Saltar para o conteúdo

Tiridates (filho de Tigranes VII)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Tiridates.
Tiridates
Etnia Armênio
Progenitores Pai: Tigranes VII
Religião Catolicismo

Tiridates (em latim: Tiridates; em grego: Τιριδάτης; romaniz.: Tiridátēs; em armênio: Տրդատ; romaniz.: Trdat; fl. século IV) foi um príncipe da dinastia arsácida da Armênia.

Tiridates (Τιριδάτης, Tiridátēs) é a forma latina do armênio Terdate (Տրդատ, Trdat),[1] que derivou do persa antigo Tiridata (*Tiridata-), "dado/criado por Tir".[2] Foi registrado em grego como Terdates (Τηρδὰτης, Tērdàtēs), Teridates (Τηριδάτης, Tēridátēs), Teridácio (Τηριδάτιος, Tēridátios) e Tiridácio (Τιριδάτιος, Tiridátios).[3]

Soldo de Constâncio II (r. 324–361)
Dracma de Sapor II (r. 309–379)

Tiridates era um príncipe (sepu) da dinastia arsácida reinante, filho de Tigranes VII (r. 339–350) e irmão de Ársaces II (r. 350–368).[4] Em data incerta, casou-se com uma nobre de nome incerto, filha de Genelo I da família Genúnio, e com ela gerou Genelo.[5][6] Ao final do reinado de seu pai, o rei e seus familiares foram levados pelo xainxá Sapor II (r. 309–379) (confundido com Narses I no relato de Fausto[7]) como reféns políticos para Ctesifonte. Irritados com a situação, os nobres armênios solicitaram ajuda do imperador Constâncio II (r. 337–361) (confundido com Valente no relato de Fausto[7]), que invadiu a Armênia e expulsou os iranianos. Em decorrência de sua vitória, Constâncio enviou emissários a Sapor para tratar da paz e exigiu que realizassem uma troca de reféns, que resultou no retorno da família real armênia.[8][9] Nesse interim, Sapor havia designado Ársaces como rei no lugar de Tigranes.[10][11]

Em algum ponto após esses eventos, Tiridates, seu filho Genelo e seu sobrinho Tirito, filho de Artaxias, foram enviados para Constantinopla como reféns políticos. Moisés de Corene afirmou que os arsácidas foram entregues por Tigranes VII a Juliano (r. 361–363) depois que se encontraram e o último solicitou reféns e tropas para sua campanha contra os sassânidas,[12] mas as fontes clássicas não confirmam que Juliano encontrou-se com qualquer rei armênio, bem como sua menção no reinado de Tigranes VII é anacrônica, haja vista ser contemporâneo de Ársaces II.[13] O relato de Moisés de Corene segue afirmando que Constâncio (confundido com Valentiniano I no relato de Moisés de Corene) enviou emissários portando carta endereçada a Ársaces na qual solicitava um estreitamento das relações romano-armênias após a ajuda que prestou expulsando os iranianos, mas Ársaces tratou os emissários com frieza e os mandou de volta.[11] Segundo Moisés de Corene, em resposta, Constâncio ordenou que Tiridates fosse executado e supostamente enviou o general Teodósio para atacar os armênios,[a] mas os romanos foram parados na fronteira pelo católico Narses I que, a mando de Ársaces, entregou seu tributo devido e estava com presentes ao imperador.[15] A subsequente embaixada de de Narses I foi datada de 358, o que implica que Tiridates morreu em algum ponto entre a ascensão de seu irmão e 350 e a viagem de Narses I.[16]

Notas

  1. Fausto, que viveu mais próximo dos eventos em questão, não faz qualquer menção ao general Teodósio. Robert Thompson sugeriu que seja uma menção anacrônica a Teodósio, pai do futuro Teodósio I (r. 378–395), que se sabe ter estado ativo anos depois, sob Valentiniano I (r. 364–375).[14]

Referências

  1. Martirosyan 2021, p. 8.
  2. Fausto, o Bizantino 1989, p. 416.
  3. Ačaṙyan 1942–1962, p. 174.
  4. Garsoïan 1997, p. 89.
  5. Toumanoff 1990, p. 87.
  6. Settipani 2006, p. 325.
  7. a b Fausto, o Bizantino 1989, p. 99 (III.xii.67-68); 266, nota 21.
  8. Fausto, o Bizantino 1989, p. 99-100 (III.xxi.68), 107 (IV.i.75).
  9. Kurkjian 2008, p. 103.
  10. Fausto, o Bizantino 1989, p. 100 (III.xxi.68).
  11. a b Moisés de Corene 1978, p. 272 (IV.18).
  12. Moisés de Corene 1978, p. 262-263 (III.13).
  13. Moisés de Corene 1978, p. 263, nota 7.
  14. Moisés de Corene 1978, p. 276, nota 5.
  15. Moisés de Corene 1978, p. 275-276 (IV.21).
  16. Garsoïan 2004, p. 88.
  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Տրդատ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard 
  • Garsoïan, Nina (2004). «The Aršakuni Dynasty (A.D. 12-[180?]-428)». In: Richard G. Hovannisian. Armenian People from Ancient to Modern Times, vol. I : The Dynastic Periods: From Antiquity to the Fourteenth Century. Nova Iorque: Palgrave Macmillan. ISBN 978-1-4039-6421-2 
  • Garsoïan, Nina (1997). «4. The Aršakuni Dynasty (A.D. 12-[180?]-428)». In: Hovannisian, Richard G. Armenian People from Ancient to Modern Times vol. I: The Dynastic Periods: From Antiquity to the Fourteenth Century. Nova Iorque: Palgrave Macmillan. ISBN 978-1-4039-6421-2 
  • Moisés de Corene (1978). Thomson, Robert W., ed. History of the Armenians. Cambrígia, Massachusetts; Londres: Harvard University Press 
  • Martirosyan, Hrach (2021). «Faszikel 3: Iranian Personal Names in Armenian Collateral Tradition». In: Schmitt, Rudiger; Eichner, Heiner; Fragner, Bert G.; Sadovski, Velizar. Iranisches Personennamenbuch. Iranische namen in nebenüberlieferungen indogermanischer sprachen. Viena: Academia Austríaca de Ciências 
  • Settipani, Christian (2006). Continuité des élites à Byzance durant les siècles obscurs. Les princes caucasiens et l'Empire du vie au ixe siècle. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8 
  • Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle: Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila