Rhissa Ag Boula

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Rhissa Ag Boula é um político tuaregue nigerino e ex-líder de facções rebeldes durante as insurgências tuaregues de 1990-1995 e de 2007-2009. Ele foi Ministro do Turismo do Níger de 1996 a 1999 e novamente de 1999 a 2004. Sua prisão por acusações de assassinato em 2004 precipitou um conflito armado entre seus partidários e o governo nigerino.

Líder político após a paz de 1995, juntou-se novamente a uma facção rebelde em 2007, criando sua própria facção fora do país em 2008 e aderindo ao processo de paz em 2009. Em 2010, ele foi novamente preso após retornar ao Níger.

Rebelde nos anos 1990 e líder político nos anos 2000[editar | editar código-fonte]

Ag Boula foi líder da Frente de Libertação de Aïr e Azaouak (FLAA) na década de 1990, um dos dois principais grupos rebeldes no conflito. Rhissa e Mano Dayak tornaram-se líderes conjuntos da frente combinada que negociou um acordo de paz com o governo do Níger, a Organização de Resistência Armada (ORA).[1] Após os Acordos de Ouagadougou de 15 de abril de 1995 e o golpe de Estado de 1996, Ag Boula continuou seu ativismo político sob o presidente golpista Ibrahim Baré Maïnassara e foi nomeado Ministro do Turismo do Níger de 1997 a abril de 1999. Nesta função, defendeu um maior turismo internacional na região de Agadez.[2][3] Após o golpe de Estado de 1999 e o retorno à democracia, ele foi novamente (1999-2004) nomeado Ministro do Turismo sob o presidente Mamadou Tandja. Ag Boula esteve no executivo do partido União para a Democracia e o Progresso Social-Amana desde a sua fundação em 1990 até 2005, e presidente do partido de 2005-2008.[4]

Prisão em 2004[editar | editar código-fonte]

Em 2004, foi apontado como cúmplice no assassinato, em 26 de janeiro, do ativista do partido governante Movimento Nacional para a Sociedade do Desenvolvimento (MNSD), Adam Amangue, em Tchirozerine.[5] Ag Boula foi demitido do cargo de ministro em 13 de fevereiro e, em 14 de julho, condenado por ordenar o assassinato de três outros homens. A partir de julho de 2005, vários ex-insurgentes tuaregues liderados pelo irmão de Rhissa, Mohamed Ag Boula, iniciaram uma série de ataques no norte, culminando no sequestro de três policiais nigerinos e um soldado, exigindo a libertação do ex-ministro.[6] Uma negociação na Líbia resultou na libertação provisória de Ag Boula em março de 2005, um mês após a soltura em segurança dos reféns.[7][8]

Rebelião de 2007–2009[editar | editar código-fonte]

Em 2007, uma nova rebelião estourou no norte do Níger, em parte alegando que os acordos de 1995 não estavam sendo honrados.[9] Ag Boula primeiro tentou mediar em nome dos rebeldes a partir do exílio na Europa.[10][11] Em janeiro de 2008, ele anunciou que se juntaria ao movimento rebelde, provocando a condenação do governo de Niamey.[12] A liberdade provisória de Ag Boula pelas acusações de 2004 foi retirada e um tribunal o condenou à revelia por assassinato. Em 13 de julho de 2008, um tribunal do Níger condenou-o à morte.[13] No final de 2008, Ag Boula anunciou que estava formando sua própria facção do movimento rebelde, a Front des forces de redressement (FFR).[14][15] Em 2009, a FFR juntou-se ao processo de paz patrocinado pela Líbia que resultou no fim do conflito em maio de 2009 e uma anistia geral para crimes cometidos durante a insurgência.[16]

Reabilitação e regresso à vida política[editar | editar código-fonte]

Após o golpe de Estado de 18 de fevereiro de 2010 contra o governo nigerino, Ag Boula e outros ex-líderes rebeldes retornaram a Niamey, pressionando a junta para acelerar a reintegração dos ex-rebeldes.[17] Em 29 de março, Ag Boula foi preso em Niamey, junto com Kindo Zada, um major do Exército que desertou para os rebeldes em 2007. Ambos foram considerados pela imprensa como investigados por crimes não relacionados à rebelião de 2007-2009.[18]

Em 4 de dezembro de 2010, as acusações contra si foram indeferidas pelo Tribunal Criminal de Niamey e ele foi inocentado de todas as suspeitas.

Em janeiro de 2011, Ag Boulsa foi eleito Conselheiro Regional de Agadez para um mandato de quatro anos e, em setembro de 2011, nomeado conselheiro do Presidente da República, Mahamadou Issoufou.[19]

Em setembro, foi relatado que Ag Boulsa foi visto liderando um grande comboio entrando no Níger vindo da Líbia, consistindo de mais de uma dúzia de caminhonetes com tropas líbias bem armadas.[20] Ag Boulsa negou que estivesse no comboio.[21]

Foi contrário a rebelião que ocorreu no Mali a partir de janeiro de 2012.[22]

Referências

  1. Visit of a Twareg Leader to the US, Barbara Worley, The Amazigh Voice - Taghect Tamazight Vol. 5, No. 3, Junho de 1996.
  2. Mode africaine en majesté dans le désert. L'Humanité. 26 de novembro de 1998.
  3. Photographs and summary of 2004 government posts Arquivado em 2009-05-07 no Wayback Machine, including Ministre Délégué auprès du Ministre du Tourisme et de l'Artisanat, Chargé du Tourisme: M Rhissa Ag Boula.
  4. Rhissa Ag Boula. African Development info database.
  5. Former MP fingered in assassination plot. IOL News. 20 de fevereiro de 2004.
  6. NIGER: Five killed as army clashes with Tuaregs in desert north. IRIN (Nações Unidas). 7 de outubro de 2004.
  7. Tuareg leader freed in Niger. News 24.2005-03-07
  8. Bram Posthumus. Niger: A Long History, a Brief Conflict, an Open Future, in Searching for Peace in Africa, European Centre for Conflict Prevention (1999). ISBN 90-5727-033-1
  9. La crise touareg due à "l'échec" des accords de 1995. Agence France-Presse: 25 de agosto de 2007.
  10. Rebels in Niger Threaten More Attacks Arquivado em 2007-09-07 no Wayback Machine. Phuong Tran, Voice of America: 21 de agosto de 2007.
  11. Uprisings by Tuareg nomads in Mali and Niger. Reuters. 23 de setembro de 2007.
  12. Niger rebels vow offensive against uranium industry. Reuters. 31 de janeiro de 2008.
  13. Niger: Condamnation de Rhissa Ag Boula. Les "hommes bleus" voient rouge. L'Observateur Paalga (Ouagadougou), Zowenmanogo Dieudonné Zoungrana. 16 de Julho de 2008.
  14. La rébellion touarègue se divise. RFI 01/06/2008.
  15. Niger: mystère autour de la disparition de l'envoyé spécial de l'ONU. Le Point. 16 de dezembro de 2008.
  16. Niamey et les rebelles touaregs poursuivent leur dialogue. Reuters. 15 de Maio de 2009.
  17. Dissensions au sein de l’ancienne rébellion armée. Habibou Abdou, Le Griffe. 22 de março de 2010.
  18. Les arrestations se multiplient. Jeune Afrique. 31/03/2010.
  19. «Présidence de la République /Assemblée Nationale : Alambo et Rhissa, conseillers spéciaux». tamtaminfo.com. 27 de setembro de 2011  (em francês)
  20. Mamane, Dalatou (6 de setembro de 2011). «Niger: Gadhafi security chief enters capital». Associated Press 
  21. «Un convoi militaire venant de Libye est arrivé au Niger, un chef touareg dément sa présence». Le Point. 6 de setembro de 2011  (em francês)
  22. «M. Rhissa Boula, conseiller spécial du Président de la République "Il faut éviter que ce conflit malien ne se propage dans tout l'espace saharien"». tamtaminfo.com. 15 de junho de 2012  (em francês)