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Tecnologia na área da eletricidade, da computação e da automação[editar | editar código-fonte]

Segundo Gordon Childe, arqueólogo australiano, a tecnologia envolve a satisfação das necessidades humanas por meio de atividades que produzem alterações no mundo material[1]. Para tanto, a tecnologia combina a produção de conhecimento científico e a técnica - esforço prático de dominar e utilizar os recursos materiais. Dessa forma, percebe-se que a tecnologia é intrínseca ao ser humano, já que até mesmo a classificação dos períodos históricos, pela literatura ocidental, considera-a como padrão. Por exemplo, o período Paleolítico, marcado pela habilidade de produzir ferramentas e objetos cortantes, lascando-se alguma pedra, o período Neolítico, marcado pela sedentarização do ser humano e a Idade dos Metais, período caracterizado pelo uso do cobre, do ferro e do bronze.

O Iluminismo iniciou o uso da razão sistemática e retomou o desenvolvimento científico, o que, como resultado, estruturou as bases para as Revoluções Industriais e estabeleceu a tecnologia, de forma indissolúvel, na maneira de produzir mercadorias, conforme observou o historiador Eric Hobsbawm em "Era dos Extremos".

Além da forma de produzir, a tecnologia hoje, conforme demonstram Danielle Carvalho e Fernanda Silva [2], determina as relações comerciais. Países com maior acervo tecnológico impõem sob os demais uma balança comercial desigual, por meio da fabricação de produtos com maior valor agregado e de melhor qualidade, resultado do uso de tecnologia. Isso aumenta o lucro no preço final do produto e no alcance do número de mercados consumidores em escala global.[3]

Para além das relações produtivas, a tecnologia, nos últimos anos, com o advento das redes sociais, passou a modificar as relações humanas, de maneira que Silva e Silva [4] afirmam que o uso diário da internet causa conflitos familiares, como resultado da falta de diálogo, transtornos de ansiedade e déficit de atenção. Desse modo, percebe-se que a tecnologia faz parte de uma engrenagem que participa no desenvolvimento da humanidade.[5]

Visto isso, percebe-se que o desenvolvimento tecnológico contemporâneo é indispensável a qualquer nação. Entre as vinte maiores empresas do mundo, segundo a Forbes[6] em 2022, seis são da área de tecnologia. Nesse cenário, pode-se concluir que existe uma "guerra tecnológica" para o desenvolvimento de soluções para todos os setores: economia, pesquisa científica, medicina, social e energética, principalmente na área de eletricidade, automação e computação.

Eletricidade[editar | editar código-fonte]

No contexto da eletricidade, Thomas Edison e Nikola Tesla são exemplos notáveis de disputas pelo domínio do mercado de eletricidade, que estava em desenvolvimento durante o século XIX. Edison é conhecido pela invenção da lâmpada incandescente, enquanto Tesla é famoso por sua contribuição para o desenvolvimento do sistema de corrente alternada.

Naquele período, além da lâmpada incandescente, outras tecnologias relacionadas à eletricidade já estavam em desenvolvimento, como o telégrafo, que, por meio de sinais elétricos estabelecia um meio de comunicação mais rápido entre dois pontos distantes. Isso exigiu uma infraestrutura para lançar cabos de uma cidade a outra, e posteriormente de um continente a outro. O resultado desse trabalho contribuiu para o desenvolvimento do sistema de distribuição de energia, pois descobriu-se os problemas de se propagar sinais elétricos a longas distâncias via cabo, como a atenuação e o atraso de sinal.[7]

Inicialmente, Edison desenvolveu as lâmpadas incandescentes, que funcionavam muito bem em um sistema de corrente contínua. Isso o levou a preferir este sistema de transmissão, já que ele também desenvolveu motores, baterias e medidores de consumo de energia que funcionavam bem com a corrente contínua. No entanto, seu interesse não era necessariamente fazer uso do sistema de distribuição mais eficiente, mas sim o mais lucrativo.[8]

