Usuário(a):SwordWarriors/Battle of Megiddo (15th century BC)

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A Batalha de Megido foi um combate travado no século XV a.C. Em aproximadamente 1479 a.C., no dia 21 do primeiro mês do terceiro ano do reinado do faraó Tutemés III, o rei do Egito liderou seu exército para conter uma revolta liderada pelo rei Durusha, de Cadexe, na cidadela de Megido, que era uma antiga cidade importante no Oriente Médio.[1] Foi também em Megido que o uso do arco composto e a contagem de corpos foram registrados pela primeira vez.[2] Todos os detalhes dessa batalha vêm de fontes egípcias primordialmente escritas em hieróglifos pelo escrivão militar Tjaneni nas muralhas do Recinto de Amon-Rá, em Carnaque, Tebas (atual Luxor).[3]

Tutemés III, como um dos maiores estrategistas militares do antigo Egito que expandiu as fronteiras do país e elevou sua nação ao status de superpotência, pôde restabelecer o domínio egípcio no Levante, principiando um reinado no qual o Império Egípcio alcançou sua maior extensão.

Anais de Tutemés III[editar | editar código-fonte]

Essa batalha se tornou a primeira imagem clara da história militar por intermédio do escriba pessoal do faraó, Tjaneni.

Acompanhando seu governante na campanha, Tjaneni manteve um registro diário do conflito. Após 20 anos liderando 17 campanhas militares vitoriosas, Tutemés ordenaria que suas façanhas fossem esculpidas nas paredes do Templo de Amon-Rá. Ademais, foram pelos escritos de Tjaneni que os eventos de Megido - cujos relatos foram os mais famosos e profícuos - puderam ser inscritos em detalhes.

Os anais descrevem, minuciosamente, as campanhas lideradas por Tutemés no Levante, o saque obtido, o tributo recebido de regiões conquistadas e, finalmente, oferendas a Ámon. A sequência de representações indica a crença sobre as interações dos deuses com a guerra: elogios e oferendas às divindades em troca do seu amparo divino. [4] [5]

Os registros também mostram os efeitos duradouros da batalha de Megido. Após a vitória de Tutemés e de suas campanhas bem-sucedidas no Levante durante os próximos 20 anos, a ascensão da influência do Egito na política externa e de sua evolução em potência imperialista tornam-se evidentes. Representações demonstram a diplomacia internacional por meio da doação de presentes da Babilônia, do Império Hitita, e de outras regiões proeminentes e poderosas ao longo desse período. [4] [5]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Tutemés III foi filho e sucessor de Tutemés II (1492-1479 a.C.), mas quando seu pai morreu, ele tinha apenas três anos e, portanto, sua madrasta, Hatexepsute (1479-1458 a.C.), manteve o trono como regente. Logo depois de assumir essa posição, Hatexepsute rompeu com a tradição e assumiu o poder. Tutemés III passou a juventude na corte de Tebas, em treinamento militar, buscando o tipo de educação esperado para um príncipe do Império Novo.[6]

Após seus primeiros anos como faraó, Hatexepsute não organizou grandes campanhas militares, mas manteve suas forças com o máximo de eficiência e, quando ele se mostrou capaz, promoveu Tutemés III a comandante das tropas. Ela era uma das monarcas mais poderosas, engenhosas e eficientes da história do Egito e, quando faleceu, deixou ao jovem príncipe um país próspero com uma força de combate bem organizada e altamente treinada.[6]Tutemés III chegou ao trono no momento em que o Egito controlava grandes áreas do Levante. No início de seu reinado, porém, ele se viu diante de uma revolta na região baseada na atual Síria.[7]

Com a morte da rainha, os reis de Megido e de Kadesh se rebelaram contra o sucessor do Egito, que eles acreditavam ser fraco. Na verdade, era bastante comum no mundo antigo os estados vassalos se rebelarem contra um novo governante a fim de aproveitar a transição do poder para conquistar independência. Dessa forma, a coalizão entre os cananeus de Megido e os sírios de Kadesh atraiu outros insatisfeitos com o domínio egípcio, como o reino de Mitani, os quais reuniram suas forças fora da fortaleza de Megido no final de 1458 ou no início de 1457 a.C.[6] Megido era estrategicamente vital, controlando a principal rota comercial entre o Egito e a Mesopotâmia, agora conhecida como Via Maris.[7]

Marcha para Megido[editar | editar código-fonte]

Tutemés III não perdeu tempo em mobilizar suas forças e marchar de Tebas em direção a Megido. Como muitos governantes antigos, Tutemés III assumiu o comando pessoal de suas forças. Reuniu um exército de dez a vinte mil homens, composto por infantaria e carros de guerra, na fortaleza fronteiriça de Tjaru.[6][7]

Ao todo, o exército percorreu 150 milhas em 10 dias e descansou em Gaza antes de seguir para a cidade de Yehem, onde o faraó convocou um conselho de guerra. Havia três estradas que podiam-se tomar da cidade vizinha de Aruna para chegar a Megido: uma passagem estreita que exigiria que o exército marchasse em fila única e duas outras estradas mais amplas que permitiriam movimentos mais rápidos e fáceis. Os generais alegaram que tinham informações de que o inimigo os esperava no final do desfiladeiro estreito e, além disso, o progresso seria lento e difícil, com a vanguarda chegando ao local da batalha enquanto a retaguarda ainda estivesse em marcha.[6]

Tutemés III ouviu os conselhos, mas discordou deles. Segundo o registro de seu escriba militar Tjaneni, ele encorajou sua equipe sênior e todo o exército a marchar rapidamente pela estrada estreita e assegurou-lhes que ele próprio lideraria a vanguarda, dizendo: "Não deixarei meu exército vitorioso avançar à frente de minha majestade neste lugar!". Logo, as carruagens e as carroças foram desmontadas e transportadas, e os homens conduziram os cavalos em fila única pela passagem a emergir no vale de Qina por Megido.[6] Assim, escolhendo a mais direta, mas também a mais perigosa das três rotas disponíveis, Tutemés avançou sobre Aruna (atual Wadi Wara) sem resistência do inimigo.[7]

Batalha e cerco[editar | editar código-fonte]

De fato, o exército egípcio não encontrou nenhum inimigo porque a coalizão asiática tinha tropas preparadas para a defesa dos dois locais de fácil acesso, o que bloqueava as rotas de avanço dos egípcios para norte e para o sul. A decisão de Tutemés III de escolher o caminho mais difícil deu-lhe a vantagem do elemento surpresa.[6] O rei de Kadesh, surpreendido com a aparição dos egípcios no centro de sua linha defensiva, tentou urgentemente reunir suas tropas no terreno alto do lado de fora da fortaleza de Megido.[7] Apesar disso, Tutemés não podia atacar de uma vez, já que a maior parte de suas tropas ainda estava percorrendo a passagem de Aruna, cuja retaguarda levaria mais de sete horas de marcha para alcançar a vanguarda. Uma vez reunidas, o faraó ordenou que as tropas descansassem e se refrescassem perto do ribeiro de Qina. Durante toda a noite, ele recebeu pessoalmente relatórios de sentinelas e deu ordens para o fornecimento das tropas e posições de batalha.[6]

No dia seguinte, Tutemés posicionou o exército de tal forma que a ala sul estivesse em uma colina acima do ribeiro de Qina e a ala norte, em uma subida a noroeste de Megido. O ataque a partir do centro seria comandado pessoalmente por ele.[6] Enquanto a coalizão dos revoltosos concentrava suas tropas em torno da fortaleza, o faraó espalhava as suas de tal forma que as alas ameaçavam os flancos inimigos.[7]

Embora ambas as forças eram iguais em números, o faraó conseguiu usar melhor seu efetivo. No mesmo momento que o rei do Egito liderava o ataque no centro, sua ala esquerda fez um ataque rápido e agressivo contra o flanco rebelde; por conseguinte, foi rapidamente sobrepujado pela velocidade e habilidade do ataque egípcio. A ala direita desmoronou, e o resto do exército da coligação seguiu rapidamente, o moral desmoronando quando os guerreiros assistiam à debandada de seus companheiros. Alguns entraram correndo na cidade, fechando os portões atrás deles para manter os egípcios afastados.

Os egípcios agora desperdiçavam a oportunidade que a rápida vitória lhes dera. O relatório de Tjaneni observa que se o exército perseguisse o inimigo em fuga e o abatesse, a batalha teria terminado decisivamente naquele dia. Em vez disso, os soldados decidiram capturar os espólios do acampamento inimigo, capturando centenas de armaduras e carruagens de combate, e permitiram que seus oponentes não apenas encontrassem seu caminho de volta a Megido - subindo em cordas improvisadas de roupas baixadas por pessoas dentro das muralhas -, mas também montassem defesas. Aqueles que chegaram à segurança incluíram os reis de Megido e de Kadesh.[6][7]

Em seguida, Tutemés III ordenou que um fosso fosse escavado em torno de Megido e que uma paliçada fosse erigida em torno do fosso. Ninguém de dentro da cidade estava autorizado a sair a não ser se se rendesse ou se convocado por um oficial egípcio. Após pelo menos sete (possivelmente oito) meses, os líderes da coalizão renderem a cidade.[6]

Eventos posteriores[editar | editar código-fonte]

Tutemés III ofereceu termos muito generosos, o que fez com que seus oponentes prometessem que não promoveriam outra rebelião contra o Egito. Nenhum dos líderes foi executado, e a cidade foi deixada intacta. Além disso, oficiais leais ao Egito foram nomeados, fazendo com que os líderes tivessem sido despojados de suas posições. Outrossim, embora os filhos destes foram levados ao Egito como reféns, todos foram bem tratados e continuaram a viver no nível de conforto ao qual estavam acostumados. As crianças foram educadas na cultura egípcia e quando atingiram a maioridade, foram enviadas de volta para suas terras com apreço e lealdade ao faraó, aumentando a influência imperial em suas respectivas cidades-estado.[6]

Além de armaduras e carros de guerra, a lista de saque levada ao Egito da campanha incluiu 340 prisioneiros de guerra; mais de 2000 cavalos; quase 25000 bois e ovelhas; escravos; armas e armaduras; carruagens de ouro; metais preciosos e o equipamento de guerra real do rei de Megido. Mais importante ainda, a vitória em Megido permitiu a conquista de outras cidades da região, assegurando-as de novo ao Império Egípcio.

Além de abafar a rebelião e enriquecer o tesouro do Egito, o faraó manteve controle sobre o norte de Canaã e forneceu-lhe uma base para lançar campanhas na Mesopotâmia. Eis que a vitória não só ganhou o respeito do povo do Egito, mas também o de líderes e reis de outras nações. Os grandes príncipes das cidades sumérias que não haviam se juntado à coalizão enviaram tributo por conta própria para ganhar favores do grande rei-guerreiro, campeão da Batalha de Megido.

Durante o resto do seu reinado, Tutemés III participou em mais dezesseis campanhas e ganhou todas elas. Por causa de seu registro invicto, ele é muitas vezes referido como "O Napoleão do Egito".


  1. Cline 2000 p. 16-17
  2. Trevor N. Dupuy, Evolution of Weapons and Warfare.
  3. Nelson, Harold Hayden (1913), The Battle of Megiddo, Universidade de Chicago; see also Keegan, John (1993), The History of Warfare. Key Porter Books. ISBN 1-55013-289-X
  4. a b Annals of Thutmosis III from the Louvre web site. Retrieved December 8, 2017.
  5. a b Thutmose III in Encyclopedia Britannica online. Retrieved December 8, 2017.
  6. a b c d e f g h i j k l «Thutmose III at The Battle of Megiddo». Ancient History Encyclopedia. Consultado em 1 de setembro de 2019 
  7. a b c d e f g Knighton, Andrew (10 de dezembro de 2017). «The Battle of Megiddo: The Beginning of Military History». WAR HISTORY ONLINE (em inglês). Consultado em 23 de setembro de 2019