Tempestade subtropical Alpha (2020)

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Tempestade subtropical Alpha
imagem ilustrativa de artigo Tempestade subtropical Alpha (2020)
Alpha antes de chegar a terra em Portugal em 18 de setembro
História meteorológica
Formação 18 de setembro de 2020
Baixa remanescente 19 de setembro
Dissipação 20 de setembro de 2020
Tempestade subtropical
1-minuto sustentado (SSHWS/NWS)
Ventos mais fortes 50 mph (85 km/h)
Pressão mais baixa 996 mbar (hPa); 29.41 inHg
(992 mbar (29.29 inHg) enquanto extratropical)
Efeitos gerais
Fatalidades 1
Áreas afetadas Portugal, Espanha
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Parte da Temporada de furacões no oceano Atlântico de 2020


A tempestade subtropical Alpha foi um ciclone subtropical muito invulgar que atingiu Portugal, sendo a primeira ocorrência registada no país. O sistema também foi o ciclone tropical atlântico de formação mais oriental já registado na bacia, excedendo o recorde anterior da tempestade tropical Christine em 1973.[1] O vigésimo quarto ciclone e a vigésima segunda tempestade nomeada da temporada de furacões no Atlântico extremamente ativa e recorde de 2020, Alpha se originou de uma grande baixa não tropical que foi monitorada pela primeira vez pelo National Hurricane Center em 15 de setembro. Inicialmente não se previa a transição para um ciclone tropical, a baixa gradualmente seguiu na direção sul-sudeste por vários dias com pouco desenvolvimento. Em 18 de setembro, a baixa começou a se separar de suas feições frontais e exibiu organização suficiente para ser classificada como um ciclone subtropical ao se aproximar da Península Ibérica, tornando-se uma tempestade subtropical mais tarde naquele dia. Alpha depois chegou a terra ao norte de Lisboa, Portugal, durante a noite de 18 de setembro, tornando-se o primeiro ciclone (sub) tropical em Portugal continental.[2] Alpha também foi o terceiro ciclone (sub) tropical confirmado na Europa continental, após um furacão na Espanha em 1842 e o furacão Vince (como uma depressão tropical) em 2005. Alfa enfraqueceu rapidamente e tornou-se uma baixa remanescente no início de 19 de setembro.

Pelo menos dois tornados foram confirmados em Portugal e uma pessoa morreu devido a ventos fortes. O total de prejuízos foi estimado ser nos milhões de euros.[3]

História meteorológica[editar | editar código-fonte]

Mapa demarcando o percurso e intensidade da tempestade, de acordo com a escala de furacões de Saffir-Simpson
Chave mapa
     Depressão tropical (≤62 km/h, ≤38 mph)
     Tempestade tropical (63–118 km/h, 39–73 mph)
     Categoria 1 (119–153 km/h, 74–95 mph)
     Categoria 2 (154–177 km/h, 96–110 mph)
     Categoria 3 (178–208 km/h, 111–129 mph)
     Categoria 4 (209–251 km/h, 130–156 mph)
     Categoria 5 (≥252 km/h, ≥157 mph)
     Desconhecido
Tipo tempestade
triangle Ciclone extratropical, baixa remanescente, distúrbio tropical, ou depressão monsonal

Em 15 de setembro, o Centro Nacional de Furacões começou a monitorar um sistema não tropical de baixa pressão longe ao norte dos Açores para um possível desenvolvimento num ciclone tropical ou subtropical, já que era esperado que ocorresse perto de uma área de água quente a oeste de Portugal.[4] O desenvolvimento do sistema foi inicialmente muito lento, e o NHC não considerou provável que ele se desenvolvesse nessa altura.[5] O caminho da baixa seguiu geralmente na direção sul-sudeste durante o dia seguinte e, conforme se aproximava da Península Ibérica, as chances pareciam estar diminuindo para qualquer desenvolvimento subtropical do ciclone.[5] No entanto, a atividade da tempestade tornou-se mais concentrada e organizada perto do centro da baixa à medida que gradualmente mudava as suas características frontais, embora a baixa central lutasse para se tornar a característica dominante.[6] Esta característica baixa central logo se tornou envolvida na baixa não tropical maior, e a atividade da tempestade persistiu.[7] Uma combinação de imagens de radar de Portugal, passagens do dispersômetro e dados de vento derivados de satélite logo revelaram que a tempestade subtropical Alpha se formou às 16:30 UTC, em 18 de setembro, a apenas algumas centenas de quilómetros da costa de Portugal, e já estava produzindo ventos sustentados até 80 km/h (50 mph)[8] e rajadas de até 108 km/h (67 mph).[9]

Duas hora depois, às 18:30 UTC, Alpha fez landfall perto do centro de Portugal no pico de intensidade, com uma pressão atmosférica de 996 mbars (29,44 inHg ), com base numa pressão superficial de 999 mbar (20,50 inHg) a ser registada em Monte Real, Portugal, bem a norte do ciclone.[10] Alpha então enfraqueceu rapidamente conforme se dirigia para a Península Ibérica, e tornou-se uma baixa remanescente às 03:00 UTC em 19 de setembro.[10][11]

Preparações e impacto[editar | editar código-fonte]

Tempestade subtropical Alpha (esquerda) e Medicane Ianos (direita) no Mediterrâneo em 18 Setembro