Nesse cenário, Tesla desenvolveu seu trabalho com campos magnéticos rotativos, o que foi determinante para estabelecer o sistema de corrente alternada. Ele descobriu que um campo magnético poderia ser gerado por dois campos alternados e defasados em 90 graus, o que permitiu que a energia elétrica pudesse ser transmitida em corrente alternada. Isso apresentou uma grande vantagem em relação a Edison: a distância para distribuição.[9]

No sistema de corrente contínua, em função da resistência do condutor, produzia-se uma queda de tensão entre um terminal e outro. Quanto maior a distância para levar a energia elétrica, maior a resistência do condutor e, portanto, maior a queda de tensão, o que evidentemente não era interessante. Por outro lado, o sistema de corrente alternada superou essa deficiência, permitindo aumentar e diminuir a tensão para a transmissão a longas distâncias, diminuindo as quedas no condutor, pois a corrente é baixa sob altas tensões, o que causa um baixo consumo de potência pela elevada resistência do condutor. Assim, com essa possibilidade de aumentar e diminuir a tensão, o mercado de energia elétrica ganhou maior portabilidade e adotou o sistema de corrente alternada.[9]

Computação[editar | editar código-fonte]

No contexto da computação, as disputas tecnológicas ao longo da história começaram no século XX e foram marcadas pela concorrência no desenvolvimento do hardware e do software. Nesse cenário, a guerra tecnológica é mais intensa, e entre as vinte maiores empresas de 2022, segundo a Forbes, seis são da área de tecnologia da computação, o que demonstra o tamanho e a força desse mercado, ainda jovem se comparado aos setores de exploração do primeiro setor da economia. A ideia de usar alguma máquina para realizar cálculos matemáticos não é nova. Já na Grécia Antiga, em 150 a.C, a Máquina de Anticítera foi criada com o objetivo de calcular os ciclos do calendário solar e lunar. Além disso, nos séculos XVII e XVIII, Blaise Pascal e Charles Babbage, respectivamente, contribuíram com a calculadora decimal Pascalina e a Máquina Diferencial para cálculos com polinômios. [10]

No entanto, foi no século XX que aconteceram os grandes avanços na computação. Resultado dos avanços na eletricidade, eletrônica e matemática, como o transistor – desenvolvido no Laboratório Bell Telephone por William Shockley, John Bardeen e Walter Brattain – e a contribuição de Alan Turing, que concebeu o modelo teórico de um computador e desenvolveu a complexidade de algoritmos, marcou a pesquisa em inteligência artificial. A partir disso, a computação evoluiu rapidamente.[11][12]

Em um primeiro momento, com o advento da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos saíram na frente na corrida de desenvolvimento dos primeiros computadores. O ENIAC (Electronic Numerical Integrator and Computer), desenvolvido por John Presper Eckert e John Mauchly, era capaz de realizar 500 multiplicações por segundo, mas consumia muita energia. A partir desse projeto, John Von Neumann propôs soluções que modelavam a arquitetura do computador como um sistema nervoso. Desse modo, o computador passou a codificar e armazenar informações em uma memória, o que trouxe maior rapidez, versatilidade e capacidade de modificação.[13]

A partir dessa contribuição de Neumann, nos Estados Unidos, começou-se uma verdadeira corrida para a popularização dos computadores. A Microsoft, fundada por Bil Gates e Paul Allen lançou o Altair 8800. Em seguida, a Apple, fundada por Steven Wozniak e Steve Jobs, trouxe para o mercado uma nova experiência da interação do usuário e a máquina, por meio do Macintosh. De forma paralela, a IBM também entrou nesse nicho com o lançamento do Commodore e o Compaq. Com isso, a ideia de computadores pessoais se popularizou e mais empresas entraram nessa disputa para conquistar este novo mercado.[13] [14]

