Vache II da Albânia

Vache II | |
---|---|
Rei da Albânia | |
Reinado | 440-461/2 |
Antecessor(a) | Arsvalém |
Sucessor(a) | Vachagã III |
Nascimento | |
Morte | |
Cônjuge | Sobrinha ou irmã de Perozes I |
Dinastia | arsácida |
Pai | Arsvalém |
Mãe | Irmã de Isdigerdes II |
Religião | Cristianismo Zoroastrismo |
Vache II (em armênio: Վաչէ; romaniz.: Vačʻē; m. 470) foi o nono rei do Reino da Albânia, governando de 440 a 461/2.[1][2] Era filho e sucessor de Arsvalém (r. 415–440).
Nome
[editar | editar código-fonte]O nome Vache (Vačʻē) tem origem iraniana e é uma abreviação dos nomes relacionados Vachaque (Վաչակ, Vachak) e Vachagã (Վաչագան, Vačʻagan).[3] Em sua forma longa, deriva do persa médio waččag, que significa "jovem, criança, novato filhote".[4]
Vida
[editar | editar código-fonte]

Vache era filho de Arsvalém (r. 415–440) e a filha do xainxá do Império Sassânida Isdigerdes II (r. 438–457) e em data incerta casou com a sobrinha ou irmã de Perozes I (r. 459–484).[5] Durante a luta dinástica entre os irmãos Perozes e Hormisda III em 457-459, Vache II aproveitou a situação tumultuada e declarou independência.[6] Denunciou o zoroastrismo (ao qual havia se convertido originalmente) e voltou ao cristianismo. Abriu os portões de Chor (Derbente) aos hunos (chamados por Moisés de Dascurã de masságetas) e, com a ajuda deles, atacou o exército sassânida.[7]
Perozes respondeu abrindo o desfiladeiro de Darial aos hunos, que posteriormente devastaram a Albânia. Os dois reis logo entraram em negociações e chegaram a um acordo: Vache II devolveria sua mãe (irmã de Perozes) e filha para Perozes, enquanto receberia em troca as mil famílias que originalmente lhe foram dadas por seu pai como parte da herança. Vache II abdicou posteriormente e se tornou monge, deixando a Albânia sem rei por algumas décadas, até que Vachagã III (r. 485–510) foi instalado no trono pelo irmão e sucessor de Perozes, Balas (r. 484–488).[7] Durante esse período a Albânia esteve sob controle de vice-reis (marzobãs). Em meados dos anos 470, o vitaxa de Gogarena Vasgeno decidiu ir até a corte de Ctesifonte, onde converteu-se ao zoroastrismo. Em recompensa, Perozes lhe deu uma de suas filhas como esposa e o nomeou vice-rei da Albânia, posição que reteve até seu assassinato em 482.[2][8][9]
Se sabe que Vache foi destinatário de uma carta do católico Guiute de Araez (r. 461–478).[10] De acordo com A História do País da Albânia de Moisés de Dascurã, Perozes durante seu reinado ordenou que Vache mandasse construir a cidade de Perozapate ("a cidade de Perozes" ou "Próspero Perozes"). No entanto, isto é improvável, uma vez que o Reino da Albânia foi abolido por Perozes após suprimir a revolta de Vache II.[11] A cidade foi aparentemente fundada pelo próprio Perozes após a remoção da família governante da Albânia.[12]
Referências
- ↑ Gadjiev 2020, p. 33.
- ↑ a b Toumanoff 1963, p. 262-263.
- ↑ Ačaṙyan 1942–1962.
- ↑ Fausto, o Bizantino 1989, p. 418.
- ↑ Gadjiev 2020, p. 32.
- ↑ Schippmann 1999, p. 631–632.
- ↑ a b Chaumont 1985, p. 806–810.
- ↑ Toumanoff 1961, p. 101.
- ↑ Rapp 2014, p. 42 (nota 42).
- ↑ Hacikyan 2000, p. 363.
- ↑ Gadjiev 2017, p. 122–123.
- ↑ Gadjiev 2017, p. 123.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Վաչէ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians] (in Armenian). Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã
- Chaumont, M. L. (1985). «Albania». Enciclopédia Irânica Vol. I, Fasc. 8. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia
- Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard
- Gadjiev, Murtazali (2017). «Construction Activities of Kavād I in Caucasian Albania». Brill. Iran and the Caucasus. 21 (2): 121–131. doi:10.1163/1573384X-20170202
- Gadjiev, Murtazali (2020). «The Chronology of the Arsacid Albanians». In: Hoyland, Robert. From Albania to Arrān: The East Caucasus between the Ancient and Islamic Worlds (ca. 330 BCE–1000 CE). Piscataway, Nova Jérsei: Gorgias Press. pp. 29–35. ISBN 978-1463239886
- Hacikyan, Agop Jack (2000). The Heritage of Armenian Literature: From the Oral Tradition to the Golden Age. Detroit: Wayne State University. ISBN 0-8143-3023-1
- Rapp, Stephen H. (2014). The Sasanian World through Georgian Eyes: Caucasia and the Iranian Commonwealth in Late Antique Georgian Literature. Farnham: Ashgate Publishing, Ltd. ISBN 978-1472425522
- Schippmann, Klaus (1999). «Firuz». Enciclopédia Irânica Vol. IX, Fasc. 6. Nova Iorque: Columbia University Press
- Toumanoff, Cyril (1961). «Introduction to Christian Caucasian History II: States and Dynasties of the Formative Period». Traditio. 17: 1-106
- Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press