Em preparação para Alpha em 18 de setembro, foram emitidos avisos laranja para vento forte e chuva forte no distrito de Coimbra e no distrito de Leiria, em Portugal.[12] Ventos devido a Alpha e sua baixa não tropical associada causaram faltas de energia generalizadas, árvores caídas e dezenas de veículos danificados.[13] Tempestades supercelulares associadas ao sistema geraram pelo menos dois tornados confirmados em Beja e Palmela.[14] As inundações extremas nas ruas também se tornaram proeminentes em algumas cidades do oeste de Portugal, particularmente Setúbal.[13][14] Os ventos derrubaram uma torre de rádio na Senhora do Monte e os danos foram descritos como "irreparáveis".[15] Em todo o país, houve 203 relatos de árvores caídas, 174 relatos de pequenas enchentes, 88 estruturas danificadas e 82 estradas bloqueadas por escombros. Destas notificações, 143 ocorreram no Distrito de Leiria e 135 no Distrito de Lisboa.[16]

Na Espanha, a frente associada a Alpha causou o descarrilamento de um comboio em Madrid, embora ninguém tenha ficado gravemente ferido. Uma mulher morreu em Calzadilla depois que um telhado desabou em cima dela.[17] Alpha também causou tempestades com raios na Ilha Ons, o que levou a um incêndio florestal.[17]

Nomenclatura e registos[editar | editar código-fonte]

  • Alpha é a 22ª tempestade tropical / subtropical nomeada mais temporã, batendo a antiga marca de 17 de outubro do Wilma em 2005 por 29 dias,[18] e marcou a segunda vez na história registada (juntando 2005) que a lista de nomenclatura principal se esgotou e as letras gregas foram usadas.
  • Formando-se a uma longitude de 9,3 ° W Alpha ultrapassou a tempestade tropical Christine de 1973, que se formou a 14,0 ° W como o ciclone tropical ou subtropical de formação mais oriental já registrado no Atlântico. Alpha atingiu o continente no centro de Portugal na noite de sexta-feira, 18 de setembro de 2020 foi o primeiro ciclone tropical ou subtropical registado a atingir o continente em Portugal.[19]
  • Depois da chegar a terra foi o primeiro ciclone tropical ou subtropical a aterrizar em Portugal continental, e apenas o terceiro confirmado a atingir o continente europeu, após um furacão na Espanha em 1842 e o furacão Vince (como uma depressão tropical) em 2005.[20]

Ver também[editar | editar código-fonte]

  • Furacão Debbie (1961) - atingiu a Irlanda como uma tempestade de baixa intensidade
  • Tropical Storm Grace (2009) - tempestade errática que afetou grande parte da Europa Ocidental
  • Furacão Ophelia (2017) - grande furacão registado no extremo leste da bacia do Atlântico
  • Furacão Leslie (2018) - furacão de longa duração no Atlântico que acabou atingindo Portugal como uma tempestade extratropical

Referências

  1. «Alright here's the historical context for a 50mph (45kt) sub/tropical storm off the coast of Portugal.». Twitter (em inglês). Consultado em 18 de setembro de 2020 
  2. «Subtropical Storm #Alpha Advisory 2: Alpha Makes Landfall in Portugal. Expected to Dissipate On Saturday.». Twitter (em inglês). Consultado em 18 de setembro de 2020 
  3. «Global Catastrophe Recap September 2020» (PDF). Aon. 8 de outubro de 2020. Consultado em 8 de outubro de 2020. Cópia arquivada (PDF) em 8 de outubro de 2020 
  4. «NHC Graphical Outlook Archive». www.nhc.noaa.gov. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  5. a b «NHC Graphical Outlook Archive». www.nhc.noaa.gov. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  6. «NHC Graphical Outlook Archive». www.nhc.noaa.gov. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  7. «NHC Graphical Outlook Archive». www.nhc.noaa.gov. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  8. «Subtropical Storm Alpha Forecast Discussion Number 1». www.nhc.noaa.gov. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  9. «September 2020 Bulletin» (PDF). IPMA. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  10. a b «Subtropical Storm ALPHA». www.nhc.noaa.gov. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  11. «Post-Tropical Cyclone ALPHA». www.nhc.noaa.gov. Consultado em 19 de setembro de 2020 
  12. «Ciclone Alpha: Aviso laranja por agravamento de mau tempo hoje no distrito de Coimbra | Notícias de Coimbra». www.noticiasdecoimbra.pt. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  13. a b «Tornados em Beja e Palmela ocorreram devido a supercélulas. Fim de semana chega com a tempestade subtropical Alpha». Observador 
  14. a b «Tornado🌪️ em é Lagameças, perto de #Setubal. Impressionante! Credit: Café Esperança #Invest99L». Twitter (em inglês). Consultado em 18 de setembro de 2020 
  15. Rainho, Martine. «Leiria: Ciclone Alpha derruba torre da Rádio 94FM». Região de Leiria. Consultado em 19 de setembro de 2020 
  16. «Quedas de árvores, inundações e estruturas que caíram. Foram registadas 555 ocorrências devido ao mau tempo e mantém-se aviso amarelo». SAPO. 19 de setembro de 2020. Consultado em 19 de setembro de 2020 
  17. a b «Los estragos del temporal: Una mujer muere en Cáceres al caer un tejado y un tren descarrila en Madrid». telecinco (em espanhol). 18 de setembro de 2020. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  18. Sosnowski, Alex (17 de setembro de 2020) [Updated September 20, 2020]. «Tropical Storm Beta to spend days pounding Gulf Coast». newscentermaine.com. Portland, Maine: WCSH. Consultado em 6 de novembro de 2020 
  19. Eric Blake (18 de setembro de 2020). «Subtropical Storm Alpha Discussion Number 2». www.nhc.noaa.gov. Miami, Florida: National Hurricane Center. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  20. Masters, Jeff; Henson, Bob (18 de setembro de 2020). «A slew of weather events – including two named storms troubling Europe – pose challenges far and wide». Yale Climate Connections. New Haven, Connecticut: Yale Center for Environmental Communication, Yale School of the Environment. Consultado em 6 de novembro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]