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Nudge (cutucão ou empurrãozinho)[editar | editar código-fonte]

Nudge, cutucão ou empurrãozinho, é uma ferramenta de uma área da Economia chamada de Economia Comportamental e, mais especificamente, compõe a Arquitetura da Escolha. O nudge é considerado um conjunto de incentivos e estímulos psicológicos e comportamentais feitos para influenciar de maneira previsível como as pessoas vão agir, sem nenhuma proibição ou ordem explícita.

Conceito[editar | editar código-fonte]

Conforme a explicação do colunista William Safire para a “The New York Magazine”, a palavra nudge (inglês), tem como significado “empurrar levemente ou tocar suavemente nas costelas, especialmente com o cotovelo”.

Transportando esse conceito para o mundo da Economia Comportamental, os economistas norte-americanos Richard Thaler e Cass Sunstein definiram o nudge (ou “empurrãozinho") como um direcionamento que as pessoas devem sofrer para agir no sentido mais favorável, sem, portanto, retirá-las a liberdade de escolha. 

Conforme o excerto a seguir, os estudiosos Thaler e Sunstein compreenderam nudge como um aspecto da arquitetura de escolhas:

“O nudge é qualquer aspecto da arquitetura de escolha que altere o comportamento das pessoas de um jeito previsível, sem proibir quaisquer opções ou alterar significativamente suas consequências econômicas. Para que seja um mero empurrão, a intervenção deve ser fácil e barata. Nudges não são ordens”.[1]

Histórico[editar | editar código-fonte]

A primeira utilização do termo nugde era relacionada à cibernética antes de 1995 e foi desenvolvida por James Wilk. Era descrito na época pelo acadêmico D. J. Steward da Universidade de Brunel como "a arte do empurrão" (tradução livre) e as vezes como pequenos empurrões ou empurrãozinhos.[2]

O conceito também se desenhou em influências metodológicas da psicoterapia clinica, desde Gregory Bateson, incluindo contribuições de Milton Erickson, Watzlawick, Weakland and Fisch, e Bill O'Hanlon. Nesse sentido específico, nugde é um design feito com foco específico para atrair um grupo de pessoas, sem considerar a escala da intervenção que era pretendida.

Então, o termo nudge, como conceito da Economia Comportamental, se tornou popular nos Estados Unidos em 2008 com o lançamento do livro "Nudge: O Empurrão para a escolha certa" (Nudge: Improving Decisios About Health, Wealth, and Happiness), feito pelos autores Thaler e Sunstein. A partir daí o conceito passou a ser utilizado por diversos criadores de políticas dos Estados Unidos e do Reino Unido, tanto no setor público quanto no privado.

Essa aplicação foi a mais utilizada para o termo e é portanto geralmente esse o significado empregado ao termo.

Tipos de nugdes[editar | editar código-fonte]

As formas de nugdes são muito distintas, podendo variar entre criar padrões, heurísticas de prova social e aumentar a relevância da opção desejada.

As opções padrões são as que chegam automaticamente aos indivíduos, sem ele fazer nada. As pessoas são justamente propensas a escolher uma opção se ela for colocada como padrão.[3] Um exemplo disso foi a descoberta de Pichert & Katsikopoulos[4] de que um número maior de consumidores escolher a energia renovável quando ela foi colocada como a opção padrão.

As heurísticas de prova social, muito próxima do popularmente conhecido efeito manada, se refere à tendências dos indivíduos em orientar seu comportamento no comportamento do outro.

Já o outro tipo, é quando aumenta a relevância daquele produto, ou seja, quando se atrai a atenção para ele, colocando em lugares de evidencia. Por exemplo, quando os consumidores passam a comprar alimentos mais saudáveis quando eles são colocados nas prateleiras que ficam ao nível do olho no supermercado.

Aplicações de nugde[editar | editar código-fonte]

O conceito de nudge foi apropriado e utilizado por diferentes áreas.

Saúde

Na área da saúde, por exemplo, o nudge foi utilizado como uma forma de promover a higiene das mãos e diminuir a incidência de infecções.[5]

Uma outro exemplo da aplicação do famoso “empurrãozinho” foi nas academias de ginástica. Yifan Zhang e Geoff Oberhofer, fundadores do Gym-Pact, desenvolveram, estimulados pelo conceito de nudge, “taxas motivacionais”. Na experiência, os participantes definem uma meta de visita semanal à academia e precisam pagar uma multa quando perdem uma sessão de ginástica. Inicialmente, Zhang e Oberhofer adquiriram associações em nome dos participantes, que não pagaram a inscrição, mas se comprometeram a se exercitar 4 vezes por semana. Se falharem, precisarão pagar uma multa de $ 25. Se abandonassem o programa, a multa seria de $ 75,21. Assim, embora tenha sido ligeiramente adaptado, o Gym-Pact se tornou um modelo completo com o conceito de taxas motivacionais.[6]

Em 2020, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, decidiu aplicar a estratégia do nudge para auxiliar na luta contra a pandemia do corona vírus. Patrick Vallance, o principal conselheiro científico do Reino Unido, busca encorajar a “imunidade do rebanho” usando essa estratégia”. [7]

Meio Ambiente

Em Kopenhagen, na Dinamarca, é estimado que 1 em cada 3 indivíduos vão, ocasionalmente, produzir lixo nas ruas. Para resolver esse problema, uma pesquisa desenvolvida na Universidade Roskilde testou uma estratégia de nudge para estimular os pedestres a evitarem jogar lixo na rua.  A equipe colocou uma séria de pegadas até a lata de lixo mais próxima e distribuiu balinhas de caramelo para os pedestres. O resultado mostrou que as pegadas até a lixeira diminuíram em 46% a incidência de embalagens de balinhas de caramelo espalhadas pelas ruas, fazendo com que os pedestres fossem até a lixeira descartar corretamente.[8]

Governo

Na Inglaterra, houve notáveis aplicações da estratégia do nudge, sendo a teoria inclusa na formação do “British Behavioural Insights Team” em 2010.[9]

No Brasil, a prefeitura do Rio de Janeiro tem utilizado o conceito do nudge para implementar alguns projetos, são eles: a redução do índice de desistência de tratamento de tuberculose, aumento do envolvimento dos pais na educação dos filhos e antecipação de matrículas, maior nível de atividade física em idosos, entre outros.[10]

Conceitos-chaves para enteder o nudge[editar | editar código-fonte]

  1. Thaler & Sustein, Nudge: Improving Decisions About Health, Wealth, and Happiness. 2008, p. 6
  2. Wilk, James (1999). Cornelis, Gustaaf C.; Smets, Sonja; Van Bendegem, Jean Paul, eds. «Mind, Nature and the Emerging Science of Change: An Introduction to Metamorphology». Dordrecht: Springer Netherlands (em inglês): 71–87. ISBN 978-90-481-5242-1. doi:10.1007/978-94-017-2245-2_6. Consultado em 15 de dezembro de 2020 
  3. Campbell-Arvai, Victoria; Arvai, Joseph; Kalof, Linda (maio de 2014). «Motivating Sustainable Food Choices: The Role of Nudges, Value Orientation, and Information Provision». Environment and Behavior (em inglês) (4): 453–475. ISSN 0013-9165. doi:10.1177/0013916512469099. Consultado em 15 de dezembro de 2020 
  4. Pichert, Daniel; Katsikopoulos, Konstantinos V. (março de 2008). «Green defaults: Information presentation and pro-environmental behaviour». Journal of Environmental Psychology (em inglês) (1): 63–73. doi:10.1016/j.jenvp.2007.09.004. Consultado em 15 de dezembro de 2020 
  5. Caris, M.G.; Labuschagne, H.A.; Dekker, M.; Kramer, M.H.H.; van Agtmael, M.A.; Vandenbroucke-Grauls, C.M.J.E. (abril de 2018). «Nudging to improve hand hygiene». Journal of Hospital Infection (em inglês) (4): 352–358. doi:10.1016/j.jhin.2017.09.023. Consultado em 15 de dezembro de 2020 
  6. Johnson, S. (2011, January 24)
  7. The UK's Covid-19 strategy dangerously leaves too many questions unanswered". www.theguardian.com. Retrieved 16 March 2020.
  8. Jespersen, S.M. (2012, February 16). Green nudge: Nudging into the litter bin. iNudgeyou.com. http://www.inudgeyou.com/green-nudge-nudging-litter-into-the-bin. Retrieved February 6, 2013
  9. ("Speak 'Nudge': The 10 key phrases from David Cameron's favorite book". The Guardian. London. Retrieved 2009-09-09
  10. https://politica.estadao.com.br/blogs/blog-do-mlg/usando-nudge-no-setor-publico-brasileiro/