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Usuário(a):Marianaamorimello

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Gastone Lúcia Carvalho Beltrão
Nascimento 12 de janeiro de 1950
Alagoas, Brasil
Morte 22 de janeiro de 1972 (22 anos)
São Paulo, Brasil
Nacionalidade Brasil brasileiro
Cônjuge José Pereira da Silva
Ocupação político, guerrilheiro

Gastone Lúcia Carvalho Beltrão (Alagoas, 12 de janeiro de 1950São Paulo, 22 de janeiro de 1972) foi guerrilheira contra a ditadura militar, de 1964 [1], militante da ALN. Filha de João Beltrão de Castro e Zoraide de Carvalho Beltrão e irmã de Thomaz Beltrão Eleições 2012. «Thomaz Beltrão PT - Eleições 2012» </ref>.

Gastone Beltrão iniciou os estudos primários na escola católica Imaculada da Conceição, e depois passou a estudar no colégio Moreira de Lima, ambos em Maceió. Finalizou o curso do ensino médio na cidade do Rio de Janeiro, na qual sua avó morava e foi onde iniciou sua militância política.

Em 1968, volta à Maceió para iniciar o curso de Economia da Universidade Federal de Alagoas. E foi neste ano que ingressou como militante na JUC, associação civil católica que teve como finalidade a difusão dos ensinamentos da Igreja Católica em universidades. A partir de março de 1964, devido o engajamento dos membros em movimentos universitários, de educação e cultura popular, assim como adeptos da JEC, passaram a ser perseguidos e eliminados pelo regime militar brasileiro.

No ano seguinte, em 1969, Gastone Beltrão se casa com José Pereira da Silva. No mesmo ano, ingressa como militante na ALN, uma organização político-socialista, que desde 1966 participava da luta armada contra a ditadura militar no Brasil. Em Cuba, Gastone teve treinamento de guerrilha durante alguns meses. Regressou ilegalmente ao Brasil, por volta do ano de 1970.

A morte de Gastone Lúcia Carvalho Beltrão está envolvida em grandes contradições, assim como de muitas pessoas que sucumbiram durante o regime militar brasileiro de 1964. As informações da polícia não as mesmas divulgadas pelo Ministério da Aeronáutica. Segundo informações oficiais da polícia, Gastone Lúcia Carvalho Beltrão teria morrido no dia 22 de janeiro de 1972, na Rua Heitor Peixoto com a Rua Inglês de Souza, no bairro do Cambuciregião sudeste de São Paulo, devido a um tiroteio com a política. Ela não resistiu e morreu a caminho do hospital.

O laudo oficial do necroscópico do corpo de Gastone, assinado pelos legistas Isaac Abramovitc e Walter Sayeg, aponta 13 ferimentos de arma de fogo. O documento diz: “[…] após travar violento tiroteio com agentes dos órgãos de Segurança, no transcorrer do qual feriu três policiais, foi ferida e, em conseqüência, veio a falecer”. O delegado Sérgio Paranhos Fleury, do DOPS, notório torturador durante o regime militar, foi responsável pelo caso de Gastone.

O jornal O Globo divulgou artigo em 25 de janeiro de 1972, no qual cita Gastone Beltrão, referindo-se a ela como pistoleira, sem identificar seu nome ou militância política: “No ponto do ônibus, ao lado do assaltante João Ferreira da Silva, o Tião, perigoso marginal procurado, estava a jovem loura. Os três policiais da ronda se aproximaram para a captura, quando foram surpreendidos pela mulher, que sacou revólver da bolsa e abriu fogo. Dois policiais caíram baleados e o terceiro continuou na perseguição, pois seu comparsa desapareceu. Mais adiante, na avenida, o agente alcançou a pistoleira que, novamente, resistiu à bala na iminência da prisão. Atingida por disparos dos policiais ela faleceu a caminho do hospital. Na escapada ela deixou cair a bolsa com documentos, que foi apanhada na rua pelo transeunte Adalberto Nadur. Este a entregou ao agente que estava no encalço da pistoleira. O policial embarcou em um táxi para localizar a mulher, mas esqueceu a bolsa no veículo. Um apelo por rádio foi feito ao motorista do táxi para que entregue a bolsa da mulher, na delegacia mais próxima de sua residência, pois somente com a devolução a polícia poderá identificar a morta, através do documento ou pista. As autoridades não divulgaram os nomes dos três policiais envolvidos no tiroteio. O Laudo de Perícia Técnica 8.355, localizado nos arquivos da Polícia Técnica de São Paulo, tem a seguinte informação: Às dezessete horas do dia vinte e dois de janeiro de mil novecentos e setenta e dois, este Instituto de Polícia Técnica recebeu do Delegado de Polícia de Plantão no sexto Distrito policial, Del. Jácomo José Orselli, um comunicado, por telefone e, posteriormente, confirmado pela requisição de exame BOAD nº 42/72, na qual solicitava exame pericial em prédios da Rua Inglês de Souza, da Rua Basílio da Cunha, em veículo e em cadáver até então desconhecido.”.

De acordo com informações contidas em laudo emitido pelo Ministério da Aeronáutica, encaminhado ao Ministério da Justiça no ano de 1993, Gastone teria falecido na Av. Lins de Vasconcelos. Embora os endereços sejam próximos, as versões se contradizem e devido a isto, o caso da militante foi passado para o exame de Celso Nenevê, perito criminal.

Com apoio da tecnologia, Nenevê analisou as fotos divulgadas pela polícia em 1972 e, ampliando as imagens, concluiu que Gastone havia sofrido 34 lesões, em vez das 13 descritas no laudo anterior. Chamou a atenção do perito duas lesões, uma na região mamária e outra na região frontal. Ao ampliar a foto da ferida na região mamária em 20 vezes, averiguou que, em vez de tiro, tratava-se de uma lesão em fenda, produzida por faca ou artefato pontiagudo, devido o formato em “meia-lua”. O ferimento na região frontal sugere tiro disparado à queima-roupa, ou seja, com o agressor estava muito perto da vítima. Estas conclusões de Celso Nenevê quebram os laudos apresentados anteriormente que sustentam a ideia de um tiroreito.

Entretanto, as circunstâncias da morte de Gastone não foram investigadas, mas a CEMDP (Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos) identificou que a militante Gastone Lúcia Carvalho Beltrão, medindo 1,55 m de altura e com 34 lesões, entre tiros e facadas por todo o corpo, não morreu em um violento tiroteio e sim depois de ser capturada por agentes dos órgãos de segurança do regime militar. A cidade de Maceió decidiu homenagear a luta de Gastone Lúcia Carvalho Beltrão dando o seu nome a uma rua.

DOSSIÊ DITADURA: MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS NO BRASIL (1964-1985)

Referências