A Transformada de Laplace é muito utilizada como método para resolver equações diferenciais ordinárias com coeficientes constantes, com coeficientes variáveis, para equações diferenciais ordinárias simultâneas (sistemas de equações diferenciais), para equações diferenciais parciais e demais variações. Portanto, pode ser aplicada na resolução de diferentes problemas de engenharia.
De modo genérico, o processo para resolver as equações diferenciais segue 3 etapas:
- Transformar a equação do problema em uma equação algébrica. Esta nova equação obtida é denominada Equação subsidiária.
- Manipular a equação subsidiária obtida e resolvê-la.
- Encontrar a solução da equação diferencial através da Transformada de Laplace Inversa.
Este procedimento de transformar um problema de cálculo em um problema algébrico é chamado de Cálculo Operacional e dentre as vantagens principais deste método estão dois pontos importantes:
- Resolução de forma mais direta dos problemas de valor inicial. Por exemplo, no caso de equações diferenciais ordinárias não homogêneas não há necessidade de resolver previamente a equação diferencial ordinária homogênea correspondente.
- É aplicado para problemas que envolvem descontinuidades, impulsos ou funções periódicas com facilidade devido à função Degrau Unitário e o Delta de Dirac.
Seguem abaixo algumas aplicações da Transformada de Laplace para resolução de problemas no campo da Engenharia.
A equação diferencial que rege este problema é:
![{\displaystyle {\frac {d^{4}y(x)}{dx^{4}}}={\frac {W(x)}{EI}}}](https://wikimedia.org/api/rest_v1/media/math/render/svg/f7cc93dfb9027d6f55dc867f88c7263a581a626f)
Onde I é o momento de inércia da viga e o E é o módulo de Young. E W(x) representa a carga e é dado por:
![{\displaystyle W(x)=P_{0}\delta (x-{\frac {L}{3}})}](https://wikimedia.org/api/rest_v1/media/math/render/svg/287974168d4e527934db21c9fbc19892602e7c29)
Aplicando a Transformada de Laplace temos:
![{\displaystyle {\mathcal {L}}\{{\frac {d^{4}y(x)}{dx^{4}}}\}={\mathcal {L}}\{{\frac {W(x)}{EI}}\}}](https://wikimedia.org/api/rest_v1/media/math/render/svg/e468e3d0d8c0786e4205007407ba25c3bb7420cd)
![{\displaystyle s^{4}Y(s)-s^{3}y(0)-s^{2}y'(0)-sy''(0)-y'''(0)={\frac {P_{0}}{EI}}e^{{\frac {-L}{3}}s}}](https://wikimedia.org/api/rest_v1/media/math/render/svg/736b3d470d5d4117d12895321f70c56e386a1e1e)
Resolvendo algebricamente e considerando os valores iniciais:
![{\displaystyle y(0)=y'(0)=0,y''(0)=C_{1}ey'''(0)=C_{2}}](https://wikimedia.org/api/rest_v1/media/math/render/svg/aafc3416fd7a6f271be1aaa4288e7fce3bf75248)
Obtemos a seguinte equação:
.
Aplicando a transformada inversa de Laplace, encontramos a expressão para y(x):
.
Aplicando as outras duas condições iniciais disponíveis: y(L) = 0 e y'(L)=0, descobre-se as duas constantes e encontra-se a solução final do problema. Se considerarmos L=5, o gráfico da solução é dado pela figura 1.
Este exemplo traz um sistema de equações diferenciais ordinárias para ser resolvido de forma simples, pelo método da Transformada de Laplace. Considera-se um mecanismo simplificado:
R→I→P
Podemos representar as concentrações como:
.
.
.
Considerando α=2 e γ=4 como constantes positivas conhecidas e as condições iniciais de r(0)=1, i(0)=p(0)=0, calculamos a transformada de Laplace para cada uma das equações:
.
.
.
Resolvendo algebricamente cada uma das equações, com as respectivas substituições, obtemos:
.
.
.
Agora, calcula-se a transformada inversa de Laplace e encontra-se as soluções r(t),i(t) e p(t).
.
.
.
Um oscilador harmônico sujeito a uma força pontual periódica.
Esta força pode ser representada por uma função Delta de Dirac, com isso a equação do oscilador é:
![{\displaystyle y''+y=4\delta (t-2\pi )}](https://wikimedia.org/api/rest_v1/media/math/render/svg/e9a9b1b67b9d540fe1dcbf023481fec6f0cfa0a0)
.
Aplicando Transformada de Laplace dos dois lados temos
![{\displaystyle {\mathcal {L}}\{y''+y\}={\mathcal {L}}\{4\delta (t-2\pi )\}}](https://wikimedia.org/api/rest_v1/media/math/render/svg/9152b3417229bab8ebe022f8c5b94debde4740b0)
![{\displaystyle S^{2}Y(S)-Sy(0)-y'(0)+Y(S)=4e^{-2S\pi }}](https://wikimedia.org/api/rest_v1/media/math/render/svg/e53ab7f1fef3cfe30b569ee19872c9fc8b4c7ad6)
Assim,
.
Agora aplicando a transformada inversa dos dois lados
.
Na qual
. é uma função degrau ou Função de Heaviside.
Molas Acopladas
Duas massas
e
estão presas a duas molas de massas desprezíveis, com constantes elásticas
e
respectivamente.
Sejam
e
os deslocamentos verticais das massas em relação a posição de equilíbrio, temos que o alongamento da mola B será
Pela segunda lei de Newton temos
A solução desse problema via transformada integral se torna simples, pois através dela o problema se torna equivalente a um sistema de equações lineares.
EXEMPLO:
Sendo
,
e
, e dado que
e
(condições)
Temos as seguintes EDO’s:
![{\displaystyle x''_{1}+10x_{1}-4x_{2}=0}](https://wikimedia.org/api/rest_v1/media/math/render/svg/62742028ac06b38f35b9dcff76429afd9932a361)
![{\displaystyle x''_{2}-4x_{1}+4x_{2}=0}](https://wikimedia.org/api/rest_v1/media/math/render/svg/93ffc8f9d39111f0e4dd6ff3f1de7bd6fe8ab275)
Aplicando transformada de Laplace nas duas equações temos:
Agora simplesmente resolvendo o sistema temos Utilizando as condições dadas em (condições)
Assim aplicando a transformada inversa temos:
.
Encontrando
utilizando
encontrado anteriormente temos:
,
portanto, aplicando a transformada inversa, temos:
.
[1]
[2]
- ↑ Matemática Superior para Engenharia. Erwin Kreyszig.9ªEdição, Volume 1.
- ↑ Notas de Aula - Transformada de Laplace. Fábio Azevedo, Esequia Sauter e Irene Maria Fonseca Strauch. 2016