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Streptococcus pneumoniae: diferenças entre revisões

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Revisão das 13h49min de 15 de março de 2009

Streptococcus pneumoniae
Streptococcus pneumoniae
Classificação científica
Reino:
Filo:
Classe:
Ordem:
Família:
Gênero:
Espécies:
S. pneumoniae
Nome binomial
Streptococcus pneumoniae
( Chester, 1901)

Streptococcus pneumoniae ou informalmente Pneumococo é uma espécie de bactérias Gram-positivas, pertencentes ao género Streptococcus, com forma de cocos que são uma das principais causas de pneumonia e meningite em adultos, e causam outras doenças no ser humano.

Biologia

Como todos os estreptococos, são cocos com cerca de 1 micrómetro, anaeróbios facultativos. Agrupam-se sempre aos pares (diplococos) ou em curtas cadeias, e as estirpes patogénicas possuem cápsula. Eles são alfa-hemolíticos, ou seja em cultura de sangue produzem um halo mucoide esverdeado de destruição parcial de eritrócitos. Os pneumococos são exigentes no meio de cultura, necessitando de vários nutrientes normalmente fornecidos em cultura de sangue (de vaca ou outro animal).

Os pneumococos são sensiveis à optoquina ou bílis, detergentes fracos, ao contrário de outros estreptococos, e esta característica é útil para os distinguir.

Ao contrário dos estafilococos, a resistência à penicilina é devida não à penicilinase mas a proteínas que se ligam ao antibiótico inibindo a sua acção sem o destruir.

Factores de virulência

  • Cápsula protege da fagocitose e do reconhecimento pelo sistema imunitário.
  • Adesinas que permitem a adesão às células da faringe e epitélio respiratório.
  • Pneumolisinas: são proteínas secretadas que desestabilizam as membranas da células humanas, destruindo-as. Activam o complemento, usando-o contra as células do hóspede.
  • Protease de IgA: inactiva este tipo de anticorpos presentes nas mucosas.
  • Ácido teicóico: activa o complemento, gastando-o e direccionando-o para o hóspede.
  • Produz peróxido de hidrogénio que causa danos nas células.
  • Fosforilcolina: liga-se a recpetores das células do hospede, permitindo ao pneumococo entrar nelas e escapar ao sistema imune.

Epidemiologia

Estão presentes em 40-70% do tracto respiratório dos adultos, sem sintomas. Tendem a causar doenças nestes individuos quando eles estão fragilizados, por exemplo podem causar pneumonias em doentes com gripe. O seu reservatório são os próprios humanos.

Doenças causadas

O diagnóstico é por recolha de amostras e cultura, serologia (detecção de anticorpos específicos). O sistema imune produz anticorpos anti-capsulares efectivos, mas demora algum tempo (variável), podendo os danos já ser sérios nessa altura. A imunidade a uma estirpe não confere protecção contra outras. A pneumonia e a meningite são as manifestações mais frequentes, e ambas são perigosas.

  • Pneumonia: pneumonia lobar e broncopneumonia. Febres altas (39-41ºC), com tosse e expectoração amarela purulenta. Ocorre frequentemente após doença respiratória viral (e.g. gripe), que destroi os cílios do epitélio respiratório permitindo à bactéria instalar-se e multiplicar-se sem ser expulsa pela acção mecânica dos cílios. A mortalidade é de 5%.
  • Meningite: infecção das meninges do cérebro que é uma emergência potencialmente fatal. O pneumococo é a principal causa de meningite em adultos. Inicio súbito de dores de cabeça, vómitos, sensibilidade à luz. O tratamento com antibióticos tem de ser instituido pouco depois do inicio dos sintomas ou a morte torna-se inevitável.
  • Septicémia: invasão e multiplicação no sangue. Mortalidade muito elevada. Normalmente ocorre após multiplicação num orgão específico sem limitação efectiva.
  • Sinusite
  • Otite media
  • Osteomielite
  • Úlcera corneal
  • Artrite séptica
  • Endocardite
  • Abcessos cerebrais
  • Celulite

Diagnóstico Laboratorial

Cultura com presença de Alfa Hemólise, Catalase Negativo, Antibiograma com identificação de sensibilidade à Optoquina, Bilesolubilidade Positiva.


Tratamento

A penicilina ainda é a primeira escolha apesar do aumento das estirpes resistentes. Caso exista resistência, usam-se macrólidos, cloranfenicol, vancomicina ou cefalosporinas.

Existem vacinas contendo derivados imunogénicos (estimuladores do sistema imunitário) da cápsula do pneumococo. Protegem contra doenças causadas por pneumococos em 85% dos casos. Não protege contra todas as estirpes, apenas 23 (existem muitas mais).

História

No século XIX foi demonstrado que coelhos imunizados com pneumococos mortos eram protegidos contra pneumococos vivos. O soro sanguineo de coelhos já infectados mas que tinham recuperado também conferia protecção. Foi uma das primeiras demonstrações das possibilidades da imunização. A vacina foi demonstrada no ínicio do século XX em mineiros da África do Sul, numa experiência desumana que usou negros como cobaias.

Na década de 1920 foi demonstrado que eram formados anticorpos contra os polissacarídeos da cápsula, conferindo imunização, e que eram esses mesmos anticorpos presentes no soro de coelhos já infectados que protegiam, durante algum tempo, os coelhos não imunes. A vacina foi usada eficazmente numa epidemia em 1936.

Na década de 1940 o DNA foi pela primeira vez identificado enquanto repositório da informação genética em experiências com pneumococos encapsulados e não encapsulados. Os encapsulados mortos, juntamente com não-encapsulados vivos (incapazes de causar doença), geravam encapsulados vivos que matavam coelhos, o que se provou ser devido à absorção pelos não-encapsulados vivos de DNA proveniente dos encapsulados mortos.

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