Saltar para o conteúdo

Vardanes I Mamicônio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Vardan Mamikonian)
 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Vardanes.
Vardanes I Mamicônio
Morte 365
Etnia Armênio
Progenitores Pai: Amazaspes (?)
Artavasdes II (?)
Religião Catolicismo

Vardanes I (em latim: Vardanes; em grego: Βαρδάνης, Bardánēs; em armênio: Վարդան, Vardan; em parta: *Vardān) foi um príncipe armênio do século IV da família Mamicônio, ativo durante o reinado dos reis Tigranes VII (r. 339–350) e Ársaces II (r. 350–368). Sabe-se que auxiliou os herdeiros de alguns clãs nobres (nacarares) com os quais Tigranes tinha rixas e serviu como emissário de Ársaces a Genelo, seu sobrinho, com quem também teve problemas. No contexto das investidas de Sapor II (r. 309–379), apoiou o partido pró-parta que gostaria que a Armênia fosse incorporada no Império Sassânida.

Nome[editar | editar código-fonte]

Vardanes, Bardanes ou Vardânio (em latim: Vardanius; em grego: Βαρδάνιος, Bardánios[1]) é a latinização do antropônimo em persa médio *Vardān,[2] que pode ter derivado do parta vard-, "rosa", ou do iraniano antigo vard-, "virar".[3] Foi registrado em grego como Bardanes (Βαρδάνης, Bardánēs), Ordanes (Ὀρδάνης, Ordánes), Ordones (Ὀρδωνης, Ordones)[4] e Uardanes (Ouardánes, Οὐαρδάνες);[5] em aramaico de Hatra como Vardã (wrdn); em armênio (Վարդան) como Vardã (Վարդան, Vardan);[4] em georgiano como Vardã (em georgiano: ვარდან, Vardan) e Vardém (ვარდენ, Varden).[2] Durante o Império Bizantino, o nome foi abreviado como Bardas ou Vardas,[6][7] ainda que seja também a helenização do armênio Vard.[8]

Vida[editar | editar código-fonte]

Dinar de Sapor II (r. 309–379)

Segundo Christian Settipani, nasceu por volta de 320 e era filho de Amazaspes, que por sua vez era filho de Artavasdes I, [9] enquanto que para Cyril Toumanoff era filho de Artavasdes II.[10] Em ambos os casos, é irmão de Bassaces I e Baanes, o Apóstata. É citado pela primeira vez quando deu abrigo em Taique a Bassaces e Artavasdes, que resgataram Tatzates Restúnio e Savaspes Arzerúnio do rei Tigranes VII (r. 339–350), que estava obstinado a destruir as famílias Restúnio e Arzerúnio.[11] No tempo de Ársaces II (r. 350–368), os domínios de Vardanes e Bassaces foram restituídos e Vardanes se tornou o novo líder de seu clã.[12] Em 358, esteve na embaixada a Constantinopla na qual foram libertados Genelo e Tirites, os primos do rei, e presentes foram enviados sob os cuidados de Vardanes e os nobres que o acompanharam.[13]

Quando eclodiu a disputa entre Ársaces e Genelo, foi enviado pelo rei para persuadir Genelo a voltar à corte, uma desculpa para que se apresentasse às tropas reais e fosse morto. No encontro, disse: "[O rei] não quer passar a festa de Navasarde sem ti. Está bem disposto e gentil contigo, pois apesar de palavras dos caluniadores, não encontrou nenhum mal em ti. Se convenceu de que era errado te odiar, pois é merecedor de afeição".[14] Mais tarde, no contexto dos conflitos entre romanos e persas pela posse da Armênia, tornou-se líder do partido pró-persa que queria a conquista do país pelo xainxá Sapor II (r. 309–379). Por iniciativa da rainha Paranzém e Bassaces, sua execução foi ordenada pelo rei. Ele foi morto no castelo de Eracani, talvez em cerca de 365.[9] Nisso, Bassaces tornou-se assim o líder de sua família.[15]

Posteridade[editar | editar código-fonte]

Segundo Cyril Toumanoff, Vardanes era pai de:[10]

Christian Settipani não menciona Sanductes, mas especula uma outra filha, Vardanois (Vardanoyš), esposa de Manuel Mamicônio.[9]

Referências

  1. Lilie 2013, #770 Bardanios.
  2. a b Ačaṙyan 1942–1962, p. 74.
  3. Fausto, o Bizantino 1989, p. 425.
  4. a b Marcato 2018, p. 55.
  5. Martindale 1992, p. 1365.
  6. Ana Comnena 1882, p. 70.
  7. Lilie 2013, #773 Bardas.
  8. Justi 1895, p. 350-351.
  9. a b c Settipani 2006, p. 131-132.
  10. a b Toumanoff 1990, p. 329-330.
  11. Grousset 1947, p. 133.
  12. Grousset 1947, p. 134.
  13. Fausto, o Bizantino 1989, 132-133 (IV.11).
  14. Fausto, o Bizantino 1989, 140-141 (IV.15).
  15. Grousset 1947, p. 137-139.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Վարդան». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians] (in Armenian). Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Ana Comnena (1882). Hovgård, O. A., ed. Alexíada. Copenhague: Karl Schønsberg 
  • Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard 
  • Grousset, René (1947). História da Armênia das origens à 1071. Paris: Payot 
  • Justi, Ferdinand (1895). «Wardān». Iranisches Namenbuch. Marburgo: N. G. Elwertsche Verlagsbuchhandlung 
  • Lilie, Ralph-Johannes; Ludwig, Claudia; Zielke, Beate et al. (2013). Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit Online. Berlim-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften: Nach Vorarbeiten F. Winkelmanns erstellt 
  • Marcato, Enrico (2018). Personal Names in the Aramaic Inscriptions of Hatra. Veneza: Edizioni Ca' Foscari. ISBN 9788869692314 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Vardan Mamokonian». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20160-8 
  • Settipani, Christian (2006). Continuité des élites à Byzance durant les siècles obscurs les princes caucasiens et lempire du VIe au IXe siècle. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8 
  • Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle : Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila