União Beneficente dos Chauffeurs do Pará
A União Beneficente dos Chauffeurs do Pará é uma associação privada e apolítica de classe de choferes e ajudantes fundada em 1913 de defesa de insteresses morais e profissionais, filiada à Associação Operária Regional e a Confederação Operária Brasileira,[1] sediada na cidade brasileira de Belém (capital do estado do Pará).[2]
Era composta por uma escola de educação primária e de nível profissionalizante para os associados e seus filhos; por uma casa de trabalho para amparo aos sócios em condições de desemprego, e;[1] por um teatro (São Cristovão) espaço de confraternização dos associados, uma associação cultural recreativa.[3][4][5] Possuia também parceria com a Benemerita Sociedade Mechanica Paraense.[1]
História
[editar | editar código-fonte]A associação União dos Chauffeurs do Pará foi fundada em 30 de maio de 1913.[1][6]
Em 1970, esta associação foi declarada como uma entidade de utilidade pública, que presta serviços sem fins lucrativos à sociedade (decreto 67 243 de 23 de setembro de 1970).[2]
Atuação
[editar | editar código-fonte]Em 18 de novembro de 1929 a União dos Chauffeurs participou da inauguração da então avenida Tito Franco (atual avenida Almirante Barosso) e também festejo de aniversário do então senador e intendente da capital Antônio de Almeida Facióla (nomeado pelo governador Eurico de Freitas Vale),[7][8] com uma carreata do bairro de São Brás à Bandeira Branca, finalizando na chácara Bem-bom.[8]
A Primeira Guerra Mundial provocou perturbações nas economias mundial e brasileira, devido os países europeus dirigirem suas energias internas para o esforço de guerra e se concentraem na indústria bélica, que demandaram dos países vizinhos um esforço crescente para abastecê-los dos produtos primários que necessitavam, para alimentar suas populações e exércitos.[6] O Brasil, ao incrementar suas exportações de arroz, de açúcar, de batata, de carnes, de farinha de mandioca, de feijão e de milho, entre outros produtos, estabilizava a balança comercial, por vezes conseguindo saldos positivos, porém a população sofreria com os problemas relacionados à escalada dos preços dos gêneros de primeira necessidade.[6] Assim, houve escassez de pão, o encarecimento dos aluguéis, a inflação atingiu níveis que arruinaram a fragilizada economia popular, desencadeando manifestações populares por todo o país.[6]
No Estado do Pará, houve também manifestações, em 1º de julho de 1917, as classes operárias e o povo da capital fizeram um meeting contra a fragilizada economia popular e alta dos preços dos principais gêneros alimentícios, que cada vez mais se accentuava.[6] Uma moção foi entregue ao então governador do estado, Lauro Sodré, pedindo proteção para as classes pobres.[6] O governante se comprometeu com os pedidos da população e das classes operárias, que formaram junto com a União dos Chauffeurs o “Comitê” da manifestação denominada “Um meeting contra a carestia da vida”, receberam apoio da Federação das Classes da Construção Civil, a União dos Sapateiros, a Classe dos Alfaiates, a Liga Operária, a Sociedade dos Cigarreiros do Pará, a Associação dos Manipuladores de Pão e, a União Protetora dos Condutores e Motorneiros.[6]
Porém, a moção apresentada ao governador em 1917 não foi suficiente para impedir o crescente aumento dos preços dos alimentos básicos, pois ao fim do ano de 1918, a situação era preocupante, porque além da falta de recursos havida com a pouca disponibilidade de trabalho, os pobres estavam na iminência de não ter o que comer, pois os preços inflacionados dos alimentos eram quase inaccessiveis.[6] Foi um período marcado por instabilidade econômica, social e política.[6] No entanto, neste momento a greve geral dos estivadores da Port of Pará, de setembro de 1918, foi o primeiro modelo de greve geral bem sucedido no estado do Pará,[6] apoiados pelas seguintes associações: Federação das Classes de Construção Civil, Sindicatos dos Marceneiros e Artes Correlativas, Federação da União de Operários Sapateiros, Federação dos Mecânicos e Metalúrgicos, União dos Carpinas Navais e Calafates, União dos Chauffeurs e Sindicato dos Ofícios Vários.[6] O apoio destas associações indiciavam a existência de uma solidariedade de classe entre os trabalhadores do estado durante a Primeira República brasileira.[6]
Teatro São Cristovão
[editar | editar código-fonte]O teatro São Cristovão é prédio em art déco construído em 1913, à Avenida Governador Magalhães Barata, no bairro de São Brás. Em 1958, foi anexado à União dos Chauffeurs e inaugurado como espaço de confraternização de seus associados.[4][5]
Foi um ponto da cena cultural entre as décadas de 1950 a 1970.[4] O teatro foi palco para apresentações artísticas das mais diversas expressões culturais locais, principalmente os cordões de Pássaro Junino, os bois e as quadrilhas juninas; além de receber shows de artistas nacionais, como Roberto Carlos e Vinícius de Moraes. Além disso, foi utilizado pelo movimento de resistência local contra a Ditadura Militar.[4][9][10]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c d «Catálogo nominal de estatutos». Centro de Memória da Amazônia (CMA). Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJE/PA) e Universidade Federal do Pará (UFPA). Resumo divulgativo
- ↑ a b «Decreto no 67.243, de 23 de setembro de 1970». Startup JusBrasil
- ↑ «UNIAO BENEFICENTE DOS CHAUFFEURS DO PARA». Consultado em 30 de maio de 2023
- ↑ a b c d PA, Do G1 (24 de março de 2014). «Projeto de recuperação do Teatro São Cristóvão é apresentado em Belém». Pará. Consultado em 19 de maio de 2023
- ↑ a b Online, DOL-Diário (31 de agosto de 2014). «Teatro São Cristóvão é promessa não cumprida». DOL - Diário Online. Consultado em 19 de maio de 2023
- ↑ a b c d e f g h i j k l de Oliveira, Adriano Craveiro (2019). «TRABALHADORES NA PRIMEIRA REPÚBLICA NO PARÁ (1889-1930): Estudos sobre organizações e greves de uma classe em formação» (PDF). PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL DA AMAZÔNIA. Belém do Pará: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ. Consultado em 30 de maio de 2023. Resumo divulgativo
- ↑ «O Intendente Senador Antonio Facióla». Universidade Federal do Pará. Laboratório Virtual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU UFPA). 24 de setembro de 2011. Consultado em 4 de agosto de 2019
- ↑ a b «O Cadillac 1929 presenteado a Antonio Faciola em seu aniversário». Universidade Federal do Pará. Laboratório Virtual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU UFPA). 24 de novembro de 2022. Consultado em 30 de maio de 2023
- ↑ «Sede dos Ferroviários e antigo Teatro São Cristóvão são desapropriados pela Prefeitura». oestadodopara.com. Consultado em 19 de maio de 2023
- ↑ «Secult apresenta projeto do Teatro São Cristóvão ao Ministério da Cultura». Agência Pará de Notícias. Consultado em 20 de maio de 2023