Reino de Pérsis
Reino de Pérsis | |||||||||
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Limite do Reino de Pérsis
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Região | Planalto Iraniano | ||||||||
Capital | Estacar | ||||||||
Países atuais | Irã | ||||||||
Línguas oficiais | Persa médio | ||||||||
Religião | Zoroastrismo | ||||||||
Moeda | Dracma | ||||||||
Xá | |||||||||
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Período histórico | Antiguidade | ||||||||
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O Reino de Pérsis foi um Estado vassalo do Império Arsácida que floresceu na antiga região de Pérsis. Seus reis, comumente chamados daraiânidas por conta do nome do seu fundador, reinaram do século II a.C. até 224 d.C., quando foram derrubados pelo Império Sassânida. Efetivamente formaram alguma continuidade dinástica persa entre o Império Aquemênida (550–330 a.C.) e o Império Sassânida (224–651).[1]
História
[editar | editar código-fonte]Pérsis (também conhecida como Pars), uma região no sudeste do planalto iraniano, era a pátria de um ramo sudoeste dos povos iranianos, os persas. Também foi o berço do Império Aquemênida Serviu como centro do império até sua conquista pelo rei macedônio Alexandre, o Grande (r. 336–323 a.C.).[2] Desde o final do século III ou início do II a.C., Pérsis foi governada por dinastias locais sujeitas ao helenístico Império Selêucida.[1] Essas dinastias detinham o antigo título persa de frataraca ("líder, governador, precursor"), que já é atestado na Era Aquemênida.[3] Mais tarde, o frataraca Autofradates II (fl. 138 a.C.) foi feito um vassalo do Império Arsácida.[1] Os frataracas foram logo depois substituídos pelos reis de Pérsis, provavelmente com a ascensão do monarca arsácida Fraates II (r. 132–127 a.C.). Ao contrário dos frataracas, os reis usaram o título de xá ("rei") e lançaram as bases para uma nova dinastia, que pode ser rotulada de daraiânidas.[4]
Sub-reis do Império Arsácida
[editar | editar código-fonte]De acordo com Estrabão, os primeiros reis de Pérsis eram tributários dos governantes selêucidas, até c. 140 a.C., quando os partos conquistaram a região:
“ | Os persas têm reis que estão sujeitos a outros reis, antes dos reis da Macedônia, mas agora aos reis dos partos. | ” |
O Império Arsácida então assumiu o controle de Pérsis sob o xainxá Mitrídates I (ca. 171–138 a.C.), mas visivelmente permitiu que os governantes locais permanecessem e permitiu a emissão de moedas com o título de Mlk ("Rei"). A partir de então, a cunhagem dos reis se tornaria bastante parta em caráter e estilo. Sob os partas, essas dinastias foram chamadas de reis e seu título apareceu em suas moedas: por exemplo dʾryw MLKʾ BRH wtprdt MLKʾ (Dário, o Rei, filho de Autofradates, o Rei). A influência arsácida é muito clara na cunhagem, e Estrabão também relata (XV.3.3) que durante o tempo de Augusto (r. 27 a.C.–14 d.C.), os reis dos persas eram tão subservientes aos partas quanto antes aos macedônios:[1]
“ | Mas depois diferentes príncipes ocuparam diferentes palácios; alguns, como era natural, menos suntuosos, depois que o poder de Pérsis foi reduzido primeiro pelos macedônios e, em segundo lugar, ainda mais pelos partos. Pois, embora os persas ainda tenham um governo real e um rei próprio, seu poder está muito diminuído e estão sujeitos ao rei da Pártia. | ” |
Estabelecimento do Império Sassânida
[editar | editar código-fonte]Sob Vologases V (r. 191–208), o Império Parta estava em declínio, devido as guerras com os romanos, guerras civis e revoltas regionais. O imperador romano Sétimo Severo (r. 193–211) invadiu os domínios partas em 196, e dois anos depois fez o mesmo, desta vez saqueando a capital parta de Ctesifonte. Ao mesmo tempo, revoltas ocorreram em Média e Pérsis. O iranólogo Touraj Daryaee argumenta que o reinado de Vologases V foi "o ponto de virada na história arsácida, em que a dinastia perdeu muito de seu prestígio." Os reis de Pérsis eram agora incapazes de depender de seus senhores partas enfraquecidos. De fato, em 205/6, um governante persa local chamado Pabeco se rebelou e derrubou o governante bazrânguida de Pérsis, Gochir, tomando Estacar para si.[5][6] De acordo com o historiador iraniano medieval Tabari (m. 923), foi por insistência de seu filho Artaxer que Pabeco se rebelou. No entanto, Daryaee considera esta afirmação improvável, e afirma que foi na realidade Sapor que ajudou Pabeco a capturar Estacar, como demonstrado pela cunhagem deste último que tem retratos de ambos.[7]
Lá, Pabeco nomeou seu filho mais velho Sapor como seu herdeiro. Isso causou a antipatia de Artaxer, que se tornou o comandante de Darabeguerde após a morte de Tiri.[8] Artaxer em um ato de desafio, partiu para Ardaxir-Cuarrá, onde se fortificou, preparando-se para atacar seu irmão Sapor após a morte de Pabeco.[5][a] Pabeco morreu de causas naturais em algum momento entre 207 e 210 e foi sucedido por Sapor, que se tornou rei de Pérsis.[1][9][10][11] Após sua morte, tanto Artaxer quanto Sapor começaram a cunhar moedas com o título de "rei" e o retrato de Pabeco.[12] O observo das moedas de Sapor tinha a inscrição "(Sua) Majestade, rei Sapor" e o reverso tinha "filho de (Sua) Majestade, rei Pabeco". O reinado de Sapor, no entanto, foi curto; morreu sob condições obscuras em 211/2.[5] Artaxer assim sucedeu Sapor como Artaxer V, e passou a conquistar o resto do Irã, estabelecendo o Império Sassânida em 224 como Artaxer I.[8][13][14]
Cunhagem
[editar | editar código-fonte]A cunhagem dos reis de Pérsis consiste em retratos individualizados dos governantes no anverso, e muitas vezes os governantes mostrados em um papel devocional no verso.[15] O estilo das moedas é muitas vezes influenciado pela cunhagem parta, particularmente no que diz respeito ao vestido e ao capacete dos governantes.[1] Uma legenda reversa em aramaico, usando a escrita aramaica, dá o nome do governante e seu título (𐡌𐡋𐡊 mlk: Rei), e muitas vezes seu relacionamento com um governante anterior. As legendas das moedas são escritas da direita para a esquerda, envolvendo a cena central no sentido anti-horário:[15]
Legenda, escrita da direita à esquerda, em sentido anti-horário: |
Reis de Pérsis
[editar | editar código-fonte]Os reis de Pérsis foram precedidos pelos frataracas. A lista de reis é conhecida principalmente pela sequência de moedas, e apenas alguns reis são mencionados em fontes literárias antigas.[1]
Nome | Data | Cunhagem | Laços familiares |
---|---|---|---|
Dario I | século II a.C. | ? | |
Autofradates III | século I a.C. | ? | |
Dario II | século I a.C. | Filho de Autofradates III | |
Artaxerxes II | século I a.C. | Filho de Dario II | |
Oxatres I | século I d.C. | Filho de Dario II | |
Pácoro I | século I d.C. | Filho de Oxatres I | |
Pácoro II | século I d.C. | ? | |
Namopates | século I d.C. | Filho de Artaxerxes II | |
Capate | século I d.C. | Filho de Namopates | |
Rei incerto II | século I d.C. | ? | |
Autofradates IV | século II | ? | |
Manuchir I | século II | ? | |
Artaxerxes III | século II | Filho de Manuchir I | |
Manuchir II | século II | Filho de Artaxerxes III | |
Rei incerto III / Talvez Pácoro III | século II | ? | |
Manuchir III | século II | Filho de Manuchir II | |
Artaxerxes IV | século II | Filho de Manuchir III | |
Oxatres II | c. 206-210 | ? | |
Sapor | século III | Filho de Pabeco | |
Artaxer V | século III | Filho de Pabeco |
Notas
[editar | editar código-fonte]- [a] ^ Evidências físicas demonstram que não foi de Darabeguerde, como afirma Tabari, que Artaxer começou a expandir seus domínios, mas de Ardaxir-Cuarrá.[16]
Referências
- ↑ a b c d e f g Wiesehöfer 2009.
- ↑ Wiesehöfer 2000a, p. 195.
- ↑ Wiesehöfer 2000b, p. 195.
- ↑ Shayegan 2011, p. 178.
- ↑ a b c Daryaee 2010, p. 249.
- ↑ Daryaee 2012, p. 187.
- ↑ Daryaee 2010, p. 245.
- ↑ a b Wiesehöfer 1986, p. 371–376.
- ↑ Frye 1988, p. 298–299.
- ↑ Daryaee 2010, p. 252.
- ↑ Curtis 2008, p. 34.
- ↑ Daryaee 2010, p. 250.
- ↑ Potts 2017, p. 777.
- ↑ Daryaee 2014, p. 4.
- ↑ a b c Sellwood 1983, p. 299–322.
- ↑ Daryaee 2010, p. 247.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Curtis, Vesta Sarkhosh; Stewart, Sarah (2008). The Sasanian Era. Nova Iorque: I. B. Tauris. ISBN 9780857719720
- Daryaee, Touraj (2014). Sasanian Persia: The Rise and Fall of an Empire. Nova Iorque: I. B. Tauris. ISBN 978-0857716668
- Daryaee, Touraj (2012). «The Sasanian Empire (224–651)». In: Daryaee, Touraj. The Oxford Handbook of Iranian History. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia. ISBN 978-0199732159
- Daryaee, Touraj (2010). «Ardashir and the Sasanians' Rise to Power». Anabasis. 1: 236–255
- Frye, R. N. (1988). «Bābak (1)». Enciclopédia Irânica, Vol. III, Fasc. 3. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia
- Potts, Daniel T. (2017). The Oxford Handbook of Ancient Iran. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia. pp. 1–1021. ISBN 9780190668662
- Sellwood, David (1983). «Parthian Coins». In: Yarshater, Ehsan. The Cambridge History of Iran Volume 3(I) - The Seleucid, Parthian and Sasanian Periods. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia
- Shayegan, M. Rahim (2011). Arsacids and Sasanians: Political Ideology in Post-Hellenistic and Late Antique Persia. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. pp. 1–539. ISBN 9780521766418
- Wiesehöfer, Joseph (1986). «Ardašīr I i. History». Enciclopédia Irânica, Vol. II, Fasc. 4. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia
- Wiesehöfer, Joseph (2000b). «Frataraka». Enciclopédia Irânica, Vol. X, Fasc. 2. Nova Iorque: Imprensada Universidade de Colúmbia
- Wiesehöfer, Joseph (2000a). «Fārs ii. History in the Pre-Islamic Period». Enciclopédia Irânica. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia
- Wiesehöfer, Joseph (2009). «Persis, Kings of». Enciclopédia Irânica. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia