Silvério Abranches
Silvério Abranches Barbosa (Viseu, 27 de Novembro de 1885 – Viseu, 3 de Setembro de 1971) foi um advogado português, presidente da Câmara Municipal de Viseu, durante muitos anos conservador do Registo Predial desta cidade, e um conceituado investigador e genealogista.[1][2][3]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Sócio correspondente do Instituto de Coimbra desde 1906[4] e do Instituto Etnográfico da Beira, Silvério Abranches formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, onde se matriculou em 1902 e se bacharelou em 1907, com 16 valores.[5] Esteve envolvido na greve académica de 1907 e integrou a comissão eleita para levar ao primeiro-ministro João Franco a petição dos estudantes.[6][7]
Depois de ter sido alferes miliciano de Cavalaria em 1910[8], seguiu inicialmente a carreira da magistratura e foi subdelegado do procurador geral na comarca de Viseu. Com a queda da Monarquia, em 5 de Outubro de 1910, como era monárquico pediu a demissão do cargo, sendo exonerado a seu pedido a 14 de Novembro desse ano.[9] Em 1911 era professor do Liceu de Viseu.[10]
Foi depois advogado e juiz de paz em Viseu, presidente da Câmara Municipal de Viseu (1921- 1925) e provedor da Santa Casa da Misericórdia desta cidade. Em 1933 foi nomeado conservador do Registo Predial de Viseu[11], cargo que ocupou durante muitos anos, até à sua reforma. Foi presidente do Conselho Geral do Grémio da Lavoura da Beira Alta e da Federação dos Vinicultores do Dão.[1][3][2][12][13][14][15]
O Dr. Silvério Abranches colaborou em vários jornais e revistas culturais e científicos, nomeadamente na revista «Beira Alta»[16], da Junta Distrital de Viseu, na revista «O Instituto», do Instituto de Coimbra, e no jornal «Ecos da Serra». Das suas investigações históricas e genealógicas resultaram várias publicações, referidas adiante. Em 1958 ofereceu ao Arquivo Distrital de Viseu vários fundos documentais.[17][18][19][20]
Juntamente com Alexandre de Lucena e Vale, José Coelho, Albano de Almeida Coutinho, Aquilino Ribeiro, Henrique de Melo Machado da Silveira, Tristão Ferreira de Almeida, Luís Correia de Sá, Henrique de Mello Lemos e seu cunhado o advogado Ramiro de Soveral Soares de Albergaria, entre outros, foi um dos sócios fundadores do Instituto Cultural da Beira, criado em Viseu a 3 de Agosto de 1949.[21]
Foi senhor das quintas de Santo Ivo, em Viseu, e da Carreira Alta, em Oliveira de Barreiros (São João de Lourosa), onde viveu alternadamente.[1][14]
Família
[editar | editar código-fonte]O Dr. Silvério Abranches era filho do General Eng. Silvério de Abranches de Lemos e Menezes e de sua mulher D. Cristiana Augusta Barbosa de Carvalho.[14][15]
Casou a 12 de Março de 1913 nas Caldas da Rainha com Louise Auguste Charlotte Othon Dauphinet (1894-1921), filha de Victor Louis Dauphinet e sua mulher D. Maria da Paz Othon, franceses moradores em Portugal. Tiveram duas filhas.[14][15]
Obras publicadas
[editar | editar código-fonte]- «Quinta do Bem-Viver - hoje Quinta da Cêrca», Viseu 1961.
- «Melos: Melos da Quinta Pena (Viseu) e da casa dos Melos (Coimbra)», Viseu, 1958.
- «Ponces da Beira: algumas notas tiradas dos meus apontamentos genealógicos», Viseu 1956.
- «Problemas de História – A naturalidade de Gonçalo Pires, o herói da batalha de Toro», in Ecos da Serra, números 23 e 24, 1950.
- «Maçorim : Barros e Machados da Silveira», Viseu 1943.
- «Índice genealógico parcial do Tombo Genealógico de Viseu que em 1932 publicou o visiense Dr. Armando de Matos», 1942, na revista «O Instituto», nº 100, do Instituto de Coimbra.
- «Questão dos Médicos da Universidade», Viseu 1917.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- SOVERAL, Manuel Abranches de - «Sangue Real», Porto 1998, ISBN 972-97430-1-0.
- «Anuário da Nobreza de Portugal», Braga 1950, Edição do Instituto Português de Heráldica.
- «Anuário da Nobreza de Portugal», III, Tomo II, 1985, Edição do Instituto Português de Heráldica.
- «Who's who in Portugal», Portugália editora, 1947.
- «Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira».
- Revista «Beira Alta».
- VALE, Alexandre de Lucena e - «O bispo de Viseu, D. Diogo Ortiz de Vilhegas», 1934.
- VALE, Alexandre de Lucena e - «No quarto centenário de João de Barros: da verdadeira interpretação do Panegírico da Infanta à naturalidade viseense do grande historiador», Junta Distrital de Viseu, 1970.
- SOARES, Eduardo de Campos de Castro de Azevedo - «Bibliografia nobiliárquica portuguesa», Braga, 1923, Volumes 4-5.
- ARAGÃO, Maximiano de - «Viseu (Província da Beira): subsídios para a sua história desde fins do século XV», 1928.
- MARQUES, António Henrique R. de Oliveira - «Guia de história da 1ª República Portuguesa», Editorial Estampa 1981.
- «Revista portuguesa de história», Volumes 8-9, 1959.
- «Academia Portuguesa da Historia. Anais», II Série, I volume, 1957.
- LIMA, A. - «Arquivo Histórico de Portugal», 1958.
- «Boletim Informativo do Arquivo Distrital de Viseu», Viseu 2002, nº 10. *CORRÊA, Antonio Augusto Mendes - «Nótulas Arqueológicas. Pinturas e insculturas megalíticas», in Revista de Estudos Históricos, Vol. 1, Nº 1/2, 1924.
- «Documentos dos séculos XIII a XIX relativos a correios». Coligido por Godofredo Ferreira. Volume I.
Referências
- ↑ a b c «Who's who in Portugal», Portugália editora, 1947, pág. 35.
- ↑ a b Revista «Beira Alta», 1968, pág. 245.
- ↑ a b VALE, Alexandre de Lucena e - «O bispo de Viseu, D. Diogo Ortiz de Vilhegas», 1934, pág. 238.
- ↑ FERREIRA, Licínia Rodrigues - «Sócios do Instituto de Coimbra (1852-1978)», Projeto Instituto de Coimbra 2012.
- ↑ «Annuario da Universidade de Coimbra», Coimbra 1909, pág. 25.
- ↑ MARTINS, Rocha - «João Franco e o seu tempo», 1952, pág. 202.
- ↑ PROENÇA, Maria Cândida, «Maio de 1968. Trinta anos depois – Movimentos estudantis em Portugal», Edições Colibri, Lisboa 1999, pág. 71.
- ↑ Arquivo Histórico Militar, Ministério da Guerra, Livro nº 37 - Índice dos oficiais arregimentados de Cavalaria.
- ↑ Diário do Governo, nº 36, de 16 de Novembro de 1910.
- ↑ Diário do Governo, nº 202, de 30 de Agosto de 1911.
- ↑ A Conservatória do Registo Predial de Viseu foi mais tarde divida em duas.
- ↑ ARAGÃO, Maximiano de - «Viseu (Província da Beira): subsídios para a sua história desde fins do século XV», 1928, p. 188.
- ↑ «Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira», Volume I, pág. 102.
- ↑ a b c d SOVERAL, Manuel Abranches de - «Sangue Real», Porto 1998, ISBN 972-97430-1-0, pág.s 150 e 151.
- ↑ a b c «Anuário da Nobreza de Portugal», III, Tomo II, 1985, Edição do Instituto Português de Heráldica, 2ª Parte, pág.s 11 e 12.
- ↑ «Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira», Volume XXXVI, pág. 38.
- ↑ «Arquivo Distrital de Viseu» (PDF). Boletim Informativo. Consultado em 12 de Abril de 2013
- ↑ «Arquivo Distrital de Viseu». Família Ponces. Consultado em 12 de Abril de 2013
- ↑ «Arquivo Distrital de Viseu». Carta. Consultado em 12 de Abril de 2013
- ↑ «Arquivo Distrital de Viseu». Família Melo. Consultado em 12 de Abril de 2013
- ↑ Revista «Beira Alta», Volume XXXIV, nº 4, 1975, pág. 352.