tenha seu próprio deslocamento interno e crise de refugiados, países como esses citados têm uma longa história de acolhimento de refugiados da Somália.[3]
Há também uma comunidade somali histórica na área geral do Sudão. Concentrada principalmente no norte do país e em Cartum, a comunidade de expatriados é formada principalmente por estudantes, além de alguns empresários. Recentemente muitos empresários somalis também se estabeleceram na África do Sul, onde lá fornecem a maior parte do comércio varejista em assentamentos informais ao redor da província de Cabo Ocidental ao sul do país.[4]
Esse cenário faz da Somália o sétimo país que mais gera refugiados no mundo, atrás apenas da Síria, Venezuela, Afeganistão, Sudão do Sul, Myanmar e República Democrática do Congo. São 1,1 milhão ao todo e apenas no ano de 2020, 4,3 mil novos somalis chegaram à Etiópia. Mais de 270 mil pessoas que fugiram da guerra estão enfrentando a alarmante falta de comida, água e abrigo adequados em acampamentos superlotados no norte do Quênia. Devido às péssimas condições de vida, muitos estão pensando em voltar para a zona de guerra somali, afirmou a organização não governamental humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF). O complexo de campos de refugiados de Dadaab, no Quênia, é o maior do mundo atualmente (cerca de 350 mil pessoas) e em operação desde 1991, tem sua origem atrelada justamente ao conflito em curso na Somália.[5][6][7]
Situação na Europa
[editar | editar código-fonte]A situação dos refugiados somalis na Europa ainda é de abandono e perseguição xenofóbica, como o caso dos campos de refugiados de Moria e Kara Tepe II na ilha de Lesbos, ao leste da Grécia, onde esses refugiados são submetidos a condições degradantes de saúde. Situação essa agravada por alguns entraves jurídicos, como o caso de 928 somalis residentes na Dinamarca que perderam sua autorização de residência em 2018, após decisões do Serviço de Imigração dinamarquês, sob afirmações de que seu país natal é seguro o suficiente para se morar, até o ano de 2018 todas as autorizações revogadas pelo Serviço de Imigração foram questionadas pelos somalis no órgão de recurso dinamarquês The Refugee Board, mas apenas 18% das reclamações foram aceitas.[8][9]
COVID-19
[editar | editar código-fonte]Ainda no ano de 2020 uma grande maioria dos refugiados e solicitantes de asilo que necessitavam de ajuda para comprar comida e pagar o aluguel ocuparam a linha gratuita de ajuda do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, na primeira semana de lockdown da pandemia de COVID 19. Mais de 3.000 pessoas ligaram para a central, sendo que 95% delas perderam sua fonte de renda e enfrentavam a fome e o despejo.[10] A recente pesquisa conduzida por MSF no acampamento de Dagahaley, localizado no campo de refugiados de Dadaab no Quênia, revelou uma prevalência de 22,3% de desnutrição aguda entre a população, bem acima do mínimo que caracteriza uma emergência. O baixo nível no estoque de comida do Programa Mundial de Alimentação em Dadaab levou a uma redução de 30% das rações nos acampamentos.[11]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «BBCBrasil.com | Reporter BBC | Entenda o conflito na Somália». www.bbc.com. Consultado em 17 de novembro de 2021
- ↑ «Somalia Refugee Crisis Explained». www.unrefugees.org. Consultado em 17 de novembro de 2021
- ↑ «Somali refugees in Kenya & Ethiopia | European Resettlement Network». www.resettlement.eu. Consultado em 17 de novembro de 2021
- ↑ «Local xenophobes still plague foreigners». www.iol.co.za (em inglês). Consultado em 17 de novembro de 2021
- ↑ Silva, Cesar Augusto SILVA DA; Aizawa, Juliana Tomiko Ribeiro (30 de março de 2021). «SOMÁLIA E O CAMPO DE REFUGIADOS EM DADAAB NO QUÊNIA». Relações Internacionais no Mundo Atual (29): 307–330. ISSN 2316-2880. doi:10.21902/Revrima.v4i29.4342. Consultado em 17 de novembro de 2021
- ↑ «What it's like to be a Somali refugee in Kenya». New Statesman (em inglês). 22 de maio de 2015. Consultado em 17 de novembro de 2021
- ↑ «Once a Refugee, Somali-American Hamdia Ahmed Speaks Up for Migrants». UNICEF USA (em inglês). Consultado em 17 de novembro de 2021
- ↑ «How European policies are dehumanising refugees on Lesvos». The New Humanitarian (em inglês). 1 de março de 2021. Consultado em 17 de novembro de 2021
- ↑ «1.000 somaliere har mistet deres opholdstilladelse: 'Nu skal de rejse hjem'». DR (em dinamarquês). 16 de dezembro de 2018. Consultado em 17 de novembro de 2021
- ↑ «Refugiados somalis retribuem atos de gentileza no país onde foram acolhidos». ACNUR Brasil (em inglês). Consultado em 17 de novembro de 2021
- ↑ «Refugiados somalis vivem em perigo em acampamentos superlotados». MSF. 18 de maio de 2009. Consultado em 17 de novembro de 2021