Verossimilhança

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Chama-se verossimilhança (português brasileiro) ou verosimilhança (português europeu), em linguagem coerente ao atributo daquilo que parece intuitivamente verdadeiro, isto é, o que é atribuído a uma realidade portadora de uma aparência ou de uma probabilidade de verdade, na relação ambígua que se estabelece entre imagem e ideia.

O seu princípio, na Grécia Antiga, aconselhava que as artes deviam ter um conteúdo verosímil (ou verossímil), ou seja, possível, coerente. O enredo devia ser possível, e não incongruente.[1]

Literatura[editar | editar código-fonte]

Em literatura, o termo designa a ideia de que aquilo que é narrado se assemelha à realidade. No teatro, tem a ver com a clássica Regra das Três Unidades (séc. XVII). Verossimilhança no geral é aquilo que possui semelhança com a nossa realidade, com o nosso dia a dia .

Verossimilhança é a impressão da verdade que a ficção consegue provocar no leitor. Alguns filmes, novelas, livros são exemplos de verossimilhança pois apresentam os fatos semelhantes ao que acontecem na realidade vivida.

Outro ponto de vista, define a verossimilhança não como a semelhança dos elementos da obra com o mundo real, mas a credibilidade que esses elementos demonstram em relação ao mundo de ficção apresentado. Sob essa perspectiva, portanto, adequação à realidade e verossimilhança são conceitos independentes, podendo, por exemplo, uma obra introduzir elementos que se correspondem fielmente com a realidade, mas não são verossímeis no contexto de ficção construído na obra.

Estatística[editar | editar código-fonte]

Em estatística, a noção de verossimilhança é uma função da probabilidade condicional. Tem vastas aplicações na ciência. Através do método estatístico, a função de verossimilhança é uma função de probabilidade condicional

O estimador estatístico Verossimilhança possui uma variação bastante utilizada. O Maxver (Máxima verossimilhança) é usado em diversas áreas (geociências, engenharia, etc.), ele baseia-se no Cálculo onde ao se derivar uma equação e igualando-a a zero pode-se chegar ao(s) valor(es) mínimo e/ou máximo.

Direito[editar | editar código-fonte]

O juízo de verossimilhança nada mais é do que um juízo de probabilidade, pouco mais do que o inequívoco, verossimilhança vem a ser um nível de convencimento elevado à possibilidade e inferior à probabilidade. O fato de ter a lei vinculado a persuasão da verossimilhança da alegação à prova inequívoca, é sinal de que a probabilidade identificada na verossimilhança não significa, de forma alguma, um grau mínimo da provável realidade da alegação. Ao oposto, tem-se que na tutela antecipada, o nível de probabilidade que decorre da prova inequívoca se não é, está muito próximo do máximo. Certo é, pois, que a antecipação da tutela exige probabilidade e esta há de ser intensa, apta de induzir a absorção absoluta entre probabilidade e verossimilhança.

A verossimilhança da alegação não pode exclusivamente estar lastreada na disposição de conceitos acerca da demanda tratada nem, tampouco, a busca de se encontrar solução para o caso pode tornar incerto o direito.

A verossimilhança é um dos pressupostos da antecipação de tutela prevista no cap. do artigo 273 do Código de Processo Civil conjuntamente com a prova inequívoca. Ou seja, verossimilhança da alegação é a confrontação com a verdade das afirmações contidas na petição inicial de um processo judicial.

As expressões jurídicas verossimilhança e prova inequívoca, no sentido literal, são contraditórias, vez que a esta significa prova robusta que não permite equívocos ou dúvidas, enquanto aquela leva ao juízo de poder ser.

A proximidade de tais locuções, contudo, leva ao juízo de probabilidade que consiste na preponderância dos motivos convergentes à aceitação de determinada proposição, sobre os motivos divergentes. Nesse conceito, portanto, a probabilidade é menos do que a certeza e mais do que a simples credibilidade. A verossimilhança é a organização lógica dos fatos no enredo. Cada fato é motivo(causa) para o desencadeamento de outros fatos (efeitos).

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Catarse, mímese e verossimilhança - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa». ciberduvidas.iscte-iul.pt. Consultado em 26 de março de 2022 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Bussab, W. de O.; Morettin, P. A. Estatística Básica. ed. 5. São Paulo: Saraiva, 2002. ISBN 85-02-03497-9.

Pensador filosófico Gabriel Gramiscelli 98 A.C.