Entretanto, recentemente, essa disputa, trouxe ao mercado uma nova tecnologia, os processadores da própria Apple, que antes utilizava os processadores Intel, lançou chips com a arquitetura ARM, que reduz o consumo de energia sem perda de desempenho. O que, abre um novo cenário para empresa, uma vez que, a partir de agora, pode integrar todo o produto com fabricação própria, como resultado, além de vislumbrar melhorias em seus produtos, aumenta a margem de lucro. Visto isso, como não há nada que impede outras empresas a utilizar a arquitetura ARM, pode ser um movimento que as concorrentes podem aderir e se mobilizar para começar a desenvolver chips próprios.[14]

Além do mercado de hardware, o software também é um nicho muito disputado. Nesse contexto, há a concorrência para aplicações de sistemas operacionais para aplicações na linha de pcs e na linha de mobile, como o Windows da Microsoft e o macOS da Apple, para computadores, e, o Android e o iOS para celulares. Além disso, com o desenvolvimento da internet a partir da ARPANET e da contribuição de Tim Berners-Lee com o uso de hipertextos para compartilhar informações. Surgiram os buscadores, sendo o Yahoo, o primeiro a fazer sucesso e dominar os serviços de busca até 1998, quando surgiu o Google, com um novo jeito de realizar buscas, ao fazer de rankear as páginas por qualidade do conteúdo, como o Yahoo fazia, trouxe o algoritmo PageRank, que tornoou os resultados de pesquisa mais rápido e leve, além de rankear as páginas pela popularidade. Com isso, hoje, não é dificil concluir que o Yahoo perdeu o seu espaço de mercado, fornecendo ainda, o seu popular serviço de e-mail. [15]

Com o lançamento da ferramenta ChatGPT, da OpenIA, se estabalece uma nova mudança de paradigma quanto a forma de se navegar na internet. O ChatGPT, assim como a Google fez em 1998, traz uma novidade, o uso de inteligência artificial que gera respostas em linguagem natural para perguntas. Treinada com técnicas de aprendizado de máquina, a inteligência artificial, interage com o usuário por meio de um chat e retorna no seu resultado de pesquisa, exatamente aquilo que o usuário deseja e não uma lista de páginas em que seria necessário fazer um filtro das informações. Apesar de estar na fase de testes, essa tecnologia promete trazer novas aplicações e mudar a forma que o usuário interage com a internet.[16]

Automação[editar | editar código-fonte]

A automação industrial, em essência, significa desenvolver e fazer uso de tecnologias com o objetivo de aumentar a produtividade, a eficiência e a segurança das operações industriais. Seu início pode ser traçado a partir do século XVIII, momento em que surgiram as primeiras máquinas a vapor. Essa tecnologia revolucionou o modo de produção, pois passou-se a utilizar a energia mecânica para realizar tarefas que antes eram realizadas de forma manual, o que representou um ganho significativo de produtividade na época.[17][18]

O avanço da indústria automobilística fomentou as primeiras concorrências na produção de tecnologia na área de controle e automação. No início do século XX, com a ideia de melhorar a eficiência por meio de inovações e soluções tecnológicas bem estabelecidas, as fábricas implementavam a "automação analógica". Isso significa que o controle de equipamentos, como motores e bombas, era feito principalmente por meio de componentes eletromecânicos, como relés e eletroválvulas.[19][17]

Devido ao aumento da complexidade dos quadros de relés à medida que os processos industriais cresciam, a subsidiária da General Motors Corporation, a Hidramatic Division, iniciou um processo para substituí-lo por um "controlador de máquina padrão". Isso fomentou uma disputa entre empresas como a 3I (International Instruments Inc), Allen-Bradley e a DEC (Digital Equipment Corporation) para o lançamento daquele que seria o primeiro controlador lógico programável. No entanto, a empresa que apresentou a melhor aplicação foi a Bedford Associates, com o Modicon 084, que possuía uma linguagem de programação semelhante aos diagramas elétricos e robustez para operar em áreas industriais. Dessa forma, a General Motors, como responsável pelo projeto, lançou-o no mercado e saiu na frente com o uso dessa nova tecnologia na linha de produção, sendo a primeira a reestruturar a linha de produção e modernizar a indústria.[19]

Com a popularização dos computadores e microprocessadores, a automação deu mais um passo importante. O acesso a esses recursos possibilitou que mais pessoas pudessem trabalhar, estudar e desenvolver tecnologias. Surgiram então os softwares para a criação de sistemas integrados, nos quais, para cada processo ou demanda, pode-se desenvolver uma tela personalizada para monitorar e controlar algum processo a partir de um único computador.[17]

Atualmente, com o crescente aumento de pesquisas e de mão de obra mais qualificada, a automação industrial continua evoluindo. Mas, diferente do que aconteceu no século XX, em que as empresas promoviam o desenvolvimento da maior parte da tecnologia, hoje, dentro das universidades e em startups surgem muitas soluções. Há aplicações que embarcam inteligência artificial em algum controlador, aplicações que desenvolvem tecnologias de IoT - Internet das coisas – e, aplicações de modelagem de sistemas de controle. Além disso, é possível desenvolver projetos personalizados para cada aplicação, por meio dos sistemas embarcados, com um elevado grau de flexibilidade e portabilidade, capaz de atender clientes com grande representatividade no mercado, bem como, aplicações para clientes menores e aplicações domésticas.[17]


Referências

  1. Silva, Kalina Vanderlei (2008). Dicionário de conceitos históricos. Maciel Henrique Silva 2.ed., 1® reimpressão ed. São Paulo: Contexto. OCLC 457523004
  2. Carvalho, Danielle Evelyn de; Silva, Fernanda Aparecida (2022). «Uma análise sobre a estrutura de competição dos setores de acordo com a intensidade tecnológica». Nova Economia. 32. 28 páginas. Consultado em 1 de dezembro de 2018 
  3. Gorender, Jacob (abril de 1997). «Globalização, tecnologia e relações de trabalho». Estudos Avançados (29): 311–361. ISSN 0103-4014. doi:10.1590/s0103-40141997000100017. Consultado em 26 de março de 2023
  4. Silva, Thayse de Oliveira; Silva, Lebiam Tamar Gomes (2017). «Os impactos sociais, cognitivos e afetivos sobre a geração de adolescentes conectados às tecnologias digitais.». Rev. psicopedag. 34. 10 páginas. Consultado em 1 de dezembro de 2018 
  5. Souza, Karlla; Cunha, Mônica Ximenes Carneiro da (2019). «Impactos do uso das redes sociais virtuais na saúde mental dos adolescentes: uma revisão sistemática da literatura». Revista Educação, Psicologia e Interfaces. 3. 14 páginas. Consultado em 1 de dezembro de 2018 
  6. Rodrigues, Patricia Junqueira (12 de maio de 2022). «Forbes Global 2000: veja quais são as maiores empresas do mundo em 2022». Forbes Brasil. Consultado em 26 de março de 2023
  7. «Telegrafia». Consultado em 1 de dezembro de 2018 
  8. «Guerra das Correntes». Consultado em 1 de dezembro de 2018 
  9. a b Santos, Gabriella Pinheiro dos. «Análise e desenvolvimento de uma proteção baseada em tensão contra curtos-circuitos em microrredes de corrente alternada»
  10. Goulart, Natã; Ilídio, Rone. «A História do Computador» (PDF). Consultado em 1 de dezembro de 2018 
  11. Costa, Jaidson Brandão da; Gomes, Thereza Raquel de Lima (8 de abril de 2022). Costa, Jaidson Brandão da, ed. Algoritmos e Lógica de Programação 1 ed. [S.l.]: Even3 Publicações
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  13. a b Da Silva, Luiz Gabriel (22 de agosto de 2022). «A REVOLTA DOS UNIVERSITÁRIOS NA DITADURA CIVIL-MILITAR EM CURITIBA: RESISTÊNCIAS E ACOMODAÇÕES (1968)». Revista Trilhas da História (22): 69–87. ISSN 2238-1651. doi:10.55028/th.v11i22.15688.
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