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Tazuko Sakane

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Tazuko Sakane
坂根田鶴子
Tazuko Sakane
A atriz Yoko Umemura (esquerda) e Tazuko Sakane, c. 1936
Nascimento 7 de dezembro de 1904
Kyoto, Império do Japão
Morte 2 de setembro de 1975 (70 anos)
Nacionalidade japonesa
Ocupação

Tazuko Sakane (坂根田鶴子 Sakane Tazuko?) foi uma diretora de cinema e editora de filmes japonesa. Ela é considerada a primeira cineasta mulher do Japão,[1] seguida pela atriz Kinuyo Tanaka que dirigiu seu primeiro filme em 1953.

Após quatro anos tendo um casamento infeliz, Tazuko Sakane se divorcia do marido. Com a ajuda de seu pai, Sakane consegue um emprego no estúdio Nikkatsu, em Kyoto, no ano de 1927.[2] Ela ingressa na empresa como assistente de direção.

Na época, ela conhece o renomado diretor Kenji Mizoguchi, através de seu pai. Impressionado com o jeito e estilo de Sakane, Mizoguchi a contrata como roteirista. Embora não seja creditada, ela participou em colaboração com Mizoguchi no filme Tôjin Okichi de 1930. Ela continuou a trabalhar com Mizoguchi em vários outros projetos, incluindo os filmes Shikamo karera wa yuku (1931) e Toki no ujigami (1932), como roteirista (sem ser creditada) e assistente de direção.[3] Tazuko Sakane segue Kenji Mizoguchi e Masaichi Nagata quando eles fundaram a produtora Daiichi Eiga para a qual ela dirigiu Hatsusugata (初姿,? 1936), tornando-se a primeira e única diretora mulher no Japão do período pré-guerra.[2][4]

Sakane muda-se para a região da Manchúria, no nordeste da China, e torna-se diretora da Associação Cinematográfica de Manchukuo.[5] Durante a Segunda Guerra Mundial, realizou mais de dez documentários sobre as condições de vida dos habitantes do nordeste chinês durante a guerra. Apenas um desses filmes sobreviveu até os dias de hoje.[6]

O desejo de Sakane de fazer filmes tornou-se realidade durante a guerra, quando ela se identificou com as políticas colonialistas do Japão Imperial. As normas sociais relativas à criatividade e profissão das mulheres eram tão limitadas na época que reforçar e apoiar um discurso colonialista era uma das únicas formas de Sakane permanecer atuando na indústria cinematográfica de seu país.

Retornando ao Japão em 1946, foi-lhe recusada a reintegração no cargo, sob o pretexto de que deveria ter formação em cinema para ser diretora. Ela foi, portanto, obrigada, aos quarenta e dois anos, encontrar Mizoguchi e trabalhar novamente como roteirista. Ela o ajudou a dirigir filmes aclamados pela crítica, como Joyū Sumako no koi (1947), Yoru no onna tachi (1948) e Waga koi wa moenu (1949).[7] Em 1962, Sakane aposentou-se aos 57 anos, mas continuou a colaborar como roteirista freelancer para a Daiei até sua morte.

No Japão, antes da década de 1980, a hierarquia dentro dos grandes estúdios cinematográficos era uma barreira para as mulheres que decidiam entrar no lado criativo da indústria (com exceção de algumas atrizes japonesas que mais tarde passaram a dirigir filmes).

Todas as primeiras diretoras do Japão conheciam o famoso diretor Kenji Mizoguchi, cujos filmes muitas vezes giravam em torno de heroínas.[8]

Notas e roteiros sobreviventes de Sakane, bem como algumas de suas cartas, foram doados ao Museu Nacional de Kyoto, em 2004, para comemorar o centenário de seu nascimento em uma exposição aberta ao público.

Tazuko Sakane entre Shin Takehisa (esquerda) e Tōkichi Ishimoto por volta de 1936.

O pai de Sakane, um rico empresário, tinha o hábito de levá-la ao cinema quando ela era jovem.[6]

Tazuko Sakane entra na Universidade Dōshisha em Kyoto com o objetivo de se formar em literatura inglesa, mas, no segundo ano de faculdade, sua madrasta a obriga a parar os estudos. Aos 20 anos, ela se casa com um ginecologista, mas se divorcia quatro anos depois, após descobrir a infidelidade do marido.[7]

Quando Sakane começou a trabalhar no meio cinematográfico, ela corta o cabelo e passa a usar roupas "masculinas", mais práticas que o quimono tradicional e habitual, nos sets de filmagem. Sua aparência e estilo de vida lhe renderam numerosas críticas.[7]

Quando Sakane foi mencionada na mídia japonesa nas décadas de 1930 e 1940, ela sempre foi tratada de forma diferente e solicitada a explicar suas sensibilidades “femininas” e sua “diferença" dos diretores homens. Seu trabalho e vida privada são reduzidos a uma questão recorrente: "sua feminilidade é excessiva ou insuficiente?"[7]

Como assistente de direção

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Todos os filmes abaixo foram dirigidos por Kenji Mizoguchi

Como diretora

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Foto do set de filmagens de Hatsusugata em 1936 com (a partir da esquerda) Chiyoko Okura, Tazuko Sakane e Minoru Miki.
  • 1936: Hatsusugata (初姿)
  • 1943: Kaitaku no hanayome (開拓の花嫁)

Sakane fez 14 documentários na Manchúria mas que não sobreviveram até os dias de hoje, com exceção de Kaitaku no hanayome, criado em 1943. Seu filme de ficção feito em 1936 intitulado Hatsusugata (初姿?) também está perdido.[9]

Todos os filmes abaixo foram dirigidos por Kenji Mizoguchi

Referências

  1. «Rétrospective : Kinuyo Tanaka, la splendeur du regard d'une pionnière du cinéma japonais». Le Monde.fr (em francês). 8 de outubro de 2021. Consultado em 3 de setembro de 2022 
  2. a b Irene Gonzalez-Lopez; Michael Smith (2018). Tanaka Kinuyo (em inglês). [S.l.]: Edinburgh University Press. ISBN 978-1-4744-0969-8 
  3. Nelmes, Jill; Selbo, Jule (29 de setembro de 2015). Women Screenwriters (em inglês). [S.l.]: Springer. ISBN 978-1-137-31237-2. Consultado em 13 de janeiro de 2018 
  4. John Berra (2012). Directoyr of World Cinema (em inglês). [S.l.]: Intellect Books. ISBN 978-1-84150-551-0 
  5. Hori, Hikari (2005). Migration and Transgression : Female Pioneers of Documentary Filmmaking in Japan (em inglês). [S.l.: s.n.] 
  6. a b «SAKANE, Tazuko - Japanese Women Behind the Scenes». sites.google.com. Consultado em 13 de janeiro de 2018 
  7. a b c d «Tazuko Sakane – Women Film Pioneers Project». wfpp.cdrs.columbia.edu. Consultado em 13 de janeiro de 2018 
  8. «festival 1999 / the films». www.femmetotale.de. Consultado em 13 de janeiro de 2018 
  9. Cópia arquivada no Wayback Machine

Ligações externas

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