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Usuário(a):Dosglas Nunes/Testes

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[GUILHERME] Artigo está ficando muito bom mas precisa falar mais de design para se tornar relevante para a enciclopédia no artigo Design no Brasil (que está sendo melhorado por alunes de História do Design no Brasil). As questões que justificam o artigo são essenciais e devem estar presentes, mas seu foco é reforçar o argumento do design afro-brasileiro. Neste sentido é importante trazer exemplos de influências visuais africanas que influenciam no design no Brasil, por exemplo. Neste sentido, sugiro que você use mais materiais do excelente artigo: História do Design no Brasil: contribuição negra que você já referencia.

Design dos povos afro-brasileiros[editar | editar código-fonte]

O design afro-brasileiro pode ser definido como toda a produção estética, ritual, a visão de mundo e o fazer, elaborações científicas e filosóficas que se realizam através de uma técnica/tecnologia oriunda da herança africana. Sua abordagem está no entendimento da caracterização cultural particularizada, incorporando as questões de identidade e a sua construção histórica. Pode-se também dizer que o design afro-brasileiro seria os aspectos da linguagem, estilos ou formas estéticas/funcionais, contemplativas ou decorativas, que expressam valores étnicos e éticos do acervo material e imaterial afro-brasileiro.[1]

Nesse sentido, a produção material-cultural dos povos afro-brasileiros se configura como um processo de impermeabilidade cultural, de resistência negra ao sistema escravocrata.[2] Durante a diáspora africana, movimento de imigração forçada de povos africanos durante o tráfico transatlântico de escravizados, modos de vida, culturas, práticas religiosas, línguas e formas de organização política que acabaram por influenciar na construção das sociedades às quais os africanos escravizados tiveram como destino, sendo o Brasil o principal deles.[3][4][5]

Em meio a isso, a relação entre os escravocratas e os escravizados, sendo do tipo negociação e conflito, era caracterizada pela tentativa de apagamento da sua cultura nativa africana e inserção em uma nova cultura, a brasileira[6], havendo inúmeros tipos de resistências.[7] Assim, suas produções simbolizam a manutenção de sua cultura (mesmo que adaptada), a preservação de sua autoestima e, principalmente, sua resistência à condição de mercadoria.[8][2] Ou seja, os objetos classificados como afro-brasileiros são, inicialmente, fruto da complexa relação senhor-escravo materializada na forma, na função e no significado do seu design.[8]

A história da presença africana no Brasil, de forma contraditória, por muito tempo esteve associada a uma imagem estereotipada de contribuições apenas nos campos folclóricos e culturais. Logo, povos negros acabam sendo invisibilizados como projetistas e executores da cultura material brasileira, no sentido da produção de tecnologias e do design no Brasil.[9] Mas mais do que um trabalho braçal nas plantações, os povos africanos e afro-brasileiros criaram instrumentos e tecnologias especializadas. Em áreas como a metalurgia[7], mineração, agricultura e astronomia, esses povos já se encontravam em alto grau de desenvolvimento, o que colaborou para uma redefinição identitária e tecnológica brasileira.[3][9]

Frente a isso, uma das manifestações mais associados ao Brasil e a comunidade afro-brasileira é o samba[6], onde o carnaval emerge como indústria criativa que reforça exalta e valoriza as raízes afro-brasileiras na história e cultura do Brasil.[10][11] Por mais que inicialmente fosse uma festa introduzida por europeus, o evento tornou-se uma das mais fortes manifestações da identidade cultural do Brasil. Os afro-brasileiros ainda participaram ativamente criando os cordões, as escolas de samba e muitos blocos famosos, além da temática negra ser comumente explorada nos enredos das escolas de samba.[12][13]

As escolas surgiram nas comunidades negras do Rio de Janeiro, nas quais os terreiros eram similares aos templos de Candomblé da década de 70 e somente as mulheres faziam parte dos rituais.[12] Nos enredos, grupos étnicos e sociais discriminados se faziam ouvidos na época do carnaval, articulando essas classes com os temas dos sambas.[14] Com isso, embora sintetize elementos de outras culturas, o carnaval é um dos espaços para expressão da cultura material e imaterial afro-brasileira, posto o fato de que as escolas normalmente se originaram em favelas, regiões periféricas ou regiões pobres da cidade, nas quais a maioria da população é etnicamente negra.[15][12]

Os desfiles das escolas de samba, que são uma das mais populares celebrações brasileiras, são ainda uma forte expressão da cultura do design na cultura do Brasil, onde histórias são contadas na avenida através de cores, cenografias, fantasias, carros alegóricos, iluminação, efeitos especiais, identidades visuais e demais tecnologias.[16]

Considerando ainda a realidade atual da gestão das escolas de samba, os métodos e processos de gestão nos barracões podem ser considerados como instrumentos de abordagem do design, já que contam com uma valorização do projeto, do conceito e da estética.[11] Quando o design se dedica a entender como as pessoas se comunicam através de objetos e imagens, buscando a funcionalidade, o significado e a estética, o carnaval unifica esses universos com o objetivo final de entreter o público.[11]

Referências

  1. SODRÉ, Jaime (2009). «O design da alma - o legado do axé dos mestres e mestras dos saberes e fazeres afro-brasileiro» (PDF). Revista África e Africanidades. 2 (6). Consultado em 17 dez. 2022 
  2. a b «A MODA AFRO-BRASILEIRA COMO DESIGN DE RESISTÊNCIA : Fashion Revolution». www.fashionrevolution.org. Consultado em 17 de dezembro de 2022 
  3. a b Rodrigues, Ricardo Santos (dezembro de 2012). «Entre o passado e o agora: diáspora negra e identidade cultural». Revista EPOS (2): 0–0. ISSN 2178-700X. Consultado em 17 de dezembro de 2022 
  4. Negra, Geledés Instituto da Mulher (14 de fevereiro de 2017). «Diáspora africana». Geledés. Consultado em 17 de dezembro de 2022 
  5. Marques, Lorena de Lima. «Diáspora africana, você sabe o que é?». Fundação Cultural Palmares. Consultado em 17 de dezembro de 2022 
  6. a b SALES, Janaína Aparecida dos Santos Carinhanha (16 jun. 2021). «Valorização e aplicabilidade da linguagem visual da cultura afro-brasileira no design contemporâneo». Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Repositório Acadêmico da Graduação (RAG) TCC Design. Consultado em 17 dez. 2022 
  7. a b Factum, Ana Beatriz Simon (15 de dezembro de 2010). «História do Design no Brasil: contribuição negra». Estudos em Design (2). ISSN 1983-196X. doi:10.35522/eed.v18i2.54. Consultado em 16 de dezembro de 2022 
  8. a b Factum, Ana Beatriz Simon (17 de setembro de 2009). «Joalheria escrava baiana: a construção histórica do design de jóias brasileiro». Consultado em 17 de dezembro de 2022 
  9. a b «Design e Tecnologia na Escravidão». Google Arts & Culture. Consultado em 16 de dezembro de 2022 
  10. Oliveira, João Maria de; Araújo, Bruno César Pino Oliveira de; Silva, Leandro Valério (outubro de 2013). «Panorama da economia criativa no Brasil». www.ipea.gov.br. Consultado em 17 de dezembro de 2022 
  11. a b c Santos, Marcos Aurélio Machado dos (19 de dezembro de 2017). «Aplicação da Metodologia Design Science Research na Indústria do Carnaval: a gestão dos métodos e processos de criação coletiva na fábrica do carnaval sob a ótica do design». Consultado em 17 de dezembro de 2022 
  12. a b c «A Contribuição da Cultura Afro no Carnaval do Rio». carnivalservice.com. Consultado em 17 de dezembro de 2022 
  13. «História do Carnaval | Carnaval Brasileiro| RioCarnaval.Org». www.riocarnaval.org. Consultado em 17 de dezembro de 2022 
  14. FERNANDES, R.; DE MENEZES LOPES, H.; COMETTI OLIOZI, A. C. Ao gosto do freguês: as manifestações afro-brasileiras no Carnaval do Rio de Janeiro no início do século XX como busca de uma modernidade. Revista Concinnitas, v. 22, n. 41, p. 229–242, 8 out. 2021.
  15. «Carnaval foi pioneiro em dar visibilidade à cultura negra, defende pesquisa». Notícias UFJF. 3 de fevereiro de 2016. Consultado em 17 de dezembro de 2022 
  16. MORAIS, Jaider. «Carnaval e Design - Será que dá Samba?». Design com Café. Consultado em 17 dez. 2022 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]